Título: Dicionário de nomes próprios
Autor: Orlando Neves
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Revisão: Frederico Sequeira
ISBN: 9789895556540
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Do germânico hart, «forte, duro, tenaz», e hrod, «glória». Santo Harold (ou Harald) foi rei da Dinamarca, a partir de 950 e pretendeu converter o país ao cristianismo. Encontrou tal resistência entre os seus súbditos que estes o assassinaram em 965 (1 de Novembro). Harold é o nome do personagem principal de O Cavaleiro Harold, de Byron, por sua vez inspirador da sinfonia de Berlioz, Harold em Itália. Personalidades: vários reis da Noruega e da Dinamarca e um de Inglaterra tiveram este nome; Harold Monro (1879-1932), poeta inglês; Harold Lloyd (1893-1971), actor norte-americano; Harold Clayton Urey (1893-1981), Prémio Nobel da Química de 1934, norte-americano; Harold Macmillan (1894-1986), político inglês; Harold Pinter (1930), dramaturgo inglês; Harold Varmus (1939), Prémio Nobel da Medicina de 1989, norte-americano; Haroldo de Campos (1929), poeta brasileiro.
Do grego hektor, «o que possui, segura fortemente», ou melhor, «o que resiste e contém o inimigo». Herói da mitologia grega (citado centenas de vezes na Ilíada), foi o defensor de Tróia e Homero atribuilhe as mais altas qualidades: a coragem, a firmeza, o juízo justo, o amor à pátria e à família. Jean Giraudoux, em 1935, toma a figura de Heitor como protagonista da sua peça La guerre de Troie n’aura pas lieu, numa linha completamente diversa da Ilíada. Personalidades: Hector Berlioz (1803-1869), compositor francês; Heitor Villa-Lobos (1887-1959), compositor brasileiro; Heitor Campos Monteiro (18991961), dramaturgo, Heitor Gomes Teixeira (1939), dramaturgo, portugueses.
Parece ser de origem germânica, com o significado de «luminoso». Personalidades: Ettore Scola (1931), realizador italiano; Helder Prista Monteiro (1922-1995), dramaturgo, Hélder Macedo (1935), escritor, Hélder Costa (1939), dramaturgo e encenador, portugueses.
Do grego helê, «raio de sol», por sua vez de selas, «brilho». A mais conhecida das «Helenas» é a de Tróia, hipotética filha de Zeus e Leda, casada com Menelau, rei de Esparta e raptada por Páris, o que deu origem à guerra de Tróia. Santa Helena foi mãe do imperador Constantino I, (séculos III e IV). Repudiada por Constante Cloro, quando o filho se torna monarca volta à corte e é proclamada «Augusta». Converte-se ao cristianismo e, em 326, visita os lugares santos da Palestina. Mandou construir templos e santuários em Belém e Jerusalém. Segundo a tradição foi a criadora da cruz de Cristo como símbolo. Morreu em 845 (15 de Agosto). Helena de Tróia, «a mais bela das mulheres», foi inspiração de várias obras literárias desde Homero, Hesíodo, Eurípedes em diversas tragédias, (As Troianas, por exemplo), Heródoto, Górgias, Isócrates, Horácio, Ovídio, Virgílio até Malherbe, Ronsard, La Fontaine, Goethe (no Segundo Fausto), Edgar Allan Poe (em A Helena), Claudel (em Proteu) e Jean Giraudoux. São também incontáveis as personagens com o nome de Helena: Tudo Está bem quando Acaba bem, comédia de Shakespeare é, talvez, a mais célebre. Personalidades: Ellen Glasgow (1874-1945), escritora norte-americana; Helen Keller (1880-1968), doutrinadora norteamericana, cega; Helen Weigel (1900-1971), cantora austríaca; Helena Roque Gameiro (1895), pintora, Maria Helena Vieira da Silva (19081992), pintora; Helena Sá e Costa (1913), pianista, Maria Helena da Rocha Pereira (1925), professora universitária e escritora, Helena Félix (1920-1991), actriz, Helena Marques (1935), escritora, portuguesas.
Do latim helius, «o Sol».
Do grego helios, «sol» e doros, «presente», ou seja, «dádiva do deus Sol». Santo Heliodoro, do século III, foi martirizado em Paufília, na Ásia Menor, durante uma perseguição do imperador Aureliano. A lenda diz que os carrascos, impressionados com a sua coragem, se converteram ao cristianismo e foram, em seguida, igualmente martirizados (21 de Novembro). Personalidades: Heliodoro, escritor grego do século Iv; Heliodoro Salgado (1861-1906), jornalista e escritor português.
Do germânico heim, «casa», e rick, «rei, poderoso», o que poderá significar «de casa rica, forte». Modernização do antigo Emérico. É um dos nomes mais populares da onomástica europeia (em Portugal, com introdução provável de Henri, o conde D. Henrique, pai de D. Afonso Henriques), atribuído, sobretudo, a reis, príncipes e nobres, de «casas ricas e poderosas». São muitos os santos com este nome: Santo Henrique, duque da Baviera, que sucede no trono a Otão III como imperador do Sacro Império Romano-Germânico no século xii, canonizado em 1146. Marido de Santa Cunegundes (13 de Julho). Santo Henrique da Suávia (século XIII), de família nobre da Alemanha, abandona todos os seus bens e ingressa no mosteiro beneditino de Wurtemberga, onde pratica acções piedosas e milagrosas (4 de Novembro). Santo Henrique Walpole, nobre inglês, assiste em 1581 à execução de vários católicos em Londres. De tal modo se impressiona que se converte e entra para os jesuítas até que, em 1594, após anos de apostolado clandestino, é preso, torturado e decapitado (25 de Outubro). O nome de Henrique é dos mais usados na literatura, sobretudo em peças de Shakespeare dedicadas a reis ingleses e nórdicos, inspirador de obras musicais de Saint-Saëns e Wagner, por exemplo, ou de autores como Gerhart Hauptmann (O Pobre Henrique), Pirandello (Henrique IV), Hemingway (O Adeus às Armas), Júlio Dinis (A Morgadinha dos Canaviais), etc. Personalidades: além de reis e nobres, são inúmeras as personalidades com este nome: Henry Fielding (1707-1754), escritor inglês; Henri Beyle, conhecido como Stendhal (1783-1842), escritor francês; Henri Dunant (1828-1910), criador da Cruz Vermelha, suíço; Henry James (1843-1916), escritor norte-americano; Henrik Pontoppidan (1857-1943), Prémio Nobel da Literatura de 1915, dinamarquês; Henri Bergson (1859-1941), Prémio Nobel da Literatura de 1927, francês; Henri Toulose-Lautrec (1864-1901), pintor francês; Henrique Coelho Neto (1864-1934), escritor brasileiro; Henri Matisse (1869-1954), pintor francês; Enrico Caruso (1873-1921), cantor italiano; Henry Hathaway (1898-1985), realizador norte-americano; Heinrich Boll (1917-1985), Prémio Nobel da Literatura de 1972, alemão; Infante D. Henrique (1394-1480), Henrique da Gama Barros (1833-1925), historiador, Henrique Lopes Mendonça (1856-1931), dramaturgo, Henrique Galvão (1895-1970), militar e político, Henrique Barahona Fernandes (1907-1992), psiquiatra e professor universitário, Henrique Segurado (1930), poeta, Henrique Madeira (1935), poeta, portugueses.
Espanhol: Enrique; inglês: Henry, Hal, Hank, Harry; francês: Henri; Henry; italiano: Enrico, Arrigo; alemão: Henrich, Heinz.
De Henrique, hipocorístico ou influência do francês Henriette. Santa Henriqueta foi uma das carmelitas condenadas à morte durante a Revolução Francesa, em 1794, martírio em que Georges Bernanos se inspirou para escrever a peça Diálogos das Carmelitas (17 de Julho). Henriette é uma das personagens de Les femmes savantes, de Molière. Personalidades: Henriette de Coligny (século xvn), escritora francesa; Harriet Beecher-Stowe (1811-1896), escritora norte-americana, autora de A Cabana de Pai Tomás; Henriqueta Maia (1945), actriz portuguesa.
Ou Heriberto. Do germânico héri, «exército» e berht, «brilhante, ilustre». Santo Herberto foi um eremita do século vn, cujo eremitério se situava em Cumberland, na Inglaterra. Amigo do bispo de Hexham, São Cuthbert, ambos oraram para que morressem no mesmo dia, o que viria a acontecer em 687 (20 de Março). Personalidades: Herbert Spencer (1820-1903), filósofo evolucionista inglês; Herbert George Wells (1866-1946), escritor inglês; Herbert Gasser (1888-1963), Prémio Nobel da Medicina de 1944, norte-americano; Herbert Marcuse (1898-1979), filósofo norte-americano, de origem alemã; Herbert von Karajan (1908-1989), maestro, austríaco; Herbert Hauptman (1917-), Prémio Nobel da Química de 1985, norte-americano; Herberto Hélder (1930), poeta português.
De Hércules. São Herculano foi bispo de Perdsia, invadida pelos godos em 548. Perseguido pelo rei dos invasores, Herculano foi decapitado e lançado ao mar. Segundo São Gregório, o Grande, nos seus Diálogos, o corpo foi encontrado intacto, sem vestígios da degolação (7 de Novembro). Personalidades: Alexandre Herculano (1810-1877), escritor e historiador português.
Do germânico hari, «exército», e mann, «homem». O beato Hermano (Hermann) nasceu deficiente, incapaz de falar e movimentar as mãos. Recolhido num mosteiro beneditino no lago Constance na Alemanha, veio a tornar-se um sábio, dito na época «a maravilha do século», como matemático, poeta, compositor e inventor. Além de ter criado um astrolábio e novos instrumentos de música, foi o autor de hinos à Virgem Maria como o Ave Maria Stella. Morreu em 1054 (25 de Setembro). Goethe escreveu um poema intitulado Hermann e Doroteia, e um Hermann é o protagonista de A Dama de Espadas, de Pushkin e da ópera com o mesmo nome de Tchaikovsky. Personalidades: Herman Melville (1819-1891), escritor norte-americano; Hermann Hesse (1877-1962), Prémio Nobel da Literatura de 1946, alemão; Hermann Muller (1890-1967), Prémio Nobel da Medicina de 1946, norte-americano; José Hermano Saraiva (1919), historiador português.
Do germanico Ermin, semideus nórdico, e wild, «guerreiro», hipoteticamente, «guerreiro ou refém do deus Ermin». Santo Hermenegildo (século VI) era filho do rei visigodo Leovigildo, de fé ariana. Baptizou-se com este nome (São Leandro, arcebispo de Sevilha, foi o oficiante) já depois de casado. Alia-se ao imperador de Bizâncio, contra seu pai que o prende e manda matar em 585. É o patrono de Sevilha (13 de Abril). Personalidade: Hermenegildo Capelo (1841-1917), explorador em África, português.
Etimologia obscura. Cita-se, como origem, o semideus Ermin (ver Hermenegildo), o latim armenius, «arménio», um herói da guerra de Tróia com este nome, entre outras hipóteses.
Ou Ernâni. Parece ser uma variante de Fernando (Ernan, Fernan, Hernando), mas segundo outras opiniões, é um nome vasco com o significado de «cume de uma colina luminosa». O nome ter-se-á popularizado após o aparecimento em 1830 do drama de Victor Hugo, Hernani ou l’honneur castillan no qual Verdi se inspirou para a sua ópera Ernani. Personalidade: Hernâni Cidade (1887-1975), escritor português.
Do latim hilaris, «alegre». O mais célebre dos santos com este nome é Santo Hilário de Poitiers (século IV). Convertido ao cristianismo já depois de casado, foi eleito pelo povo bispo da Poitiers. Combateu a heresia ariana e, por tal, foi desterrado para a Frígia. A questão da trindade divina, que opunha ortodoxos e arianos, é o tema principal da sua obra De Trinitate. Do exílio, continuou a governar a diocese e a manter polémica com os arianos. Após quatro anos de desterro volta a Poitiers dedicando-se a partir daí ao estudo das questões teológicas pelo que veio a ser reconhecido pelo papa Pio IX como Doutor da Igreja. Morreu em 367 (13 de Janeiro). Personalidade: Hilaire de Gas, conhecido por Edgar Degas (1834-1917), pintor francês.
Do germânico hild, «luta», e berht, «ilustre», o que pressupõe o significado de «ilustre guerreiro». Santo Hildeberto foi bispo de Meaux, em França, no século VII, consagrando o seu tempo ao estudo das Escrituras (27 de Maio).
Do germânico hild, «luta», e brun, «couraça». Hildebrando de Soana era monge da ordem de Cluny e foi conselheiro de seis papas antes de ele próprio ocupar o lugar de chefe da Igreja, tomando o nome de Gregório, o sétimo (ver Gregório).
Do germânico hild-gard, «guerreira vigilante». Outra hipótese: de hild, «luta», e wardan ou garden, «saber», pelo que o nome se ligaria a sabedoria. Talvez as personalidades mais conhecidas com este nome tenham influenciado a significação. De facto, Hildegarda casou com Carlos Magno em 771. Revelou-se uma jovem muito culta, alegre, inteligente, que morreu aos vinte e seis anos após ter tido nove filhos. Por outro lado, Santa Hildegarda (século XII), originária da Renânia, é uma das per sonalidades mais importantes do século. A sua vasta cultura levou-a a ser compositora, profetisa, moralista, filósofa e historiadora, correspondente de vários papas, imperadores, reis e de Bernard de Clairvaux. Escreveu obras de teologia, de exegese, de anatomia e de astrologia, fundou mosteiros e ficou conhecida como a «sibila do Reno». Morreu aos 89 anos em 1179 (17 de Setembro).
Do grego hippólytos, «aquele que solta os cavalos». Hipólito é uma figura da mitologia grega, filho de Teseu e Antrope, herói marcado pela fatalidade (Eurípedes, na sua tragédia Hipólito, Séneca em Fedra e Racine, também em Fedra). Hipólita, com idêntica etimologia, era a rainha das Amazonas. Um dos trabalhos de Héracles (Hércules) era o de lhe roubar o seu cinturão, símbolo do poder «de ligar e desligar [os cavalos]», o que conseguiu, matando-a. O Hipólito mitológico ficou como símbolo do jovem casto, incapaz de ferir a honra do seu pai, quando se recusou a ceder ao assédio da madrasta, Fedra. Santo Hipólito de Roma, nascido cerca do ano 170, foi um dos homens mais cultos do seu tempo. Escreveu obras dogmáticas, refutou os hereges e censurou os papas de Roma, a tal ponto que se afastou do papa Calisto, vindo a ser eleito antipapa. Quando São Ponciano tomou a chefia da Igreja reconciliou-se com ele, mas ambos foram exilados para a Sardenha onde morreram, devido aos sofrimentos passados no desterro. Mais tarde, são declarados mártires e canonizados. Algumas das suas obras chegaram até nós (22 de Agosto). Personalidades: Hippolyte Taine (1828-1893), crítico literário e filósofo francês; Hipólito Raposo (1885-1953), integralista, romancista e dramaturgo português.
Na raiz, honoris, «honra», por honoratus, «honrado, estimado». Santo Honorato, nascido na Gália belga, sai de casa dos seus pais, converte-se ao cristianismo e parte para a Grécia com o irmão Venâncio. Este morre prematuramente. Na Provence é acolhido por São Leôncio, bispo de Fréjus, que o convida a tornar-se eremita na região. Ordenado padre, funda uma escola de Teologia onde se reúnem prelados da zona. É designado bispo de Arles e consegue a unanimidade de todos os sacerdotes na luta contra um bispo simoníaco. A sua piedade e o seu espírito caritativo tornam-se famosos em toda a cristandade. Morre em 429 (16 de Janeiro). Outros santos deste nome são comemorados pela Igreja.
Do latim honorius, «o que merece ser honrado». Santo Honório viveu no século vi. Um milagre tornou-o popular em toda a Gália: após uma procissão organizada para trasladar os seus restos mortais, em 1060, uma terrível e demorada seca que assolava a Gália terminou, subitamente, com a queda de copiosas chuvas (16 de Maio). Personalidades: Honoré de Mirabeau (1749-1791), revolucionário francês; Honoré de Balzac (1799-1850), escritor francês; Honoré Daumier (1808-1879), pintor e desenhador francês.
Provável origem no nome do deus alegórico latino, Honor; outras opiniões fazem-no mero diminutivo de Honório. Santa Honorina foi uma jovem francesa, martirizada na Normandia, durante uma perseguição de Diocleciano (27 de Fevereiro). Honorina é o título de um dos romances da Comédia Humana, de Balzac.
Origem controversa: corruptela popular de horarius (referente a «horas»); patronímico de uma célebre família romana; de uma lenda, com alguma razão histórica, que fala de três irmãos Horácio que, na antiga Roma, combateram os Coriácios; da grande popularidade do poeta latino Horácio ou, finalmente, de origem egípcia, do deus Hórus. Horácio é o título de uma tragédia de Corneille e é também o nome de personagens da comédia de Molière, Escola de Mulheres, e da tragédia de Shakespeare, Hamlet. Personalidades: Horace Walpole (1717-1797), escritor inglês; Horatio Nelson (1758-1805), almirante inglês.
De Hortensius, família romana ilustre do século u, possivelmente do nome da planta, hors. Personalidades: Hortense de Beauharnais (1783-1837), filha de Josefina Buonaparte, rainha da Holanda, mãe de Napo-leão III; Hortense Luz (1905-1984), actriz portuguesa.
Do germânico hug, «inteligente», e berth, «brilhante, ilustre». De Santo Huberto (século VIII), casado e com um filho, conta a lenda que se converteu ao cristianismo quando, numa caçada, lhe surgiu um veado que trazia entre as hastes uma cruz cintilante. Bispo de Liège e de Maastricht, foi grande a sua influência em toda a Bélgica na conversão dos habitantes pagãos. Morreu em 727, ficando patrono dos caçadores (3 de Novembro).
Do radical germânico hug, «inteligente». Santo Hugo de Grenoble-nasceu em 1503 e foi bispo desta cidade, a pedido do papa Gregório VIII, aos vinte e nove anos, embora contrariado, porque queria dedicar-se exclusivamente à oração. Essa contrariedade durou toda a vida: morreu quase com oitenta anos, sem ter conseguido que seis papas o desobrigassem do cargo (1 de Abril). Personalidades: vários reis e nobres europeus tiveram o nome de Hugo; Hugues de Saint-Victor (século XII), filósofo e teólogo francês; Hugo Wolf (1860-1903), compositor austríaco; Hugo de Vries (1848-1935), botânico holandês; Hugo Lamennais (1872-1854), filósofo francês; Hugo Hofmannstahl (1874-1929), poeta austríaco; Hugo Betti (1892-1953), dramaturgo italiano.
Do alemão hun, «gigante», e berth, «ilustre, brilhante». No século XII, o conde de Sabóia, Humberto III, apoia o papa Alexandre III contra Frederico Barba-Ruiva. Turim, a sua cidade, é tomada várias vezes pelas tropas imperiais. Casado três vezes e três vezes viúvo, entra para um mosteiro, mas os seus partidários obrigam-no a casar de novo e do casamento vem a ter uma filha e um filho, seu herdeiro. Morre em 1189, passando a ser venerado pela sua piedade e espírito de justiça. Em 1836, o papa Gregório XVI aprova o seu culto (4 de Março). Personalidades: vários nobres ligados, sobretudo, à casa de Sabóia, o último dos quais, Humberto II, rei de Itália durante dois meses, em 1946; Umberto Giordano (1811-1872), compositor italiano; Umberto Eco (1932), escritor italiano; Humberto Delgado (1906-1965), militar e político, Humberto Madeira (1921-1971), actor, portugueses.
Do germânico idh, «trabalho». Santa Ida, mulher do conde Egbert, na corte de Carlos Magno, no século IX, após a morte do marido, entra para um convento e coloca-se ao serviço dos pobres até à sua morte. Roma aprovou o culto a Santa Ida em 1724 (3 de Novembro). Ida, na mitologia grega, é uma das filhas de Melisseu que cuidou de Zeus-menino, em Creta, e daí o seu nome ter ficado ligado ao de uma montanha da ilha.
Nome, provavelmente, vasco, relacionado com a palavra inda, «força» (em espanhol, é «Indalecio»). Personalidade: Idalécio Cação (1933), escritor português.
Variante hipocorística de Idália, por sua vez, de Ida.
No feminino, sobrenome de Afrodite. Provirá do grego eidon helios, «vi o sol».
Uma versão admite que, em grego, significaria «de queixo forte», provavelmente por ligação à voluntariosa filha de Agamémnon que inspirou a Eurípides duas tragédias (Ifigénia na Táurida e Ifigénia em Áulide).
Com este mesmo título, a tragédia de Racine e a primeira, igualmente, título de uma peça de Goethe; por sua vez, Gluck escreveu, com os títulos de Eurípedes, duas óperas. Ifigénia ficou como símbolo de vítima inocente, representando a pureza e a piedade filial.
IGOR
Origem eslava, de ingrar, «o guardião da juventude». Igor, príncipe de Moscovo, traído e expulso da corte em 1146, ingressa num mosteiro e morre assassinado, um ano depois. Foi canonizado pela igreja ortodoxa russa que o considera um mártir. Alexandre Borodine escreveu uma ópera intitulada O Príncipe Igor. Personalidades: Igor Stravinski (1882-1971), compositor russo, naturalizado francês e, depois, norte-americano; Igor Sampaio, actor português, contemporâneo.
Ou Hilda. Do germânico hild, «combate». Santa Ilda (614-680) é convertida ao cristianismo por São Paulino, arcebisbo de York, na Nortúmbria. Entra para um mosteiro de que se torna abadessa e preside a um sínodo para adopção dos usos litúrgicos de Roma (17 de Novembro). Personalidade: Ilda Stichini (1895-1977), actriz portuguesa.
Do germânico hild, «combate», e funs, «rápido», ou seja, «pronto para combate». Santo Ildefonso nasceu em Toledo, Castela, em 606. Estudou em Sevilha, entrou para um mosteiro e, mais tarde, com a herança dos pais fundou uma abadia. Escreveu várias obras, a mais importante a que consagrou à virgindade perpétua de Maria, mãe de Deus que, segundo a lenda, lhe terá aparecido para lhe agradecer, acontecimento que era celebrado em Toledo todos os dias 21 de Janeiro. Morre em 667 (23 de Janeiro).
Talvez do grego ilidios, de ile, «tropa, marcial», talvez do latim ilidium, «iluminar». Personalidades: Ilídio Sardoeira (1915-1988), Ilídio Rocha (1925-2002), escritores portugueses.
Do germânico, im, «em», e hild, «luta, combate». Santa Imelda Lambertini, bolonhesa, nasceu em 1320 e foi monja dominicana, a partir dos dez anos. Terá morrido aos vinte e poucos anos quando comungou pela primeira vez (então a comunhão estava reservada aos adultos) em circunstâncias miraculosas: na igreja, sozinha, Imelda em êxtase, vê a hóstia aproximar-se lentamente dela. O capelão toma-a nas mãos e dá-a à jovem que morre imediatamente (12 de Maio).
Do latim ignis, «fogo», por ignatus, «ardente». Irrigo de Loyola, vasco, nasceu em 1491. Viveu em Castela a sua adolescência, foi militar, ferido na defesa do castelo de Pamplona. Na convalescença lê a Legenda Aurea e a partir daí decidiu consagrar a sua vida ao serviço de Deus. Peregrinando à Terra Santa começa a escrever Exercícios Espirituais que terminará mais tarde. Ao regressar, adquire formação eclesiástica em Salamanca e de teologia e filosofia em Paris e aí muda o nome para Inácio e funda a Companhia de Jesus (jesuítas). Partiu para Roma, colocando-se a si e à sua Companhia à ordem dos papas. Morreu, inesperadamente, aos setenta e cinco anos e foi canonizado em 1622 (31 de Julho). Personalidades: Ignacio Altamirano (1834-1893), político e poeta mexicano; Ignace Paderevski (1860-1941), pianista e político polaco.
Do grego hagné, «pura, santa, casta». Jovem adolescente mártir, Santa Inês é venerada desde o século IV. Não se sabe muito da sua vida, a não ser que nasceu em Roma e aqui sofreu o martírio para manter a virgindade, com cerca de treze anos (21 de Janeiro). Várias outras santas se chamaram Inês, como, por exemplo, Santa Inês Segni, dominicana italiana, abadessa na Toscana, cultuada por Santa Catarina de Siena (20 de Abril). Uma personagem da Escola de Mulheres, de Molière, tem este nome que também surge em D. Garcia de Navarra e em O Príncipe Ciumento do mesmo autor. Personalidades: Inês Goutxha Gogaxhiu, conhecida como Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), Prémio Nobel da Paz de 1979; Inês Varda (1928), realizadora belga; Inês de Castro (1320-1355), amante de Pedro I, de Portugal; Inês de Medeiros, actriz portuguesa contemporânea.
Espanhol: Inès; inglês e alemão: Agnes; francês: Inès e Agnes; italiano: Agnese.
Do escandinavo Ing, nome de um deus nórdico, e nida, «cavaleiro libertador». Personalidade: Ingrid Bergman (1915-1987), actriz sueca.
Do latim innocens, «inocente». Sob o nome de «os Santos Inocentes» a Igreja comemora a 28 de Dezembro os recém-nascidos mandados matar por Herodes, em Belém e arredores, pouco antes do nascimento de Jesus. Pierre de Tarentaise, dominicano, foi colega de convento de São Tomás de Aquino e de Santo Alberto, o Grande, e é eleito papa em 1276, adoptando o nome de Inocêncio V. Treze papas usaram este nome. Personalidade: Inocêncio Francisco da Silva (1810-1876), bibliógrafo português.
Figura mitológica, Io era uma bela princesa argiva por quem Zeus se apaixonou. Mas, como a mulher, Hera, desconfiasse dessa paixão, o pai dos deuses transformou-a em vaca e era como touro que a possuía. Hera mandou que o animal fosse guardado numa gruta e vigiado pelo gigante Argos. Zeus ordenou a Hermes que matasse o gigante e libertasse lo que não conseguiu fugir à perseguição de Hera e teve de refugiar-se no golfo Iónico ou Jónico. A sua história prossegue no Egipto onde reinará e casará tendo três filhas, uma delas, Líbia, que deu o nome ao país vizinho do Egipto. Na sua tragédia Prometeu Agrilhoado, Ésquilo faz intervir Io em diálogos com Prometeu. Personalidade: Io Apoloni, actriz italiana, naturalizada portuguesa, contemporânea.
Ou Yolanda. De viola, «violeta». Santa Iolanda, sobrinha de Santa Isabel da Hungria, enviúva muito jovem e fica com três filhas. Depois de duas terem casado, entra, com a outra, num mosteiro de Poznan (Polónia) onde morre em 1299 (11 de Junho). Personalidades: Iolanda de Aragão, rainha da Sicília no século XVI; llanda Gigliotti, conhecida como Dalida (1936-1987), cançonetista francesa.
Nome de aspecto tupi, criado pelo escritor brasileiro José de Alencar para a protagonista do seu romance homónimo, como anagrama de América.
Do grego eirênê, «paz». Dois dias depois de Santa Ágape e Santa Quionia, em Salonica, no ano 304, Santa Irene é queimada na fogueira por guardar em casa as Sagradas Escrituras (5 de Abril). Duas imperatrizes de Bizâncio chamaram-se Irene: uma, em 752-803, e outra, Irene Ducas (1066-1120). Personalidades: Irene Joliot-Curie (1897-1956), com seu marido Jean Joliot, Prémio Nobel da Química de 1935, francesa; Irene Lisboa (1892-1958) escritora, Irene Isidro (1907-1993), Irene Cruz (1944), actrizes, portuguesas.
Do grego eirenaios, «pacífico». Santo Ireneu pertencia à colónia cristã grega na Gália. No reinado de Marco Aurélio era presbítero em Lyon. Interessou-se sempre pelas questões teológicas. Foi para Roma para combater o racionalismo agnóstico e o montanismo. Durante esse período teve o cargo de conselheiro do papa Vítor I. Santo Ireneu foi um dos maiores teólogos do século II.
Mesma raiz de Irene. Santa Iria, venerada em Espanha e Portugal, viveu em Nabância, talvez perto de Tomar, na Lusitânia, no século vii. De boas famílias, foi educada por um tio monge. Segundo a lenda, um jovem chamado Britaldo apaixonou-se por ela, mas receoso de não ser aceite, nunca lhe confessou o seu amor e a paixão foi-o consumindo. Sabendo que ele estava doente, Iria foi visitá-lo garantindo-lhe que Deus o recobraria da doença. Iria prometeu-lhe que nunca casaria com outro. Um frade, do mosteiro onde se recolhia, apaixonou-se também por ela e, como Iria se lhe recusasse, arranjou maneira de que ela bebesse um líquido para lhe aumentar a barriga. Britaldo convenceu-se que ela lhe teria mentido e mandou um soldado para a matar. Assim aconteceu: Iria, quando se encontrava a rezar junto ao rio Nabão, foi degolada e o seu corpo atirado ao rio. Encontraram-no junto a Scalabis, encerrado dentro de um sepulcro de mármore que não foi possível remover e desapareceu nas águas do Tejo. A cidade, por tal motivo, passou a chamar-se Santa Iria ou Santa Irene, daí vindo o nome de Santarém.
Nome mitológico de uma ninfa, mensageira dos deuses, personificada no arco-íris. Etimologicamente, do grego eiro, «anunciar».
Hipocorístico de Isabel, com influência do nome árabe Isà (Jesus).
Do hebraico yishaq’el que, na Bíblia, é traduzido por «como Deus ri!», festejando o nascimento do filho de Abraão, que viria a ser o pai de Jacob (os três são os maiores patriarcas que originaram o povo de Jeová). Vários santos tiveram este nome. Personalidades: Isaac Newton (1642-1726), matemático, físico, astrónomo e pensador inglês; Isaac Babel (1849-1941), escritor russo; Isaac Albeniz (1860-1909), compositor espanhol; Isaac Singer (1904-1991), Prémio Nobel da Literatura de 1978, polaco; Isaac Abravanel (1437-1508), filósofo e exegeta bíblico, judeu português.
Nome hebreu, mas com origem noutros povos vizinhos Parece que o seu significado seria «Baal [o deus babilónico] é saúde». Na Bíblia, de elisaba, «o meu Deus é plenitude». (Ver Elisabete, com o qual se confunde.) Santa Isabel (1269-1336), rainha de Portugal pelo seu casamento com D. Dinis, popularmente conhecida pelo «milagre das rosas», cuja obra de benemerência foi notável. Canonizada em 25 de Maio de 1625, por bula do papa Urbano VIII (4 de Julho). Santas, rainhas, imperatrizes, princesas, em número infindável, tiveram este nome, assim como personagens literárias de, por exemplo, Ariosto, Molière, Racine, Shakespeare, Corneille, etc. Personalidades: Isabel Barrett Browning (1806-1861), poetisa inglesa; Isabelle Adjani (1955) e Isabelle Huppert (1953), actrizes francesas; Isabel da Nóbrega (1925), escritora, Isabel de Castro (1931), actriz, Isabel Barreno (1939), escritora, portuguesas.
Variante de Isidoro/a. Personalidade: Isadora Duncan (1877-1927), dançarina americana de origem irlandesa.
Do hebraico lexaiah, «salvação de Deus» ou «que Deus salva», ou ainda, «Deus é generoso». Personagem bíblico, o primeiro dos quatro grandes profetas. Viveu em Jerusalém, reino de Judá, no século VIII, a. C. De grande cultura, poeta e teólogo, exerceu grande influência na governação do reino. As suas profecias exaltam o poder de Jeová, proclamam a vinda de Emanuel (ver) e consagram a célebre expressão «Deus está connosco», referindo-se ao povo de Judá (ver Livro de Isaias).
Do latim Isauru, «natural da Isáuria», província da Ásia. Nome incluído no título de um romance do escritor brasileiro Bernardo Guimarães, A Escrava Isaura, adaptado a telenovela.
De Isis, que era o nome grego para Esi, «deusa egípcia», e doron,
«dádiva». Santo Isidoro de Sevilha nasceu em Cartagena e era irmão de São Leandro, São Fulgêncio e Santa Florência. Foi um dos maiores sábios do seu tempo. Filósofo, teólogo, historiador e escritor, deixou o Livro das Etimologias, consultado por todos os intelectuais da Idade Média. Em 600, sucede ao irmão São Leandro, como bispo de Sevilha, e durante quarenta anos a sua obra em prol do progresso e da fé é notável: funda colégios, reforma a liturgia, combate heresias, preside a vários concílios e fica conhecido entre o povo por inúmeros milagres. Morre em 636 e é proclamado Doutor da Igreja por Bento XIV, em 1722 (4 de Abril). Isidoro é um personagem da comédia de Molière Le Sicilien ou l’amour peintre. Personalidades: Isidore de Milet (século VI), arquitecto bizantino; Isidore Ducasse, dito conde de Lautréamont (1846-1870), escritor francês; Isidor Isaac Rabi (1898-1988), Prémio Nobel da Física de 1944, austríaco.
Da latinização de Isidoro, Isidorus.
Do hebraico Yisma, «escutar», e El, «Deus», com o significado de «Deus ouve». Ismael, filho de Abraão e da sua escrava egípcia Agar, é o antepassado epónimo de um grupo de tribos árabes e uma das figuras mais importantes do Islão. Ismael é o nome de um personagem e narrador do romance Moby Dick, de Herman Melville.
Do grego Isis, «deusa egípcia», e mene, «lua». Isménia é na mitologia e na literatura gregas a irmã de Antígona e personagem de Os Sete contra Tebas, de Ésquilo, de Édipo em Colona, Antígona, de Sófocles, da Antígona, de Jean Anouilh e da Antígona, de António Pedro.
Forma medieval de Isabel. Isolda é a heroína de uma lenda medieval céltica, Tristão e Isolda, inspiradora de inúmeros poetas, prosadores e compositores de que se destacam a ópera com esse título de Richard Wagner e O Eterno Retorno, filme de Jean Delannoy e Jean Cocteau.
Do latim Italu, rei lendário da Itália que lhe deve o seu nome. Personalidades: Italo Svevo (1861-1928), escritor, Italo Calvino (1923-1985), escritor, italianos.
Variante russa e búlgara de João, de Yohanan, «Deus concedeu-nos a graça». Nome de vários czares russos. Personalidades: Ivan Turgueniev (1818-1883), escritor russo; Ivan Bunine (1870-1935), poeta russo.
Diminutivo do feminino de Ivo.
Do germânico, pelo francês, yves, «teixo». Personalidades: No Andric (1892-1975), Prémio Nobel da Literatura de 1961, jugoslavo; No Livi, conhecido por Yves Montand (1921-1991), actor e cantor francês.
Variante de Ivo ou feminino do francês Ivon. Personalidades: Ivone Silva (1935-1987), actriz portuguesa.