Título original: Los hombres (a veces, por desgracia) siempre vuelven
Título: Os homens (às vezes, infelizmente) voltam sempre
Autor: Penélope Parker c/o Guillermo Schavelzon
Design de capa:Ideias com Peso
Revisão: L. Rodrigues Coelho
ISBN: 9789722044455
LIVROS D’HOJE
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A primeira vez que vi Penélope Parker, estava ela sentada num tamborete de um pequeno mercado de Xangai. Rodeada por uma nuvem de vendedores chineses, regateava com entusiasmo o preço de alguns qipaos de seda. Nós apresentámo-nos de seguida, duas mulheres ocidentais praticamente da mesma idade. Mais tarde, eu soube que ela estava na China a reunir informações para um livro, o mesmo que agora tenho a satisfação de apresentar.
Pouco depois deste primeiro encontro, deparei com ela em Paris. Ainda me lembro do enorme esforço que tive de fazer para ser cortês ao aceitar o convite para ir visitá-la ao hotel. O meu marido acabara de me abandonar depois de seis anos de casamento, e, ainda que eu tenha comparecido ao encontro decidida a não falar nesse assunto, naquela noite acabei a desabafar com ela. Falei-lhe da minha frustração por não ter tido a coragem de dizer tudo o que eu pensava dele. Contei-lhe também que continuava apaixonada e que não sabia como iria voltar a ser feliz. «Não se preocupe – disse-me ela, enquanto remexia um martini com um raminho de endro –, tenho a certeza de que voltará a vê-lo. Ele voltará, ainda que você não queira; mesmo que não se importe mais com isso. Acredite em mim, Claire, os homens – às vezes, infelizmente – voltam sempre.» Naquele momento sorri, pedi outro martini e, claro, não acreditei nela.
Meses depois daquela conversa, fui obrigada a viajar para o Brasil por algumas semanas. Ao partir, deixei gravada no atendedor de chamadas da minha casa uma mensagem com o endereço do meu hotel no Rio de Janeiro, ainda que a minha família e os meus amigos soubessem perfeitamente como me localizar. Agora que tudo já passou, não me importo de reconhecer a razão por que fiz aquilo. Sabia que a minha estada no Brasil coincidiria com o meu aniversário, o de número 33, o primeiro sem o meu marido. Por qualquer motivo, naquele instante, lembrei-me das palavras de Penélope. Não sabia explicar porquê, mas logo ficou claro que, se havia um momento para ele reaparecer, era aquele.
Por este motivo, quando na madrugada do meu aniversário regressei ao hotel e vi uma luz vermelha a piscar no telefone, pensei que estava a sonhar. Sentada na cama, a milhares de quilómetros de casa, tive por fim a confirmação do que havia ouvido em Paris. Depois de onze meses de silêncio, ali estava ele, desesperado, a tentar explicar pelo atendedor de chamadas o quanto sentia a minha falta e o quanto desejava voltar a ver-me. Quando a mensagem terminou, peguei no telefone, chamei o serviço de quartos e pedi uma garrafa de champanhe gelado. Depois, atirei-me para a cama, levantei o auscultador e liguei para Penélope Parker.
Claire Vassé
Praga, 15 de Janeiro de 2005
Examinai tudo e ficai com o que é bom.
PAULO DE TARSO, 1 Ts: 5,21
Certo dia de Abril, enquanto comia sem vontade uma salada de fruta ao pequeno-almoço na minha suite do Hotel Negresco, em Nice, fiz uma das descobertas mais importantes da minha vida. Naquela manhã, depois de relembrar mentalmente os rompimentos amorosos que eu tinha vivido até então e de enfrentar a aterradora ideia de que teria de acrescentar mais um à lista, apercebi-me de que ninguém, absolutamente ninguém, me poderia dizer o que eu precisava de ouvir naquelas circunstâncias.
A princípio, não me rendi às evidências e, como em ocasiões anteriores, percorri as livrarias de meio mundo em busca de respostas. Foi um esforço inútil. Como muitas outras pessoas na minha situação, acabei por descobrir que todos aqueles volumes seguiam um mesmo padrão. Obra após obra, capítulo após capítulo, psicólogos e terapeutas de todas as escolas e nacionalidades falavam acerca da melhor forma de superar uma separação, sem sequer variarem uma linha. Primeiro, descreviam a fase do luto; depois, a aceitação da dor e, por fim, o temível momento de deixar tudo para trás.
O problema é que nenhum daqueles eruditos parecia estar consciente de um pormenor fundamental. Eu simplesmente não queria deixar tudo para trás. Por alguma estranha razão, o que eu queria era precisamente o contrário: que ele voltasse já, sem demora, e quanto antes, melhor. O que eu precisava na verdade, admiti, certa tarde, ao sair de uma velha livraria num subúrbio da Cidade do Cabo, era de um manual de instruções que me explicasse como, quando e porque é que ele ia regressar.
O passo seguinte foi mais simples. Abandonei o meu trabalho durante um tempo, tranquei-me na velha casa de campo dos Parkers e comecei a trabalhar num método próprio de actuação. Durante mais de um ano, reflecti sobre as minhas experiências amorosas e as de dezenas de mulheres de diferentes nacionalidades, idades e profissões que me brindaram com as suas histórias e depositaram a sua confiança em mim.
De todas essas histórias e de todas essas confidências, tirei uma conclusão. Depois, elaborei um método: o método Parker.
A conclusão, que se resume no título desta obra, é a de que os homens que abandonam as suas companheiras voltam sempre e invariavelmente se se verificarem duas condições: a primeira é que os tenhamos deixado partir sem pressões nem reprimendas; a segunda, que a mulher abandonada seja suficientemente forte e esteja decidida a refazer a sua vida.
O método para conseguir que ocorram estas condições nutre-se de grandes doses de auto-estima, resistência, disciplina e estratégia. Ambos, conclusão e método, estão reunidos neste livro, acompanhados de casos práticos.
Antes de terminar estas linhas, quero confessar-vos algo. Ninguém me ensinou em aula alguma o que vou explicar nesta obra. A minha passagem pela universidade foi uma grande ajuda num sem-número de ocasiões, mas jamais serviu para resolver a minha vida sentimental. Devo advertir-vos também do que este livro não é. Este livro não é uma receita mágica e muito menos um tratado pedagógico. Não solucionará por si só o seu problema de auto-estima, tão-pouco resolverá os seus conflitos com o corpo, as suas batalhas com os homens ou a sua tendência para a autocomiseração.
Este livro não é mais do que uma simples ferramenta, mas, se fizerem o esforço de aprender a utilizá-la, verão como pouco a pouco o vosso mapa-múndi começará a mudar. Onde agora está o Norte, no futuro encontrarão o Sul; onde antes estava o Leste, agora verão o Oeste. O objectivo deste livro é conseguir alterar o seu atlas sentimental.
Se estiverem dispostas, levantem a cabeça, respirem fundo e sigam-me.
Vocês tornar-se-ão verdadeiras miúdas Parker.