Título original: Kabbalistic Astrology
Título: Astrologia Cabalística
Autor: Cabalista Rav P. S. Berg
Design de capa: Atelier Henrique Cayatte
Revisão: Cristina Pereira
ISBN: 9789722044479
LIVROS D’HOJE
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Na imensidão do espaço cósmico e na infinidade de vidas
passadas, é uma bênção para mim partilhar uma alma
gémea e a era de Aquário contigo.
Para o Rav e a Karen,
Canais da Luz para o mundo inteiro.
A Cabala é a mais antiga tradição de conhecimentos secretos do mundo. Desde os primeiros dias da criação, foi transmitida directamente de Deus para Adão, Abraão, Sara, Raquel, Moisés e os outros patriarcas e matriarcas bíblicos. A Cabala é anterior a qualquer religião ou organização secular. É a herança e o direito à nascença de toda a humanidade.
Traduzida literalmente, a palavra hebraica «Cabala» significa «receber». Portanto, a Cabala é o estudo do que realmente significa receber, tanto espiritualmente como nos níveis práticos da existência. A Cabala revela-nos como as coisas acontecem e, mais importante do que isso, porque sucedem, em todas as áreas da nossa vida e, inclusive, nas dimensões que existem para além da nossa existência física.
Ainda que os cabalistas falem de Mundos Superiores e dos mais Altos Reinos, a Cabala não concebe o Céu como um lugar que se encontra lá em cima no firmamento.
Define o Paraíso, não pela sua altitude física, mas pelo seu elevado poder espiritual e consciência. A Luz do Criador está em toda a parte: em nós mesmos e em outros seres humanos, nas árvores, nos animais e, inclusive, em objectos inanimados.
Portanto, o nosso propósito na vida não é invocar a Luz do Céu, mas acender as chispas de Luz que já cá estão. A Cabala não exige nenhuma doutrina nem formação religiosa para fazer com que isso aconteça. Ligarmo-nos à Luz é algo que podemos fazer imediatamente.
Literalmente, tudo o que fazemos é uma oportunidade para lograr esse propósito, e, em especial, a leitura que fizeres neste momento destas palavras, é uma importante oportunidade. Se este livro é a tua primeira introdução à Cabala, vais conseguir ferramentas muito poderosas para melhorar a tua vida e a de todos os que conheces. Se já estás familiarizado com a sabedoria da Cabala, os próximos capítulos proporcionar-te-ão conhecimentos práticos e espirituais para aprofundares a tua compreensão. Independentemente de quem és e da razão pela qual decidiste abrir este livro, o conhecimento antigo da Cabala é um presente do Criador para ti e para toda a humanidade. Este livro foi criado para te ajudar a desfrutar este presente ao máximo.
Uma pergunta rápida aos nossos leitores masculinos: recordam-se do momento exacto em que, sendo jovens, a vossa voz mudou repentinamente e descobriram que falavam várias oitavas abaixo, relativamente ao dia anterior?
Leitoras femininas: recordam-se do momento exacto em que a suave pele do vosso rosto se encheu de manchas? Tiveram de começar a usar cremes para o acne e a lavar a cara com sabonetes caros que penetraram nos poros e os limparam.
Talvez nos recordemos do mês, do dia ou do momento exacto em que essas mudanças ocorreram, mas essa informação já era conhecida, estava gravada no ADN das nossas células. Estava programada nos nossos genes no instante em que chegámos a este mundo.
O mesmo acontece com a cor do nosso cabelo, com o tamanho da nossa cintura e com a nossa predisposição para contrair determinadas doenças que podem aparecer repentinamente ao longo da nossa vida. Todas as nossas características e singularidades físicas são determinadas e governadas pelos nossos genes. É a informação codificada no ADN que determina as características de todos os seres vivos.
O ADN é uma «linguagem» genética formada com alfabeto próprio. Em finais dos anos 50, os biólogos decifraram o código da vida e descobriram o alfabeto genético. Esse alfabeto é composto por quatro «letras»: ATCG. Essas «letras» referem-se a quatro classes diferentes de nucleótidos, que se traduzem em
20 aminoácidos, os blocos com que se constroem as proteínas. As moléculas proteicas são as que nos convertem, a mim e a ti, em «matéria viva».
Os quatro nucleótidos combinam-se para criar «palavras» e «frases» que compõem o código genético de um indivíduo. Cada pessoa tem cerca de três biliões de «letras» no seu código genético particular. As diferenças entre as pessoas dependem das combinações e sequências das suas quatro «letras» ou nucleótidos.
Portanto, tudo o que somos, na realidade, é um conjunto de símbolos químicos vivos. Somos estruturados alfabeticamente.
Assim como o corpo contém o ADN, o mesmo acontece com a alma humana. Tal como o ADN celular indica com precisão o desenvolvimento do nosso corpo ao longo da nossa vida, o ADN das nossas almas determina o nosso desenvolvimento emocional e espiritual; outra coisa ainda mais notável: o nosso ADN espiritual também se exprime através de letras, como descobriremos nas páginas deste livro.
Herdámos a nossa programação genética dos nossos pais. Recebemos da mãe e do pai as diversas características físicas, que estão registadas no nosso código genético. Mas como adquirimos o ADN espiritual da nossa alma? Donde vem? Como sabemos sequer que existe? Qual é o papel que o ADN espiritual desempenha na nossa vida? E mais importante ainda: podemos alterar o nosso ADN espiritual?
Talvez o primeiro geneticista do mundo tenha sido Abraão, o Patriarca, que viveu há cerca de 4000 anos. Provavelmente, é mais conhecido por ser o fundador de três grandes religiões: judaísmo, islamismo e cristianismo. Também compôs o Sefer Yetsirá ou Livro da Criação. Nele, Abraão apresenta o plano da sabedoria cabalística, uma estrutura metafísica conhecida como as Fez Sefirot ou Dez Emanações Luminosas. Usando este sistema, Abraão conseguiu descrever o funcionamento do Sistema Solar e do nosso planeta como os conhecemos actualmente. Abraão também sabia que existiam outras forças, como o ADN, que filtram cada nível da realidade e que essas forças, combinadas de diferentes formas, foram responsáveis pela criação das pessoas que habitam a Terra, dos planetas que integram o Sistema Solar e das partículas que habitam no mundo subatómico.
De acordo com Abraão, o ADN espiritual da nossa alma é-nos transferido mediante um preciso e complexo mecanismo: os planetas do nosso Sistema Solar. Esses planetas são o recurso através do qual se imprime na alma o ADN espiritual do indivíduo. A natureza exacta da impressão é determinada pela hora precisa e exacta do nascimento e pela correspondente disposição dos planetas e das estrelas. Estes precursores ensinamentos antigos são a raiz da ciência da astrologia. Mas não faças confusão: a astrologia popular convencional e o sistema cabalístico para o estudo de formações estelares e condições planetárias são tão diferentes entre si como o dia e a noite.
Seguramente, já ouviste mil e uma vezes a frase: qual é o teu signo? E, se fores como a maioria das pessoas, não terás inconveniente em responder. Inclusive, é provável que possas fazer uma descrição bastante exacta das características superficiais do teu signo astrológico. Na realidade, quase toda a gente conhece algo da astrologia convencional porque é muito vulgar. Faz parte da nossa cultura popular.
Mas vamos supor que queres encontrar algo mais do que o que oferecem os jornais nas suas colunas diárias de astrologia. Talvez descubras, algures, uma máquina em que seja possível comprar, por umas quantas moedas, um prognóstico astrológico bastante pormenorizado, enrolado num pequeno tubo fácil de transportar. Se isso não fosse suficiente, poderias entrar numa livraria ou numa biblioteca e encontrarias estantes repletas de mais informação sobre astrologia convencional do que esperavas. Em resumo, se procurares aprender mais acerca da astrologia convencional, não terás de ir muito longe: está aí, ao alcance de todos.
Mas há um problema: a astrologia convencional oferece-te tanto conhecimento acerca do teu destino como um «bolinho chinês da sorte». Neste livro, apresentamos um ponto de vista muito diferente e muito mais poderoso. Simplesmente, a Cabala oferece as aplicações mais antigas e sábias da astrologia e da astronomia que a humanidade já conheceu. E acontece, que a investigação dos planetas e o estudo das estrelas, tal como são praticados pelos cabalistas, são verdadeiras ciências que nos permitem entender e satisfazer as nossas necessidades mais profundas, assim como compreender as dos outros.
Ao contrário da astrologia convencional, que insiste em que tudo o que fazemos é determinado pelo firmamento, o estudo cabalista dos planetas e das formações estelares diz-nos que cada um de nós nasceu no preciso instante que melhor se ajusta às nossas necessidades específicas, para que possamos exercer o nosso livre-arbítrio. A Cabala mostra que temos muitos futuros possíveis e que, mediante a sabedoria cabalística, podemos converter-nos em capitães do nosso próprio barco e em donos do nosso destino.
Nos capítulos seguintes, aprenderás muito mais acerca do que isto significa. Por exemplo:
Apresentar-te-emos algumas definições de Cabala e um pouco da sua história.
Apresentaremos conceitos básicos de Cabala de uma maneira fácil de compreender e veremos como essas ideias básicas se aplicaram aos planetas do nosso Sistema Solar e às estrelas que se encontram para lá dele.
Ensinar-te-emos a começar a usar as ferramentas da Cabala para conseguires controlar a tua vida, para entenderes e superares qualquer obstáculo que encontres no teu caminho, assim como para aumentar o teu bem-estar, tanto espiritual como material.
Então... comecemos.
Muito antes da invenção do telescópio, Abraão, o Patriarca, sabia que havia dez planetas na nossa zona do espaço, ainda que, à vista desarmada, os três planetas exteriores fossem completamente invisíveis. De facto, esses três planetas estiveram milhares de anos sem serem detectados. Abraão também sabia quanto tempo demorava o planeta mais distante a dar a volta ao Sol – 248 anos – 4000 anos antes de esse planeta ter sido descoberto. Abraão anotou esses conhecimentos no seu Livro da Criação, que contém a semente de todo o conhecimento astronómico posterior, assim como o da sabedoria cabalística.
A obra mais extensa e pormenorizada da Cabala é O Zohar, ou Livro do Esplendor, escrito por Rav Shimón bar Yojái cerca do ano 200 d.C. Baseado no Livro da Criação, O Zohar inclui uma grande quantidade de comentários bíblicos e conceitos espirituais, assim como ideias-chave acerca das influências planetárias e da forma como estas influenciam a nossa vida.
O Livro da Criação e O Zohar são os fundamentos do conhecimento cabalístico e nada neles está em desacordo com as descobertas da ciência moderna. De facto, muitos conceitos de ambos os livros só foram descobertos pela ciência milhares de anos depois!
Todas as disciplinas científicas e espirituais procuram descobrir as verdades básicas acerca do mundo e do nosso lugar nele. A ciência – física, astronomia e medicina – examina o mundo que podemos ouvir, ver e tocar. As disciplinas espirituais – religião, meditação e astrologia – estudam o mundo que está para além do físico. Normalmente, as duas disciplinas procuram manter-se afastadas uma da outra, mas ambas se ocupam em oferecer conhecimentos que nos permitam sentarmo-nos numa sala a conversar sobre a realidade.
Mas, a realidade, tanto espiritual como científica, é bastante escorregadia. Todos julgamos saber de que se trata, mas quanto mais de perto a vemos, menos clara parece. Acontece que, nos últimos cem anos, a ciência descobriu que a maneira como observamos as coisas talvez seja mais importante do que o que observamos, e que talvez as nossas expectativas sejam o factor mais importante para determinar o que encontraremos.
A Cabala considera que os mundos espiritual e físico são igualmente dignos de investigação e análise, e reconhece que não só não estão isolados um do outro, como também, além disso, existem laços muito sólidos e necessários entre eles.
A Cabala identifica o vínculo entre os mundos espiritual e físico – o Mundo Superior e o Inferior – como o Desejo de Receber, e o ser humano é o mais alto expoente desse desejo. Por outras palavras, a humanidade é uma ponte entre o reino físico e o espiritual.
A Cabala mostra que há quatro níveis ou dimensões da realidade. São eles: Emanação, Criação, Formação e Acção (em hebraico: Atsilut, Briá, Yetsirá, Asiyá). Por agora, é suficiente saber que a primeira dimensão, Emancipação, é o nível mais alto, e que a quarta dimensão, Acção, é o mais baixo. Mas a Acção é muito importante para nós porque «vivemos num mundo material». Os automóveis, a Lua, as árvores, as rochas, os filhos, todos aqui estão, na dimensão da Acção. As quatro dimensões são formadas da mesma maneira. Tudo o que sucede na primeira dimensão repete-se na inferior e assim sucessivamente, de cima a baixo.
Os quatro níveis, então, contêm a mesma «substância». A única diferença entre o que se passa nos níveis altos e nos baixos é a qualidade dessa «substância». Na dimensão mais alta, é absolutamente pura. É ao ser filtrada para baixo, através dos diferentes níveis, que a pureza diminui pouco a pouco até chegar ao nosso mundo físico. Este processo de filtragem é, na realidade, uma coisa boa. Se víssemos a «substância» pura, provavelmente os nossos circuitos explodiriam.
Este processo pode comparar-se a um carimbo de borracha e à imagem que produz. Cada pormenor gravado no carimbo é copiado quando o pressionamos contra o papel, mas de cada vez que voltamos a usá-lo, a imagem torna-se um pouco mais difícil de ver. As formas estão todas lá, mas a imagem é um pouco menos clara. Do mesmo modo, cada dimensão é a imagem estampada da dimensão imediatamente superior, mas a qualidade das formas é um pouco menor. Todas as coisas e acontecimentos de uma dimensão são copiados na imediatamente inferior. Tudo o que se encontra neste mundo tem de ter o seu equivalente nos mundos superiores.
Os cabalistas usam a seguinte frase para descrever este processo: como é em cima, é em baixo. O nosso mundo é a forma mais visível, tangível, audível, cheirável, saboreável, de todos os mundos espirituais ocultos. Não há nada no nosso mundo físico que não proceda dos mundos superiores. A Cabala diz-nos que tudo o que vemos neste mundo é somente um reflexo, uma aproximação, um indício de algo que está para além das experiências externas.
Reserva um minuto para pensares acerca disto, porque pode mudar a maneira como vês o mundo. Talvez devesses pôr de lado este livro, sair e olhar detidamente as árvores, os pássaros, as pessoas que passam na rua. Cada uma dessas coisas é, primeiro e principalmente, um reflexo visível de uma essência espiritual oculta que chega aos níveis mais elevados do universo. Para a maioria de nós, este conceito é uma percepção que nos abre os olhos e nos expande a mente.
O Zóhar explica-o assim:
«Você, que não sabe, mas que, ainda assim, aspira a entender, delibere acerca do que se revela e manifesta [no mundo], e então entenderá tudo o que está oculto... porque aquilo a que o Criador deu forma corporal foi criado à imagem e semelhança do que está lá em cima.» Há muito tempo – a ciência diz que há pelo menos quinze milhões de anos – nasceu o nosso universo ao dar-se uma explosão chamada Big Bang. Se não fosse esse Big Bang, não estaríamos aqui, nem os planetas, nem as estrelas, nem nada. O Big Bang é o início do tempo. Isto é o que diz a ciência e a Cabala está de acordo. Mas o que diz a ciência que se passou antes do Big Bang? Ainda não sabe bem. No entanto, a Cabala diz-nos que antes do Big Bang havia uma força infinita de energia positiva. Não tinha princípio nem fim. Em hebraico, a palavra que se usou para descrever essa força energética foi Or, que quer dizer «Luz». Antes do Big Bang apenas havia Luz. Não havia espaço nem tempo, não havia movimento. A Cabala considera a Luz como a primeira causa. Não há outras causas antes desta.
Para conseguires imaginar isto mais facilmente, dedica uns minutos a fazer uma lista dos melhores momentos da tua vida: aquela incrível jogada que fizeste numa partida de futebol quando tinhas nove anos, o minuto em que nasceu o teu primeiro filho, o dia em que compraste o teu primeiro automóvel, a noite em que o teu amado ou a tua amada te disse que também te amava. Não tem de ser uma lista muito extensa; no entanto, todos vivemos pelos menos alguns momentos cheios de felicidade e esperança, em que o mundo parecia feito exactamente à nossa medida.
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