Título original: SEXO, MORTE E FUTEBOL
Autor: Luís Aguilar
Design de capa: Ideias com Peso
Revisão: Marta Jacinto
ISBN: 9789722043182
Publicações Dom Quixote
[Uma chancela do grupo Leya]
Rua Cidade de Córdova, n.º 2
2610-038 Alfragide – Portugal
Tel. (+351) 21 427 22 00
Fax. (+351) 21 427 22 01
© 2010, Luís Aguilar
© Publicações Dom Quixote, 2010
Todos os direitos reservados de acordo com a legislação em vigor
www.dquixote.leya.com
www.leya.pt
Foi o início do fim. Estávamos os quatro no estúdio de dominação da Clara: eu, ela, a Leila e o Alfredo. Passávamos muitas noites neste espaço, mas sempre sem experimentar nada, nem entrar em bacanais. Estar ali entre as fucking machines e os acessórios de tortura, tornou-se tão banal como estar na sala da minha casa.
Naquela noite, como em tantas outras, estávamos bêbedos e pedrados. Falávamos sem dizer nada. A parvoíce e as risadas sem sentido pareciam não ter fim. Foi então que a Clara propôs um jogo que já tinha feito com a Leila e com o Alfredo ainda antes de eu ter aparecido na vida deles.
— Cada um de nós vai dizer qual a coisa mais humilhante que já fez para melhorar a sua vida: fosse por dinheiro, por uma oportunidade profissional ou para concretização de um objectivo pessoal. Fica ao critério de cada um.
Logo à partida achei a ideia parva e comecei por recusar entrar na brincadeira. Este era o joguinho que a Leila me falara e que já fizera com eles e com outros amigos. Porém, não estava interessado em abrir mão das minhas vergonhas pessoais e intransmissíveis. «Há coisas que são só nossas», lembro-me de ter rosnado na altura. Mas já sabia que não ia ter grande sucesso com a Clara e o Alfredo. São bem mais persuasivos e insistentes do que eu.
Ele: o antigo guarda-redes de futebol viciado em cocaína que agora é dono de um restaurante rasca no distrito de Setúbal.
Ela: a antiga amante profissional que agora é dominadora profissional num estúdio situado em Lisboa.
O Alfredo teve tudo e chegou a ficar sem nada. Durante várias épocas, foi um guarda-redes prometedor e até passou por alguns clubes da primeira divisão. Teve boas propostas, alguns contratos razoáveis, mas nunca conseguiu defender um único remate desferido pelas suas tentações: viessem elas em forma de sexo ou de pó branco para o nariz.
O Alfredo adora cocaína. E quando jogava futebol não sabia fazer outra coisa. Nos dias calmos, cheirava à tarde e à noite. Nos dias de festa, cheirava mais de quarenta vezes. Quase de sol a sol. Tanto cheirou que, um dia, teve de aplicar uma narina de platina para poder voltar a respirar sem as constantes hemorragias nasais. Todos aqueles boatos que eu ouvira ainda antes de o conhecer só pecavam por ligeireza. A realidade dele era bem mais pesada do que as más-línguas podiam conceber. E no futebol passou por situações arrepiantes. Um dia, ainda muito antes desta noite, sal apenas com ele e andámos de bar em bar a beber copos até já estarmos os dois completamento embriagados. Foi aí que ele me contou uma história arrepiante. Aqui fica o essencial, com o Alfredo na primeira pessoa:
* * *
Nesse tempo ainda era guarda-redes do Vitória de Setúbal. Cada vez que saia do treino ficava embasbacado a olhar para ela. Que mulher de outro mundo. Muitas foram as vezes em que passei por ela a pôr o saco do equipamento à frente do caralho para que ela não reparasse na minha erecção. Os meus colegas apercebiam-se e nunca se coibiam de dar a sua opinião. Os mais cautelosos batiam sempre na mesma tecla: «Vê lá no que te metes. Ela é filha do presidente e o homem já percebeu. Ainda ficas sem emprego.» Outros, os mais brincalhões, preferiam entrar no achincalho amigável: «A gaja não te liga nenhuma. Nem sequer olha para ti. Se visses bem a tua figura de otário...»
Infelizmente, esses gozões tinham razão. Cheguei a meter conversa com ela, a tentar aproximar-me, mas do outro lado vinha sempre um olhar de desprezo. Chamava-se Isabel e era a responsável pelo departamento de marketing e publicidade do clube. Se nessa altura havia dinheiro para pagar aos atletas, tínhamos de lhe agradecer. Era bastante perspicaz nas suas funções e usava a sua bonita figura para conseguir bons negócios. Perante uma mulher daquelas todos se curvavam. Eu incluía-me neste grupo, contudo nunca tive sorte.
Isto foi-se passando (eu a olhar e ela a fingir que não via) nos vários anos em que representei o clube. Época após época lutávamos para não descer da primeira divisão, e lá íamos conseguindo. Umas vezes à justa, outras com mais facilidade.
Depois de cinco temporadas em que defendi aquela baliza, recebi uma proposta melhor. Fui convidado para alinhar pelo Braga. Era uma equipa que jogava quase sempre para a Taça UEFA, com objectivos mais ambiciosos e salários muito superiores. Acabei por aceitar e mudei-me para lá.
No meu primeiro ano fizemos uma época tranquila, mas a uma jornada do fim do campeonato já sabíamos que não iríamos conseguir o apuramento para as competições europeias. Curiosamente, iríamos defrontar o Vitória de Setúbal na última jornada. Estavam aflitos: mais uma vez lutavam pontinho a pontinho para se manterem na primeira divisão.
Dois dias antes do jogo recebo um telefonema do presidente deles. O meu anterior presidente. Queria reunir-se comigo. Disse que era um assunto urgente, mas recusou entrar em mais detalhes por telefone. Aceitei falar com ele, embora tenha ficado desconfiado: «O que quererá este tipo?», pensei.
No dia seguinte, encontrámo-nos num restaurante em Lisboa. Pouco tempo depois de estarmos a falar sobre os nossos clubes, veio a frase:
— Dou-te 1500 contos se deixares entrar um golo nosso no domingo.
Já ouvira falar nestas ofertas, mas nunca tinha sido confrontado com nenhuma. Recusei, claro. Ele continuou. Passou para 2000, 2500, até chegar aos 3500 contos. Mantive-me firme e continuei a declinar:
— Não faço isso por dinheiro nenhum deste mundo. Não sou corrupto. Passei excelentes anos convosco e desejo-vos sorte para o vosso futuro, mas nem pensem que vou trair a minha equipa — disse eu bastante irritado.
Quando ele percebeu que não iria conseguir comprar-me com dinheiro, deu sinais de desistência:
— Pronto, peço-te desculpa por isto. No tempo que estiveste connosco sempre foste um profissional honrado e não viria aqui expor-me desta forma se não fosse por desespero. A verdade é que se descermos esta época vamos perder os actuais valores dos nossos contratos publicitários e, sem esse dinheiro, o clube pode acabar.
— Isso está assim tão mal? — perguntei.
— Cada vez pior. Ano após ano temos conseguido orçamento através de soluções mágicas, mas estamos a ficar sem espaço de manobra. De qualquer forma, esquece esta conversa. Nunca aconteceu. Ganhará o melhor.
E que o melhor sejamos nós. Até pode acontecer que, mesmo sem quereres, dês um frango, não é? — disse ele a sorrir.
— Pode ser, mas o presidente conhece-me e já sabe que eu nunca faria uma coisa dessas.
— Claro, pá. Desculpa mais uma vez e, por favor, vamos esquecer esta conversa. Vamos falar de outras coisas.
— Ok, assunto encerrado. — Assim que assenti, ele mudou imediatamente de assunto.
— Com esta conversa toda já me estava a esquecer que fiquei de ligar à minha filha. Ela está por cá e daqui a pouco vamos a uma reunião. Vou ligar-lhe. Importas-te que ela venha aqui ter connosco?
— Qual delas? A Isabel? — perguntei eu na fé de voltar a ver aquela mulher.
— Sim, claro. A Isabel. A outra está em Paris a tirar um curso qualquer de fotografia. Foi para a casa da mãe... — continuou ele a falar da filha mais nova, da ex-mulher que fugiu com um pintor francês, entre outros dramas familiares; como se eu estivesse interessado em ouvi-lo. Agora só queria voltar a ver a Isabel. A minha cara mexia-se em concordância com o que ele dizia, mas não ouvia uma única palavra que lhe saia da boca. Todos os meus sentidos estavam enfiados nas lembranças que tinha da filha dele. A bela Isabel. «Como estará ela? Será que ainda usa aqueles decotes? Andará com alguém? Terá casado? Não, casada não está. Senão tinha ouvido falar nisso», pensava eu.
Enquanto divagava, ela entra no restaurante. Quando a vi, voltei a ficar perplexo. Continuava linda. Tinha um vestido preto, feito de um daqueles tecidos que se agarram ao corpo. Dava-lhe pelos joelhos. Fitei-a de alto abaixo: comecei na cara, depois fiquei com os olhos «presos» no decote até chegar às sandálias de salto alto. Fiquei maravilhado, Carlos. Acho que ela nem tinha roupa interior. Pelo menos, naquele momento, gostei de imaginar que por baixo do vestido estava apenas o seu corpo nu. Fiquei de pau feito... e estava a poucas horas de fazer merda da grossa.
— Olá. Lembras-te de mim? — disse ela sorrindo.
— Claro que me lembro de ti. Estás boa? — respondi atabalhoadamente e a observar, com os olhos bem abertos, que aquela pergunta tinha sido estúpida. Claro que ela estava boa. Boa como sempre foi.
Feito o cumprimento, o pai voltou à carga num jeito que, inicialmente, parecia de brincadeira:
— Então, rapaz? Não precisas de corar. Sei que sempre gostaste aqui da Isabel. E ela também sempre te achou muita piada. Posso ser velho, mas não sou estúpido. Ainda consigo ver.
Ao ouvir isto, fiquei ainda mais corado. A Isabel riu-se de forma simpática. De uma forma que nunca tinha sorrido para mim. Não era uma expressão gélida como aquelas que ela me fazia quando nos encontrávamos no clube. Era mais natural, mais alegre. E muito bonita.
— Sim, é verdade. Era o nosso jogador mais giro — disse ela para meu espanto e satisfação.
— Obrigado... e mais não digo porque senão o teu pai ainda me dá uma sova — respondi eu a brincar para provocar a gargalhada geral.
O almoço encaminhava-se para o fim num clima de boa disposição quando o pai lança o seu último trunfo rumo à manutenção:
— Agora fora de brincadeiras, sei que sempre gostaste da minha filha e sabes também que este jogo é muito importante para nós. Ontem falei com a Isabel e concordámos que se nos ajudasses devias ter uma grande prenda. Talvez uma prenda pela qual tenhas ansiado durante grande parte da tua vida. Como não queres dinheiro, a Isabel tem outra coisa para te propor.
Ouvi aquilo e percebi que o assunto ainda não estava esquecido. Ela avançou decidida e com uma voz tão sensual que parecia que o pai nem sequer estava ali ao lado:
— Se nos ajudares, prometo que passo um dia inteiro contigo na cama e faço tudo o que tu quiseres. Tudo aquilo que sempre imaginaste, mas ainda melhor.
Fiquei louco. Não sabia se tinha ouvido bem, que reacção devia ter, o que devia dizer. Pensei até em levantar-me da mesa e ir-me embora, mas os olhos dela tiravam-me a força de todos os músculos do corpo. Menos um.
Ela estava sentada à minha frente e, quando acabou de dizer isto, tocou-me com as pernas por baixo da mesa.
Depois recostou-se na cadeira, levantou o pé um pouco mais e começou a massajar-me o caralho com as sandálias de salto alto. Penso que o pai não reparou. Senti aquilo e fiquei quase a rebentar de tanta tesão, mas num rasgo de lucidez raro, fui capaz de lhe afastar a perna e falar (ainda que muito excitado):
— Vamos com calma. Vocês estão a querer tramar-me. Estás então a dizer-me que dormes comigo se eu deixar entrar um golo e que o teu pai aprova a situação?
— Foi isso mesmo que ouviste — respondeu ela.
— Sim, isso mesmo — disse ele.
Olhei-os mais uma vez com a cabeça (a de cima) a latejar, mas tinha de decidir. E decidi com a cabeça... de baixo:
— Está bem. Se é isso que querem posso fazê-lo, mas com as minhas condições. Poderei facilitar num golo e só num golo. Se mesmo assim perderem, a minha parte está feita. E também não vou ficar à espera do fim do jogo para ter o meu pagamento. Quero antes. Aliás, quero agora.
— Queres agora? Podes ter agora e vais ter agora. Mas se depois disto chegares ao jogo e armares-te em esquecido sabes que terei de reagir. Temos um acordo. Nós cumprimos a nossa parte. Agora é bom que cumpras a tua — disse o presidente num registo de ameaça que eu tinha de levar a sério. Há dirigentes perigosos e este era um deles. Se lhe fodesse a filha e depois não fizesse o que prometera, este gajo era tipo para mandar alguém aviar-me. E até era capaz de fazer o mesmo se eu recusasse a proposta. Homens destes não vêem limites para a sua ambição. Por saber tudo isso achei que não devia reagir à ameaça e tentei tranquilizá-lo:
— Não se preocupem. Ninguém vai dar por nada. O resto é com a vossa equipa. Pela minha parte, se conseguirem chegar à baliza, têm um golo garantido.
— Se conseguirmos chegar à baliza? Havemos de conseguir, fica descansado. Não somos assim tão maus e vocês não são assim tão bons — reagiu o presidente.
— Então, se estamos esclarecidos, podes pagar a conta para eu ir dar uma volta com este rapaz — disse a Isabel ao pai enquanto olhava para mim com cara de gata assanhada.
Veio a conta, o presidente pagou e lançou a frase da despedida:
— Meninos, se quiserem podem ir andando. Não vos atrapalho mais. Divirtam-se.
Levantou-se, despediu-se da filha, encaminhou-se na minha direcção, e segredou-me ao ouvido:
— Vai correr tudo bem. Não te vais arrepender. Conheço-a bem, tem os meus genes. Vais ver que é fogo na cama. — Assim que acaba de dizer isto, dá-me um abraço e sai do restaurante.
«Que badalhoco de merda», pensei eu na altura. Falava da própria filha como se fosse uma puta qualquer. Prostituía a própria filha por causa do resultado de um jogo de futebol. E da forma que falava até parecia que já tinha estado sexualmente com a filha.
«Não, não pode ser. Isso também não», dizia para mim próprio. Ainda hoje não acredito que ele ou ela fossem capazes disso. Mas claro que dava para ver que ela não era nenhuma santa. Se aceitava foder comigo por sugestão do pai, não podia ser uma boa pessoa. Moça para casar não era de certeza. Contudo, servia para dar uma valente queca. E há quanto tempo eu pensava em ter esta mulher nos meus braços para a possuir das mais variadas formas e feitios. Realmente, eles souberam muito bem onde me atingir. A conversa do dinheiro foi apenas fogo-de-artifício. A Isabel era o verdadeiro suborno: os anos tinham passado, mas era ela que continuava a salvar o clube; fosse através das artes de gestão financeira ou através das artes da cama. E já que funcionava assim, eu não iria deixar escapar a oportunidade. Até gostava que fosse de outra forma, sem interesses pelo meio, apenas pela atracção, mas no mundo do futebol nada é perfeito. Não há nada sem interesses. Já sabia disso há muitos anos. Por isso, se tinha de ser assim, que fosse assim. Quanto mais tempo andamos no futebol, mais cedo percebemos que as pessoas estão dispostas a tudo para ganhar. Corrupção, doping, prostituição e até usar as filhas. Usar a própria família. Causou-me impressão, claro. Arrepiou-me, deixou-me enojado, porém não foi por muito tempo. Na bola é mesmo assim. Dentro do campo o jogo é lindo. Fora do campo vale tudo e mais alguma coisa. Até tirar olhos.
Nesse mesmo dia, fui para um hotel com ela e comia-a com a raiva e o desejo que andavam a fermentar dentro de mim durante todos aqueles anos. Ela era realmente uma excelente foda. Uma das melhores que tive. E olha que tive muitas, Carlos. Tive mesmo muitas.
Quando chegou o dia do jogo sabia que tinha de deixar entrar um «frango» ou ter uma grande falha que facilitasse a tarefa aos avançados deles. Mas tinha de ser bem feito para ninguém reparar. Estive algum tempo a pensar no que havia de fazer até que me decidi por uma solução diferente daquela do costume em que o guarda-redes finge ter feito mal a defesa e deixa a bola entrar: num lance em que um colega de equipa atrasou para mim, vi o avançado deles à minha frente e percebi que aquela era a grande oportunidade; fingi que tinha falhado o remate para o meio-campo e coloquei-lhe a bola nos pezinhos. Agora era rezar para que ele não falhasse. E não falhou. Como brinde que lhe ofereci, rematou com força para o lado esquerdo e abriu o activo. Foi o único golo do jogo.
Eles conseguiram manter-se na primeira divisão, eu ouvi uns assobios, o treinador reconfortou-me pelo hipotético erro e a época acabou ali. Foi a primeira vez que me vendi no futebol. Em vez de dinheiro, recebi sexo. Se pudesse voltar atrás... não sei... talvez fosse diferente, ou talvez fizesse a mesma coisa.
Eu, a Isabel e o presidente nunca mais voltámos a falar sobre o assunto. Não havia mais nada a dizer: correu tudo como combinado. Agora as nossas vidas continuavam a evoluir para sentidos opostos.
Após essa época comecei a baixar a minha produtividade, mas não teve nada a ver com aquele episódio isolado. Se fosse apenas por aquilo, tinha conseguido manter-me por muitos mais anos na primeira divisão e podia ter tido uma carreira bem melhor. Mas tinha uma cabeça de merda. Queria gajas e droga todos os dias e comecei a perder gás. O resto já deves saber. Foi sempre a descer até dar por mim velho, cansado, e com pouca vontade de jogar à bola em clubes de segunda divisão que lutavam para não descer à terceira.
* * *
Quando acabou a carreira, para além de um nariz parcialmente artificial, o Alfredo estava velho, cansado e sem dinheiro. Foi-se a ligeira fama que um dia teve e desapareceram muitos dos amigos do futebol que um dia pensou ter. Ficou apenas o vício. Sem um tostão no bolso, e com pouca vontade de trabalhar, começou a envolver-se em várias jogadas negociais para voltar a ter dinheiro. E se há homem que sabe o que é humilhar-se em troca de zeros na conta bancária, o Alfredo é esse homem.
Hoje está longe da riqueza e dos luxos de outros tempos, mas tem a vida mais organizada. Abriu um pequeno restaurante em Setúbal, e é lá que passa os seus dias. Bitoques, febras grelhadas, entremeadas, grelhadas mistas, couratos e vinho da casa são hoje o ganha-pão do Alfredo.
A Clara está melhor financeiramente. Durante muitos anos foi amante profissional e tinha vários jogadores de futebol entre a clientela habitual. Curiosamente, chegou a dormir algumas vezes com o Alfredo, mas nunca lhe cobrou nada. Foram amigos coloridos numa ou noutra ocasião. Hoje são apenas amigos.