Tucker Max
Espero que
sirvam cerveja
no inferno
Tradução
WARLEY TEIXEIRA SANTANA
Sumário
Capa
Rosto
Nota do Autor
A famosa história da calça no sushi
A noite em que quase morremos
As folias da chupeta
Todo o mundo tem um amigo desses
Tucker come uma gorda: hilaridade posterior
O Fiasco do Agora Infame Leilão de Caridade
Férias do barulho
Tucker vai a Vegas
Fio-dental
O final de semana Foxfield
Pé na Estrada em Austin
Minha viagem para Key West
Uma garota vence Tucker em seu próprio jogo
Tucker tenta sexo anal; isso não foi nada engraçado
Só vai doer um pouquinho
O fim de semana na Universidade do Tennessee
Culpa Urinária
Tucker vai a um jogo de hóquei
Ela não vai aceitar “não” como resposta
Tucker rompe o apêndice
As histórias de sexo
Tucker tem um momento de reflexão, isso termina mal
O vômito e o cachorro
A história de Midland, Texas
Anexo: A escala Tucker Max Bêbado
O autor
Créditos
Nota do Autor
Meu nome verdadeiro é Tucker Max. A menos que um nome completo seja usado, todos os outros são pseudônimos.
Todos os eventos descritos aqui são verdadeiros. Porém, algumas datas, características e lugares foram alterados para me proteger de qualquer tipo de processo criminal ou civil.
Espero que você curta estas aventuras tanto quanto eu gostei de vivê-las.
A famosa história da calça no sushi
Ocorrido em julho de 2001
Escrito em julho de 2001
Eu costumava pensar que o Red Bull era a invenção mais destrutiva dos últimos cinquenta anos. Estava errado. O título foi usurpado pelo bafômetro portátil. É o mesmo aparelho que os policiais utilizam, há mais de dez anos, para testar a sobriedade do indivíduo, e agora está disponível ao público. Tem o tamanho e a forma de um celular pequeno com um tubo, quase como uma antena. O cara assopra no tubo e, segundos depois, a leitura de quantidade de álcool no sangue — Blood Alcohol Content (bac) — é feita. Embora não sejam tão exatos quanto um exame de sangue, têm a precisão de 0,01, o que é bom demais para os meus propósitos.
Eu estava morando em Boca Raton, Flórida, quando comprei um desses e o levei para passear no sábado à noite. Eis a história:
21:00: Chegada ao restaurante. Sou o primeiro do grupo lá, e nossa reserva é para as nove mesmo. O restaurante estava lotado daqueles tipos que infestam o sul da Flórida. Já deprimido, pedi uma vodca e um club soda.
21:08: Ninguém tinha chegado ainda. Pedi mais uma vodca e um club. Considerei checar meu bac, mas duvidava que o aparelho pudesse dizer algo, naquele dado momento.
21:10: Duas balzacas judias estavam de olho em mim, à mesa ao lado. As duas eram siliconadas. Uma delas tinha uns peitos bem grandões. Eles acenavam para mim mesmo de dentro da camiseta dela. Ela não era atraente. Comecei a beber mais rápido.
21:15: Ninguém chegou. Pedi a terceira vodca e outro club. Enquanto eu aguardava, experimentei meu bafômetro portátil. Sopro: 0,02. Esta é a melhor invenção já feita. Estou tontinho. Mostro o bafômetro para a judia de peito falso ao meu lado. Começamos a papear.
21:16: As duas têm sotaque forte de Long Island. Chamo o garçom e mudo o pedido: vodca dupla com gelo e club soda misturada.
21:23: Quatro pessoas já testaram meu bafômetro, inclusive as mulheres de airbags. Todo o mundo quer saber o nível de bac. Sou o centro das atenções. Estou feliz.
21:25: O primeiro membro do meu grupo chega. Eu mostro pra ele meu bafômetro. Ele está estupefato. Ele paga uma rodada. As mulheres do silicone nos informam aos gritos que querem beber. Meu amigo paga as bebidas. Eu peço uma vodca dupla com gelo, sem club soda.
21:29: Sopro mais uma vez: 0,04. Estou bebendo há meia hora e chego ao meu quarto drinque. As engrenagens do meu intelecto começam a enferrujar. Uma nuvem se formou em meus olhos... quatro bebidas... 0,04... Isso significa que cada uma vale 0,01 para o meu nível de bac. Começo a acreditar que posso beber muito. Digo pra mulher dos airbags que ela é muito interessante.
21:38: Seis, dos oito caras, estão lá. Minto para a hostess. Ela nos acomoda. Todo o mundo está falando do meu bafômetro. Sou foco de adulação. Perdoo a todos por suas chatices. Acho que essa noite promete, apesar de tudo.
21:40: Sopro de novo. 0,05. Isso me deixa confuso. Eu não tinha pedido outra bebida desde meu 0,04. Tenho uma vaga lembrança de uma aula distante sobre constante absorção de álcool no sangue, independente da velocidade com que você bebe. Esta lembrança rapidamente desaparece quando duas mulheres gostosas à mesa ao lado me perguntam sobre meu bafômetro.
21:42: Uma das gostosas está na minha. Ela começa a me falar de quando foi parada por policiais por suspeita de dirigir sob influência de entorpecentes e teve que soprar num bafômetro parecido com este. O guardinha a liberou. Ela diz que sempre quis ser policial, mas não conseguiu passar no exame da corporação, mesmo tentando duas vezes. Eu digo pra gostosa que ela deve ser bem esperta. Ela para de prestar atenção em mim. A mulher gostosa aparentemente é esperta o bastante para detectar meu velado sarcasmo.
22:04: A novidade do bafômetro já era. As coisas mudaram. Já não sou o centro das atenções. Não estou contente com minha mesa. Se a luz do holofote não está diretamente em mim, eu me sinto pequenino internamente.
22:06: As pessoas à minha mesa começam a falar de cura através da energia. Todos estão boquiabertos com uma garota que teve uma aula disso. Eu digo a eles que cura por energia é uma pseudociência solipsista sem valor. Eles dizem que a cura por energia é uma ciência real porque o instrutor da aula da menina foi para Harvard. Um dos caras diz que se trata de uma ciência “legítima, comprovada”, enquanto faz aspas com os dedinhos. Eu digo a eles que todos (enquanto imito as aspas no ar) são idiotas “legítimos e comprovados” por acreditar em merdas como cura por energia. Duas garotas me chamam de mente fechada. Eu respondo que elas são tão mente aberta que o cérebro vazou. Todos olham para mim com ar de desaprovação. Odeio todos que estão à mesa.
22:08: Estou completamente torto e não presto atenção no papo idiota deles. Estou mergulhando na vodca tudo o que o garçom galãzinho consegue trazer. Sopro a cada três minutos, vendo que meu bac vai subindo aos poucos.
22:10: 0,07.
22:17: 0,08. Já não estou apto a dirigir no estado da Flórida. Não conto a ninguém.
22:26: 0,09.
22:27: Decido ver quão bêbado posso ficar e ainda ser funcional. Sei que 0,35 mata a maioria das pessoas. Acho que 0,20 pode ser uma boa meta.
22:28: Levanto sem dizer nada aos sete sofistas da mesa e volto ao bar. Não deixo dinheiro pela minha bebida.
22:29: As siliconadas ainda estão no bar. Querem beber. Chateado por estar somente com 0,09 depois de uma hora e meia bebendo de forma agressiva, decido por uma rodada de shots. Deixo as mulheres pagarem os shots, com a regra clara de que não pode ser uísque, não pode ter cheiro de uísque, não pode nem lembrar uísque (uma vez eu fui parar numa enfermaria bebendo uísque, mas isso eu não conto).
22:30: As bebidas chegam. Tequila. A julgar pela conta, tequila da boa. Macia. Mais uma rodada.
23:14: Sopro um 0,15. Estou quase lá. A apenas 0,05 do meu objetivo. Meu orgulho se infla. Mostro a todos meu 0,15. A galera do bar está impressionada. Sou o ídolo deles. Alguém me paga mais uma.
23:28: Não tô legal. Percebo que não consigo ir para a mesa jantar. Não quero ir pra mesa nem comer no balcão. Atravesso a rua até um restaurante de sushi.
23:29: Está rolando uma festa do pijama no restaurante de sushi. Um monte de gente usando um tipo de pijama ou qualquer que seja a vestimenta de dormir. São todos tão idiotas quanto os que estavam à mesa, mas pelo menos estão de roupas íntimas.
23:30: Estou bem confuso. Só quero sushi. Paro na porta, embasbacado com a miríade de corpos seminus que passam. Uma garota ligeiramente atraente que parece trabalhar no restaurante me convida a ficar de roupas íntimas. Digo a ela que não uso. Eu só quero sushi. Ela diz que eu deveria pelo menos tirar minha calça. Pergunto a ela se com isso vou conseguir sushi. Ela diz que sim. Tiro a calça.
23:30: Paro enquanto abro o zíper, matutando sobre qual tipo de cueca estou usando, se é que estou. Considero a possibilidade de não tirar minha calça. Percebo que conseguir comida de forma rápida é mais crucial que minha dignidade.
23:31: Tiro a calça. Estou com uma samba-canção da Gap, com listrinhas rosa e brancas. Ela está bem apertada. Certifico-me de que meu pacote está no lugar. As pessoas me veem fazendo isso.
23:32: Peço sushi apontando a figura e gemendo.
23:33: Mostro meu bafômetro para um cara. Ele se impressiona. Mostra pra todo o mundo. As pessoas começam a formar uma roda à minha volta. Sou uma estrela de novo.
23:41: Sopro 0,17. Conto meu objetivo pra todos. Alguém paga uma bebida pra mim.
23:42: Bebo. Algo que tem um sabor familiar, faz com que eu me sinta quente por dentro. Pergunto o que é. “Conhaque e Alizé”. Existe um Deus e ele me odeia.
23:47: Chega meu sushi. Viro o vidro de molho de soja nele e o engulo tão rápido quanto minhas mãos permitem.
23:49: Acaba meu sushi. Ninguém está prestando atenção nas minhas maneiras à mesa; todos estão entretidos com o bafômetro, cada um esperando a vez para descobrir seu bac.
00:18: Sopro 0,20. sou um deus. O restaurante se inflama. Os homens estão me aplaudindo. As mulheres, me desejando. Todos querem falar comigo. Perdoo todos os pecados deles porque estão prestando atenção em mim.
00:31: Meu status de divindade se perde. Alguém sopra 0,22. Eis que surge um desafio para a minha macheza. Peço um super-hipershot de Baccardi 151, além de uma cerveja. Vou dominar.
00:33: Termino o drinque, a cerveja também. Falo merda pro meu desafiante. “Quem manda nisto aqui agora, veado?!” O público vai à loucura. O ápice é meu. Sou o máximo. Estou ganhando a plateia. Vou dominar o restaurante.
00:36: Dou uma reparada melhor no meu desafiante. Ele é alto, tem ombros largos, musculosos. Sua expressão facial natural é de poucos amigos. Ele me observa silenciosamente, pede uma bebida, toma como se fosse água e dá um sorrisinho pra mim. Começo a considerar que falar merda pra ele não foi das melhores ideias. A esta altura, também percebo que meu estômago está reclamando comigo. Eu o ignoro. Ainda tenho uma plateia que precisa me adorar.
00:54: Sopro 0,22. Somente alguns gritinhos. Todos aguardam o sopro do desafiador.
00:56: Ele sopra 0,24. E sorri pra mim de forma condescendente. Peço mais duas bebidas.
00:59: Bebo a primeira. Não desce tão bem. Decido dar um tempo para o próximo gole. A galera não está impressionada.
1:10: A realidade aparece. Vou vomitar. muito. Tento discretamente fazer isso lá fora.
1:11: Esbarro numa menina quando tento ir correndo para fora.
1:11: Tropeço num arbusto e começo a fazer o trabalho de limpeza de estômago. Sai da minha boca, do meu nariz. Não é gostoso.
1:14: Não consigo perceber a razão de minhas pernas doerem tanto. Olho para elas entre as falhas da planície. Não estou de calça. Espinhos e galhos entranham nas minhas canelas.
1:18: O vômito chega ao fim. Agora estou tentando parar o sangramento. Uma luz muito forte aparece diante de meus olhos. Não estou feliz. Digo ao dono da tal luz “que tire a porra daquela luz da minha cara”. O dono da luz se identifica como oficial da lei. Peço desculpas ao policial e pergunto a ele qual é o problema. Eis que surge uma longa pausa. A luz continua nos meus olhos. “Filho, onde está sua calça?” Lembrando-me de encontros passados com a lei e percebendo que ninguém vai me ajudar, junto cada ponto de adrenalina no meu corpo em busca da sobriedade. Desculpo-me novamente e explico ao policial que minha calça estava no restaurante a alguns metros dali, e que eu havia saído para compartilhar meu sushi com o arbusto. Ele não ri. Outra longa pausa. “Você não está dirigindo hoje, está?” “não, não, claro que não... não tenho nem uma carteira de motorista em dia.”
1:20: Ele me manda entrar no restaurante, colocar minha calça e chamar um táxi.
1:21: Volto para o restaurante. Algumas pessoas me olham de forma peculiar. Olho pra baixo e ajeito meu pau, que estava parcialmente exposto por baixo da samba-canção. Minhas pernas sangram, não sei o que fazer. Procuro minha calça.
1:24: Não consigo encontrar minha calça. Meu bafômetro está no meu campo de visão. Sopro. 0,23. Alguém me informa que meu desafiante soprou 0,26. Também dizem que ele ainda não vomitou. Digo a eles “Vão tomar no cu!”. É a última coisa de que me lembro claramente.
8:15: Acordo. Não sei onde estou. Muito calor. Estou suando muito, e cheirando a carniça.
8:16: Estou no carro. Com as janelas fechadas. O sol bate diretamente em mim. Está pelo menos quarenta graus no meu carro. Abro a porta e tento sair, mas caio na calçada. Os machucados que cobrem minhas pernas abrem e fecham à medida que me mexo. Meu pau sai da cueca rosa e repousa junto com o que sobra de mim, em uma poça d’água suja no asfalto.
8:19: A fétida água parada me leva à consciência total. Não consigo encontrar minha calça. Nem o celular. Nem a carteira. Mas ainda tenho meu bafômetro. Sopro 0,9. Ainda não posso dirigir no estado da Flórida.
8:22: Vou pra casa mesmo assim.
Quero deixar claro o que aconteceu essa noite: foi um dos meus cinco maiores porres de todos os tempos. Eu estava no limbo. Vomitei muitas vezes, várias delas pelo nariz. E acordo soprando um 0,9, deus meu! Mas que porcaria ridícula. Esse bafômetro é péssimo. É o diabo vestido de transistor.
Meu conselho: fuja desse negócio a qualquer custo.
A noite em que quase morremos
Ocorrido em abril de 1999
Escrito em julho de 2001
Existem as noitadas de diversão, as malucas e as que fazem homens se tornarem lendas.
Era sábado à noite na faculdade de Direito. Eu e quatro amigos (Hate, GoldenBoy, Brownhole e Credit) tínhamos nos reunido na casa do El Bingeroso. El Bingeroso tinha um amigão das antigas que estava na cidade, Thomas, e queria entretê-lo. Chegamos lá por volta das sete da noite e, de imediato, começamos a assar uma carne e tomar muito álcool.
El Bingeroso, que morava com a noiva, estava empolgado por rever seu velho amigo de faculdade e começou a tomar umas. A noiva dele, Kristy, sabendo da propensão que Bingeroso tinha para comportamentos desregrados em relação à embriaguez, me pegou num canto e me fez prometer que eu me manteria sóbrio para poder dirigir. Por ironia do destino e embora puto no momento, foi a melhor decisão que já tomei na vida.
Depois de consumir toda a carne e a bebida da casa, saímos. Decidimos dar uma passada em algum bar. Alguém citou um lugar chamado “Shooters ii”, com um touro mecânico. Muito atraente.
Na hora que chegamos, El Bingeroso e Thomas estavam tão bêbados que cantavam Johnny Cash e davam bico nos carros do estacionamento. O resto da festa não estava lá muito melhor. Hate, normalmente uma pessoa impaciente, estava tão bêbado que duvidava das placas de “Pare”. Tendo lutado com Jack Daniels nas últimas duas horas e perdido, estava pronto para uma briga. Brownhole e GoldenBoy já estavam cambaleando. Eu mentalmente me preparava para o pior.
Pagamos dois dólares pela consumação. A garota atrás do balcão se vestia de roupa de lycra de cowgirl bem apertadinha, cheia de laços e fru-frus. As botas eram pretas com pele de cobra branca. Mas era o chapéu enorme de leopardo que realmente compunha o figurino.
O bar era decorado no clássico estilo rancho “novo faroeste”: chifres longos, latas de óleo e celas decorando as paredes. Por um instante pensei que Patrick Swayze fosse aparecer para dar porrada nos forasteiros indisciplinados. Eu estava tão ocupado vendo toda a parafernália caipira que só notei algo quando Hate chamou a minha atenção, dizendo “Porra, isso é sensacional”.
No centro do bar havia uma coisa que eu nunca tinha visto na vida: luta livre profissional ao vivo.
Vamos deixar as coisas claras: tinha um ringue, montaram um ringue de luta livre completo no meio do bar, e, alguns caras, profissionais, no ringue, lutavam um com o outro. Devo ter parado uns três minutos tentando fazer com que meu cérebro pegasse no tranco e acreditasse no que eu via.
Um ringue de verdade, bem no meio do bar. Dois lutadores suados e desengonçados digladiando. Uma faixa branca atrás do ringue trazia os seguintes dizeres, bem visíveis: “Esta é a Associação de Luta Livre do Sul”.
Hate foi o primeiro a entrar em ação. Como um ex-lutador de luta livre que era, totalmente descontrolado e quase o tempo todo cheio de ódio, imediatamente se enfiou entre os espectadores para chegar ao lado do ringue e começou a xingar com vontade os lutadores.
“seus palhaços idiotas de merda! minha vó lutaria melhor! vocês têm sorte de eu não estar aí, seus veadinhos da porra! me deixa lutar. vou acabar com a raça de vocês!”
O que continuou por mais uns cinco minutos. Todos nós, estupefatos e fixamente embriagados por essa cena de comédia surreal que se desenrolava diante de nossos olhos. Em favor de Hate é preciso dizer que os caras do ringue não estavam em boa forma. Quando falo “não estar em boa forma” quero dizer “gordos pelancudos”.
Uma simples cerveja depois, Hate fez das suas. Ele passou das cordas que separavam a galera do ringue e começou a dar tapas na lona e a xingar os lutadores. Um segurança lhe pediu para parar. Hate entendeu o gesto como indicação para que entrasse no ringue e, com a cerveja firme na mão, tentou subir ali. Dois seguranças o imobilizaram antes que subisse. Conseguimos tirar Hate dos seguranças, prometemos que ele ia se comportar e lhe demos outra cerveja. Hate continuou falando: “minha vó poderia chutar o rabo deles. Não passam de uma piada”, muitas e muitas vezes.
Então percebi o quanto a gente se destacava. Usávamos uniforme tipo escolar: cáqui e com botõezinhos. Ninguém por perto compartilhava nossa opção de moda. Eles estavam todos vestidos no “caipira casual”. Jeans sujos e diversas camisetas com dizeres do tipo “Passei por aqui e lembrei de você”. Os que estavam mais bem-vestidos tinham chapéu de caubói, bota de caubói, camisa de flanela e jeans limpos. Tendo crescido em Kentucky, eu sabia que pessoas desse tipo não eram muito a fim de tratar ninguém de forma exatamente gentil e delicada, ainda mais depois de beberem. Arquivei esse pensamento como “óbvio presságio”.
Nessa hora, Hate havia se separado da gente e se enfiado em uma discussão com um grupo de caipiras mais jovens sobre os méritos relativos do Norte versus Sul. Hate é da Pensilvânia. Os caras não estavam concordando com as opiniões dele. Hate proclamava que poderia acabar com qualquer lutador naquela noite. Dois dos caipiras, um deles muito gordo, apresentaram-se como primos de um dos lutadores, o que era chamado “Motorbike Mike” ou algo do gênero. Hate questionou a sexualidade do primo deles. Uma garota dentro do grupo se apresentou como namorada do “Motorbike Mike”. Então Hate questionou o gosto dela por homens, sua moral torpe e sua inteligência.
O gordão, o tal primo do “Motorbike Mike”, que parecia ter algum parentesco com a namorada do Motorbike, resolveu dizer o que pensava sobre as opiniões de Hate. Ele tinha mais ou menos 1,90m; era ainda mais alto que Hate. Usava óculos grossos e tão horripilantemente engordurados que eu tinha vontade de tirá-los da cara dele e limpá-los na minha camiseta (lembre-se, estou sóbrio). A camiseta regata branca tinha gordura e marcas de ketchup que cobriam parcialmente o logo do show do George Strait.
O caipira precisava desesperadamente de um curso de lógica. Estava perdendo uma discussão para um sujeito tão bêbado que seria capaz de subir em ringue de luta livre:
Hate: “O Sul é cheio de retardado e caipira. Você é qual dos dois?”
O caipira tenta explicar. Eu não consigo entender. Hate o ignora.
Hate: “Nada disso muda o fato de eles namorarem e serem parentes. Isto é incesto. Vocês são merda sulina.”
Caipira: “Opa, no Norte só tem veado riquinho.”
Hate: “Pode ser, o que não muda o fato de você não ter respondido a minha pergunta. Você é obviamente um idiota.”
Caipira: “Bem... você não vale merda nenhuma, que nem o Norte.”
Hate: “Este é um grande elogio pra mim. Você está me ajudando, idiota.”
Caipira: “Veado, vou acabar com a sua raça. Vamos ver quem é melhor então, corno riquinho.”
Alguns minutos depois, a luta livre terminou e houve um pequeno intervalo na ação. Tirei Hate do estimulante bate-papo e reunimos todos no bar. Hate pagou uma rodada.
Depois das cervejas, começou a rolar o touro mecânico. Hate se inscreveu, mas começou a gritar xingamentos para o cara do outro lado do bar, o caipira gordo com óculos engordurados, assim que ele também se inscreveu. El Bingeroso colocou uma nota de dez dólares no balcão e chamou o caipira.
El Bing: “aí, seu gordo, aposto dez dólares que meu amigo fica mais tempo que você em cima do touro.”
Caipira: “Vá à merda, bicha do Norte. Eu vou montar na vaca da sua mãe!”
El Bing: “O quê? Minha mãe não está aqui, trouxa. Você tem que montar nele.” Apontava para Hate.
O caipira saiu sem responder. Depois de algumas garotas montarem no touro, o caipira subiu e caiu em quatro segundos. Fraca exibição. A gente tirou um belo sarro dele, sem dó. Ele mostrou o dedo do meio pra gente. Vaiamos bastante.
Hate montou por oito segundos completos, magníficos oito segundos. Nos primeiros quatro segundos ele estava indo bem, até que o touro foi pra trás e pra frente abruptamente. Se Hate fosse como o caipira, o touro o teria feito cair na parte acolchoada. Mas Hate é como um pitbull: uma vez que sua mandíbula trava, nada neste mundo consegue fazer com que ele solte. Resultado: o corpo todo dele desabou em cima de sua bacia que, por sua vez, caiu em cima de sua mão, que estava presa no bico da sela. Era possível ver o cara quase verde enquanto todo o seu corpo esmagava seus testículos contra o punho. Pelo menos ele conseguiu se manter por oito segundos completos.
Hate, El Bingeroso e Thomas se juntaram na discussão do Norte versus o Sul, enchendo o saco do caipira gordo.
Hate: “Ei, Jetro, como consegui ficar mais tempo que você? Sua bunda grande poderia ter te ajudado a ficar mais quatro segundos.”
Thomas: “Pode alguém do Sul fazer qualquer coisa certa?”
El Bing: “Se você não estivesse comendo sua prima, seria capaz de segurar mais forte.”
Hate: “Você achou que o Norte não valia nada? Eu nunca tinha visto essa merda na minha vida e já detonei você logo de cara.”
O caipira mostra o dedo de novo, grita um monte de palavras desconexas, que têm a pretensão de serem ofensas com as quais provavelmente quer nos depreciar, e ainda nos satiriza perante seus amigos. Hate não gostou nada disso.
Hate: “ele te deve dez paus.”
El Bing e eu convencemos Hate de que está tudo bem, que, neste caso, uma vitória moral é suficiente.
O intervalo do touro mecânico acaba, e a luta livre recomeça. Tudo se acalma por um tempo. Os dois lutadores eram incrivelmente gordos, mas eles usavam objetos cenográficos (lata de lixo e afins) e sangue falso, puro entretenimento.
Eu fui ao banheiro, e, quando voltei, Hate tinha desaparecido novamente. Encontrei-o perto do ringue, tentando pegar algum dos lutadores pelo tornozelo. Corri na direção dele; que já estava nas mãos dos seguranças que tentavam acalmá-lo. Sem sucesso.
Neste ponto, lidar com Hate era o mesmo que levar um pitbull dos brabos ao concurso de beleza canina. Dei uma assistência aos seguranças para tirar Hate do ringue e acabamos ficando na área em que aquele caipira rechonchudo e sua trupe estavam. Motorbike Mike também estava ali confraternizando com seus parentes e a namorada. Hate, vendo o caipira gordo, manda: “Ô, passa pra cá os dez contos do Bingeroso.” Motorbike Mike e eu tentamos aliviar as coisas, quando Hate percebe quem está ali:
“sua bicha, você come sua prima! dá OS meus dez dólares! vou chutar essa sua bunda branca do sul!”
O inferno se abre.
Os seguranças perdem a paciência com Hate e, três deles, além de Motorbike Mike, pegam-no e, literalmente, o jogam pra fora do estabelecimento. El Bingeroso e Thomas estão bêbados, um segurando o outro para não caírem, relembrando histórias da faculdade. Brownhole está conversando com a única garçonete que tinha um par de dentes. GoldenBoy torce pelos lutadores, pedindo para que coloquem mais sangue falso.
Quando El Bingeroso fica bêbado, a violência vem no pacote. Irritado por causa da expulsão de Hate, El Bing começa a amassar cinzeiros e jogá-los para fora do bar. Isso chateia o gerente, que se aproxima de mim.
Gerente: “Filho, acho que está na hora de você e seus amigos irem embora.”
Tucker: “Sim, senhor, concordo plenamente. Só me deixa juntar todo o mundo e a gente já vai.”
Reúno todos e explico a situação. Fomos convidados a nos retirar. Assim que a gente se encaminha para a porta, Hate entra.
Hate: “Oi, gente.”
Tucker: “O que você está fazendo aqui? Você foi expulso!”
Hate: “Não vai ser tão fácil me tirar daqui. Paguei meus dois dólares. Vou fazer valer essa grana.”
Legal, vou te dizer que fomos todos expulsos. Está na hora de ir. Consigo convencer o pessoal a seguir rumo à porta de saída. El Bingeroso é o primeiro a sair e espera pelo resto do grupo. Ele vê um caminhão estacionado perto da porta. Volta alguns passos e sai correndo para chutar a parte da frente do caminhão. Duas vezes. Ainda estou na minha negociação com a galera pra gente sair, quando um caipira dos grandes aparece e vai em direção ao Bingeroso.
Caipira: “Ô, moleque! Você acabou de chutar aquele caminhão?”
El Bingeroso não sabe como responder. O cara é grande e El Bing sabe que é culpado, mas não quer admitir isso para um caipira. Então, apenas olha para ele.
Caipira: “Eu fiz uma pergunta, moleque: você chutou aquele caminhão?”
El Bingeroso: “Que tipo de idiota é você?”
Esta foi, aparentemente, a frase mágica, porque o caipira deu um tapão na cara de El Bingeroso. Thomas, que estava assistindo, jogou sua garrafa de cerveja no chão e tentou dar uma voadora no caipira. A pontaria dele não é das melhores. A briga se torna uma dança coreografada bem brega: El Bingeroso, Thomas e o caipira grandão bailam se movendo de forma alternada para não receberem um murro direto.
Antes que eu possa intervir (eu estava a uns dez metros dali quando rolou o primeiro soco), mais dez caipiras saem pela porta. Brownhole e eu conseguimos, com habilidade, tirar El Bingeroso e Thomas do crescente grupo de caipiras e damos um jeito de amenizar as coisas por um tempo.
Tucker: “Ok, estamos partindo. Desculpa qualquer coisa, estamos de saída.”
O grupo, que era agora de vinte ou trinta caipiras, estava perto da porta olhando e gritando para Brownhole, Credit e GoldenBoy, e eu tentava afastar Thomas e El Bingeroso de perto da porta.
Alguns segundos depois, Hate sai do meio da multidão de caipiras, emergindo do outro lado assim que um dos caipiras xinga El Bingeroso aos gritos. Hate, sendo leal e bêbado ao mesmo tempo, imediatamente pega o cara pelo pescoço e o encosta naquele mesmo caminhão que era chutado por El Bing alguns minutos atrás.
Os eventos do momento seguinte não são tão claros, mas consigo me lembrar de:
Então, as palavras definitivas da noite saem da boca de Brownhole: “caralho, o cara tem uma arma! arma! arma! arma! uma porra de uma arma!
A palavra “arma” pode causar coisas estranhas em uma briga. Neste caso, acabou com ela na hora. Ao ouvir essa palavra, El Bingeroso e Thomas saíram imediatamente para a rua com Credit, e GoldenBoy e Hate começaram a se retratar, hesitantes, comigo e com Brownhole.
Brownhole e eu conseguimos levar a galera em direção ao primeiro local seguro por perto, um bar chamado Oak Room. Subimos um lance de escadas e nos deparamos com três garotas. Hate é o primeiro a chegar nelas.
Uma delas diz: “Oi, gente, bem-vindos ao evento filantrópico Pi Phi Fall. Custa dois dólares a entrada. De qual fraternidade vocês fazem parte?”
Hate: “Dois dólares? Eu acabei de pagar dois dólares pra entrar numa bela briga. Que merda é essa? Tucker, cuida disso! Não vou pagar porra nenhuma. Onde está a porra da cerveja?”
Ele passa pelas meninas em direção ao bar.
Garota: “Ei, você não pode fazer isso. São dois dólares pra entrar. Ei, moço!”
Eu realmente não preciso disso agora. Tento passar pela polícia Pi Phi, mas ela me segura. “Desculpe, você não pode entrar. Você tem que pagar os seus dois dólares e mais dois dólares pelo mala do seu amigo.”
Este foi o meu limite.
Tucker: “Você tá achando que tenho cara de palhaço? Você por acaso trabalha aqui?”
Garota: “Hum, não. Mas se trata de um evento filantrópico; é pra caridade.”
Tucker: “Então, se você não trabalha aqui, sai da bosta do meu caminho. Vou beber pela caridade.”
Brownhole acaba pagando para todo o grupo e ainda dá mais vinte para que as meninas se sintam bem. Ele faz qualquer coisa para que as meninas gostem dele.
Todos pediram cerveja. Eu também. El Bingeroso paga a rodada e então junta todo o mundo. A fala dele não é totalmente lúcida.
El Bing: “Ok, pessoal, sério... armas, ok? Não podemos ir a lugar nenhum sozinhos. A gente podia ter morrido. De verdade. Das armas. Não podemos sair deste bar, a não ser que seja em grupo. Precisamos ficar juntos. Podemos ser atingidos. Todo o mundo junto. Entenderam? Todos juntos.”
Concordamos. No momento, o grupo está em uma neblina de bebedeira, perdendo a ironia da questão. Eu rio e vou ao banheiro. Sozinho.
Ao voltar do banheiro, sorrio para uma bela garota que me retribui com um sorriso lindo. Eu escrevi o livro sobre xaveco, então chego nela e solto uma de minhas favoritas: “Você convidou todas essas pessoas? Pensei que seríamos só nós dois...”
Ela riu e eu passei os vinte minutos seguintes secando seus profundos olhos verdes, fingindo estar interessado naquelas coisas idiotas que ela dizia. Uma bela casa, pena que ninguém estava em casa.
De repente, lembrei-me de minhas tarefas como pastor do rebanho; olhei para todos os lados para saber se o pessoal estava bem. Para a minha surpresa, nenhum dos meus amigos estava lá.
Eu saí correndo e deixei a menina falando sozinha. Encontrei Brownhole perto da porta, falando com a garota que queria que pagássemos para entrar.
Tucker: “Cara, cadê todo o mundo?”
Brownhole: “Ué, os caipiras vieram e levaram eles, mas acho que o melhor pra gente é ficar por aqui.”
Tucker: “o quê? você é retardado? somos os únicos sóbrios aqui!!!”
Voo pelas escadas e deparo com o que pode ser descrito apenas como algo vindo diretamente de um remake malfeito dos filmes de gangues dos anos 90.
De um lado estão meus amigos, El Bingeroso, Thomas, GoldenBoy, Hate e Credit, em pé em cima dos bancos, apontando, gesticulando e gritando, de forma muito similar a dos babuínos das savanas africanas.
Do outro lado, mais ou menos vinte caipiras, engajados no mesmo modelo de ritual de dominância masculina. Entre eles há cinco seguranças tentando manter a calma e as partes em guerra separadas.
Hate sente que este é o momento de tentar e investe na corrida em direção dos caras. Ainda bem para ele que um dos seguranças o intercepta e lhe dá uma gravata. Hate não gosta muito da ideia e começa a acotovelar as costelas do cara. Normalmente ele deveria acotovelar a cara do sujeito; mas Hate tem 1,70m, a cara do segurança estava meio metro acima do seu alcance. Eu ajudo o segurança a trazer Hate de volta para o nosso lado e sair da zona de perigo de guerra. O segurança vê isso como sinal de que estou sóbrio e diz algo que já escutei algumas vezes em minha carreira de Direito:
Segurança: “Você precisa pegar seus amigos e sair daqui.”
Tucker: “Olha, é o seguinte. Nossos carros estão lá no estacionamento. Você vai ter que levar a gente pra lá. Aqueles idiotas estão armados e bem nervosos com a gente.”
O segurança acha tudo lógico e avisa os outros guardinhas. Eles fazem um círculo a nosso redor e começam a nos levar em direção aos carros. Os caipirões não parecem felizes com a ideia, mas o líder dos seguranças de alguma forma consegue arquitetar um grande plano para convencê-los a não nos atacar. Só posso dizer que tudo cheirava a violência e inevitável envolvimento policial.
Finalmente, conseguimos entrar no carro de Credit e percebo que Brownhole não está com a gente. Que legal. Eu poderia deixar aquele idiota lá no Oak Room. Olhando por todo o estacionamento, consigo visualizá-lo. Ele está caminhando bem próximo ao mesmíssimo caminhão que El Bingeroso chutou mais cedo, falando com o velho caipira que o dirigia.
Thomas vê a cena e grita: “Caraca, gente, Brownhole vai se foder.”
El Bing: “O quê? Onde? Brownhole! temos que resgatá-lo!”, e sai a mil em direção a Brownhole e o caminhão.
A conversa subsequente eu não consegui ouvir, mas foi relatada com veracidade tanto por Brownhole quanto por El Bingeroso. Brownhole tinha de alguma forma acalmado o velho caipira que dirigia o caminhão. O cara não só era dono do caminhão como também era dono da balada onde tudo começou. Ele estava no caminho de convencer o caipira a esfriar seus guerreiros, quando, de repente, eis que surge El Bingeroso.
Velho caipira: “Filho, seus amigos têm sorte de ter você para tirá-los daqui. Eu mato gente que nem eles.”
Brownhole: “Sim, senhor. Estou feliz por resolver tudo de forma pacífica.”
El Bing (correndo): “Brownhole, que merda é essa? Vamos sair desta merda. Esse veado tá armado!”
Velho caipira: “Arma? Garoto, tenho duas armas.” E o velho pega uma 9mm escondida em um compartimento no caminhão e aponta para cima, junto com a 12 de cano serrado na outra mão.
El Bing: “fodeu!”
El Bingeroso tenta fugir tão rapidamente que cai no chão.
Brownhole: “El Bingeroso, vai embora, volta pro carro, estou cuidando de tudo.”
Velho caipira: “Ei, garoto, era você que estava chutando meu caminhão. Tem que pagar pelo conserto.”
Brownhole: “El Bingeroso, por favor, vamos embora. Perdão, senhor, meu amigo precisa ir pra casa, ele está muito bêbado. O caminhão do senhor está muito bonito.”
Velho caipira: “Quem vai pagar pelo conserto do meu caminhão? Merda!!!”
Chegaram os seguranças intervindo da melhor maneira, e todos se empilharam no carro do Credit.
Sendo o único sóbrio, dirigi até o carro de GoldenBoy deixando que ele e Brownhole saíssem. Esperamos que eles entrassem no outro carro e nos mandamos.
Isso é importante porque a conversa no carro nos vinte minutos seguintes, quando íamos para Chapel Hill, foi em torno disso. El Bingeroso estava convencido de que tínhamos entregado GoldenBoy e Brownhole à morte deixando-os nas mãos dos caipiras. Hate se recusava a acreditar que armas estavam envolvidas. Thomas tinha certeza de que estávamos sendo seguidos. Credit caiu no sono. Foi mais ou menos assim:
Hate: “Cara, a gente deixou GoldenBoy e Brownhole. Eles morreram, porra. Abandonamos os dois pra morrer. E agora?”
Thomas: “Tucker, meu amigo, dá uma acelerada porque aquelas luzes estão seguindo a gente desde Durham.”
Tucker: “Gente, vamos relaxar. GoldenBoy e Brownhole estão bem, o caipira com a arma estacionou o caminhão dele, estamos bem, então cala a boca todo o mundo.”
Hate: “De que arma vocês estão falando? Não tinha arma.”
Bingeroso: “Vá se foder, Hate, eu vi a porra da arma! Eu vi as armas que os caipiras estão usando neste exato momento para matar Brownhole e GoldenBoy. Que merda a gente ter deixado os dois... Eles foram atingidos. Deixamos que eles encontrassem a morte. ELES ESTÃO MORTOS. MERDA!!!”
Hate: “Não tinha arma nenhuma.”
Bingeroso: “AAH... Vai se foder, eu vi a arma. Eu vi a filha da puta da arma! Eram duas armas, idiota!”
Thomas: “É sério, para numa delegacia. Os caipiras estão atrás de nós.”
Hate: “Quem se importa? Eles não têm arma nenhuma.”
Bingeroso: “Vá se foder... Eu vi a arma. Eu vi a porra da arma! Goldenboy e Brownhole estão mortos. Entendeu a merda? Nós abandonamos os dois!”
Thomas: “Tenho certeza de que são os mesmos faróis de caminhão que estão seguindo a gente desde Durham. Tucker, é sério, comece a fazer manobras evasivas ou algo do gênero.”
Bingeroso: “Deixamos nossos amigos... somos covardes.”
Hate: “Fale por si mesmo!”
Bingeroso: “Vá se foder, Hate! Vou acabar com a tua raça!”
Finalmente, conseguimos chegar a Chapel Hill. GoldenBoy e Brownhole estavam bem, não havia ninguém nos perseguindo, Credit acordou e todos disseram a Hate que realmente existiam armas. Bebemos algumas cervejas, nos acalmamos e fomos pra casa.
Eu estava exausto. Ser o único sóbrio em um grupo de nove retardados bêbados não é legal. Foda-se; a partir de agora, vou beber e dirigir. El Bingeroso e Thomas foram os últimos dois que eu deixaria, e fui pra casa de Bingeroso pra tomar uma com eles.
El Bingeroso estava com fome, então pegou um pacote de cookies pré-cozidos do congelador, abriu a embalagem, jogou tudo numa travessa e enfiou no microondas, colocando na temperatura mais alta dos infernos. Nos deu algumas cervejas, e ali revivemos a noite por um tempo, atualizando uns aos outros sobre as partes que não sabíamos. Depois de duas cervas, Kristy saiu do quarto, grogue e com olhos de sono, e disse a Bingeroso:
Kristy: “Que cheiro é este?”
El Bing: “Desculpa, amor, são os cookies queimando.”
Kristy: “Ah, tá ok. Dá pra vocês darem uma maneirada? Amanhã preciso acordar cedo pra trabalhar.”
Neste momento, Thomas se levantou e disse: “Maneirar? mulher, temos sorte de estarmos vivos!!!”