Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2001 Deborah Siegenthal. Todos os direitos reservados.
À PROCURA DO DESTINO, Nº 244 - Fevereiro 2012
Título original: My Lady De Burgh
Publicada originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
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I.S.B.N.: 978-84-9010-660-0
Editor responsável: Luis Pugni
ePub: Publidisa
Os de Burgh estavam amaldiçoados.
Robin estava certo disso. Embora a família continuasse a ser próspera e poderosa e os seus membros fossem saudáveis e fortes, havia uma força terrível que ia debilitando gradualmente os seus flancos e dispersando os de Burgh por todo o país. E Robin sabia bem qual era o nome dessa força: Casamento.
Há quatro anos, os sete filhos do conde de Campion estavam solteiros e decididos a permanecer assim. Depois, como que guiados por uma mão invisível, um a um, Dunstan, Geoffrey e Simon tinham-se casado. Até o próprio conde voltara a casar-se no Natal. E agora Robin fora convocado para assistir à celebração das núpcias do seu irmão Stephen.
Ao olhar à sua volta no grande salão do castelo de Campion, Robin não se alegrou ao ver os diferentes casais. Em vez de dar os seus parabéns, queria gritar, escandalizado. Não só lamentava o destino dos seus irmãos, como também dos três de Burgh que permaneciam solteiros, ele era o mais velho e sentia-se tenso. E com razão. Robin não fazia ideia de como se sentiam os outros dois, mas ele estava a começar a suar.
Não era que tivesse alguma coisa contra as mulheres. Representavam uma distração agradável de vez em quando, algumas mais do que outras, claro, mas nem sequer a mais entretida o tentava para uma união duradoura. A ideia de estar ligado a uma delas para sempre fê-lo levantar um dedo para afrouxar a gola. Já sentia como a corda lhe apertava a pescoço, prendendo-o para sempre a uma mulher desconhecida e sem nome.
Embora normalmente fosse o membro mais despreocupado da família, Robin começava a sentir o peso do seu futuro. Sendo homem e cavaleiro, lamentava aquele sentimento de impotência que o assaltava. Queria atacar, mas para que servia a sua habilidade com a espada contra um fantasma? Robin cerrou os dentes ao perguntar-se quanto tempo aguentaria. Embora os seus irmãos parecessem ter sucumbido sem lutar, ele recusava-se a aceitar o seu destino com tanta facilidade.
Tinha de haver uma maneira de o evitar. Robin aprendera que o raciocínio podia salvá-lo de quase qualquer situação e, normalmente, teria pedido conselho ao seu pai, mas o conde já fora vítima da maldição. Nesse caso, qualquer conselho que pudesse dar-lhe seria suspeito. E não fazia sentido pedir ajuda aos seus irmãos casados.
As opções de Robin foram diminuindo e sentia a pressão do desespero. Sempre pensara que os de Burgh eram invencíveis, pois eram homens poderosos e guerreiros fortes, treinados nas mais diversas artes. A riqueza, o privilégio e a capacidade tinham-se transformado numa arrogância inata que continuava a demonstrar-se, mesmo naqueles que agora se faziam chamar maridos, mas Robin sentia que a sua segurança em si próprio diminuía. Só restavam três de Burgh solteiros. Talvez fosse o momento de unir forças.
Depois de tomar uma decisão, Robin pôs-se imediatamente em movimento e procurou Reynold entre aqueles que enchiam o salão. Encontrou o jovem de Burgh sentado num banco, com as costas apoiadas na parede e a perna magoada esticada à frente dele. Normalmente melancólico, Reynold mostrava-se mais sombrio do que nunca e Robin perguntou-se se estaria a contar também as suas últimas horas de liberdade.
Lançou um sorriso ao seu irmão e sentou-se junto dele enquanto pensava no que dizer. Nunca abordara abertamente o assunto daquela propensão súbita e alarmante para o casamento e Robin não sabia como começar. Por sorte, Reynold falou primeiro.
– Consegues acreditar? – perguntou e apontou para Stephen com a cabeça. – Depois de todas as mulheres com que esteve, nunca pensei que assentaria. Nem que renunciaria ao seu gosto pelo vinho.
– Eu também não – concordou Robin. Observou Reynold cuidadosamente, mas a expressão do seu irmão era ininterpretável, como sempre. No entanto, estava decidido a seguir em frente. Embora os de Burgh preferissem morrer antes a admitir uma fraqueza, naquele caso era preciso sinceridade e o tempo estava a esgotar-se. Talvez juntos pudessem pôr fim aos casamentos. – Nunca imaginei que veria os nossos irmãos casados. Não te parece estranho que todos estejam a fazê-lo? E tão depressa?
Reynold encolheu os ombros. Nunca falava muito, portanto Robin não se sentiu particularmente desalentado com o seu mutismo. E não fazia sentido esperar mais.
– A mim parece – disse. – Parece-me muito estranho. Na verdade, penso que é obra de uma maldição.
Reynold virou-se para olhar para ele, mas Robin não se deixou amedrontar pelo escrutínio.
– De que outra forma o chamarias? – perguntou. – Há alguns anos éramos todos solteiros e parecia-nos bem. Agora, como se estivessem manipulados por alguma força misteriosa, os de Burgh vão caindo vítimas das mulheres. Um por um. Até o nosso pai! Devemos fazer alguma coisa antes de sermos os próximos.
Robin seguiu o olhar de Reynold até ao copo que tinha na mão e franziu o sobrolho. Estivera a beber muito vinho, mas quem não o faria, para enfrentar a sentença do seu futuro? Sem dúvida, até o implacável Reynold devia estar preocupado.
– Não te preocupa? – perguntou Robin.
– O quê?
– Ser apanhado por alguma mulher – apontou para os seus irmãos, outrora solteiros, que rondavam as suas respetivas mulheres. – Transformares-te num deles.
– Seria uma sorte – respondeu Reynold, suspirando.
– Sorte? Digo-te que estão amaldiçoados! – protestou Robin.
Reynold olhou para ele como se tivesse perdido o juízo.
– Olha para eles, Robin – disse. – Achas que são infelizes?
Robin olhou, obedientemente, para o irmão que se encontrava mais perto na sua linha de visão. Era Stephen e Robin teve de admitir que o seu irmão parecia estar melhor e mais encantador do que nunca, mas isso era provavelmente porque parara de beber. É óbvio, sorria como um parvo, como todos os outros, até mesmo o arisco Simon. Quanto a Geoffrey, o estudioso, cantarolava para o bebé que tinha ao colo, como se o tivesse trazido ao mundo e Robin sentiu uma punhalada de algo estranho.
– Claro, todos parecem felizes, caso contrário, não o teriam feito – disse. – Mas digo-te que faz tudo parte de uma maldição sobre a família.
– Quase todos os homens venderiam a sua alma por uma maldição assim – murmurou Reynold. – Não há nenhuma maldição.
– E como podes ter a certeza disso? – perguntou Robin, incomodado com o ceticismo de Reynold.
– Porque eu nunca me casarei – respondeu o seu irmão, levantou-se e afastou-se a coxear ligeiramente.
Robin franziu o sobrolho. Era a sua imaginação ou o seu irmão estava mais mal-humorado do que de costume? Talvez fosse porque, dos sete irmãos de Burgh, ele era o único que permanecia em Campion. Robin perguntou-se se devia ficar depois da celebração em vez de regressar a Baddersly, as terras que administrava para Dunstan. Mas a ideia de todas as mudanças que tinham tido lugar na sua ausência, incluindo a chegada de uma nova dama do castelo, uma madrasta, fez com que tremesse. Desejava regressar ao Campion de sempre, não àquele lugar novo e inóspito.
Parecia que fora ontem que os seus irmãos e ele viviam lá juntos, fazendo brincadeiras, confiando uns nos outros. Tinham sido como um clã grande e glorioso.
Mas agora tudo era diferente. Os seus irmãos estavam dispersos por todo o reino, vivendo com as suas esposas e regressavam no Natal ou para alguma ocasião extraordinária como aquela. Não era bom. Robin retorceu-se, angustiado, face ao vazio que se abria à frente dele cada vez que pensava na sua família. Embora a sua não fosse uma natureza amarga, sentia-se traído de algum modo.
Mesmo assim, odiava culpar os seus irmãos. Obviamente, estavam cegos ou sob algum encantamento. De que outra forma explicaria o seu comportamento? Robin crescera com eles numa casa de homens, vivia agora rodeado de cavaleiros em Baddersly e, simplesmente, não compreendia aquela obsessão súbita por se casarem.
Começara com Dunstan, o mais velho, e o homem que Robin mais admirava no mundo. Depois de servir como cavaleiro ao rei, Dunstan conseguira terras próprias, Wessex, e agora era conhecido como o lobo de Wessex. Ao vê-lo casar-se com Marion, a mulher que todos os de Burgh tinham em alta estima, Robin espantara-se. Mas o casamento fora forçado dadas as circunstâncias, pois o tutor de Marion ameaçara-a. E dado que Dunstan já vivia longe, a união quase não alterara as coisas em casa.
O pobre Geoffrey vira-se obrigado a casar-se por decreto real, numa união traçada para pôr fim à guerra entre Dunstan e o seu vizinho. Naquela época, Robin sentira-se agradecido por ter escapado, embora o tivesse lamentado por Geoff, cuja esposa era uma criatura horrível. Depois, ela tornara-se mais amável, mas Robin ainda sentia compaixão pelo seu irmão, embora Geoff parecesse tão devoto como Dunstan com Marion. Mesmo assim, as circunstâncias que rodeavam ambos os casais eram tão pouco comuns que tinham despertado as suspeitas de Robin.
Mas tinham sido as núpcias de Simon que mais o tinham afetado.
Simon, o mais feroz de todos, um guerreiro, apaixonara-se voluntariamente pela mulher que o vencera na batalha. Quando Robin e os seus irmãos tinham tentado ajudá-lo, já era muito tarde. Geoffrey até insistira em fazer de casamenteiro entre os dois, um ato que Robin considerara uma traição aos do seu próprio sangue.
Fora então que começara a pensar que Dunstan, Geoffrey e Simon estavam possuídos. E aquela celebração por Stephen, que era conhecido por experimentar os encantos de todas as mulheres, confirmara a sua opinião. Se Stephen podia casar-se, então, os outros estavam condenados. Os seus irmãos tinham mostrado as suas fraquezas e tinham sucumbido, mas Robin não tinha intenção de ser o próximo a render-se.
Não era que não gostasse de mulheres. Estivera com várias e tinham-lhe proporcionado distrações agradáveis. Muito agradáveis. Mas, fora do quarto, a sua beleza desaparecia. Quase todas pareciam criaturas petulantes e exigentes e não queria viver uma vida assim, mesmo que os seus irmãos parecessem felizes.
Talvez Reynold desejasse um destino assim, mas ele não e morreria antes de esperar pacificamente pela sua própria ruína. Quanto mais pensava nisso, mais decidido estava. Com ou sem ajuda, tentaria descobrir que força ameaçava os de Burgh antes de ser demasiado tarde. Respirou fundo, decidido, mas a sua determinação desapareceu ao perceber uma coisa.
Infelizmente, não sabia nada sobre maldições nem sobre como quebrá-las. O conde criara os seus filhos para serem cultos e riam-se face a qualquer ideia de bruxas, sortilégios e coisas assim. Embora Robin sempre tivesse estado mais inclinado do que os outros para o poder dos encantos e dos talismãs, não tinha ideia de onde encontrar um totem que o protegesse do casamento. A julgar pelo que sabia, não havia um santo padroeiro dos solteiros, a não ser que as pessoas contassem com os monges e Robin não tinha intenção de fazer voto de castidade.
Descartou rapidamente a igreja como fonte de ajuda naquele assunto, pois a sua visão do casamento era bem sabida. Não, precisava de alguém que fosse perito na natureza mística. Mas as únicas pessoas que acreditava que podiam estar familiarizadas com isso eram os l’Estrange. A esposa de Stephen e os seus parentes. Todo o salão estivera cheio de rumores sobre eles desde que Robin chegara. Mas não acreditava que a noiva gostasse que a acusasse, embora discretamente, de fazer parte de um complô contra os de Burgh.
Robin franziu o sobrolho, pensativo. Embora não pudesse aproximar-se de Brighid, ela tinha tias e dizia-se que tinham a capacidade de curar e outras habilidades pouco comuns. Se não tentasse reparar os erros dos seus irmãos mais velhos, já condenados às suas esposas, mas simplesmente tentasse acautelar a sua própria perdição, talvez pudesse convencê-las a ajudá-lo.
Bebeu um gole para ganhar forças, levantou-se e lamentou imediatamente o movimento brusco, pois a cabeça começou a dar-lhe voltas. Pousou o copo vazio com um calafrio, já que não desejava ocupar o lugar que Stephen deixara vazio como bêbado da família. Respirou fundo e mexeu-se entre a multidão à procura das l’Estrange.
Não foram difíceis de encontrar, pois tinham vestidos muito coloridos que se destacavam entre os outros. A mais baixa e gordinha tinha uma espécie de guizos cosidos às mangas, um sinal evidente de excentricidade. Sem dúvida, ela poderia ajudá-lo.
– Senhora l’Estrange? – perguntou e foi recompensado por um tinido quando a mulher se virou para ele com um sorriso.
– Milorde!
– Por favor, chame-me Robin, senhora.
– É óbvio! E eu sou Cafell. Conhece a minha irmã Armes? – perguntou, apontando para a mais alta.
Robin assentiu.
– Tenho de dizer que é um prazer receber-vos na nossa família.
– Ena, obrigada, lorde Robin – disse Cafell.
– Robin bastará – corrigiu-a Robin e tentou afastar-se com ela. Infelizmente, a sua irmã seguiu-os, portanto teve de se dirigir a ambas. – Na verdade, considero a vossa chegada como um golpe de sorte para mim, pois preciso dos vossos talentos especiais.
– Tem uma lesão que precisa de ser curada? –perguntou Cafell.
– Não. O meu problema é um pouco mais estranho do que isso. Um assunto muito delicado, na verdade…
Armes interrompeu-o com um olhar agudo.
– Isto não terá nada a ver com a herança dos l’Estrange, pois não? – perguntou.
– Bom, sim…
– Ah, que bom! – exclamou Cafell, batendo as palmas de alegria, apesar do olhar de censura da sua irmã. Robin olhou para ambas sem entender nada. Embora Cafell parecesse contente com o seu pedido, Armes permanecia alerta. Perguntou-se que habilidades teria e se acabaria metido em mais problemas. Tentava livrar-se de uma maldição, não precisava de outra.
– Diz-me, o que podemos fazer por ti? – perguntou Cafell.
– Irmã, não penso que… – começou Armes.
– Oh, Brighid não pode queixar-se quando ela… – interrompeu-a a sua irmã.
– Mas é um de Burgh! – protestou Armes.
– Muito melhor! – exclamou Cafell, esfregando as mãos de um modo que começou a alarmar Robin. Começou a reconsiderar o seu plano e deu um passo atrás, mas, então, sentiu a mão de Cafell no braço.
– Não, lorde Robin! – exclamou, antes de se virar para a sua irmã. – Armes, pelo menos, devemos ouvir o que quer, por cortesia. Ao fim e ao cabo, agora somos parentes – acrescentou, o que não encorajou Robin. Virou-se para ele, sorridente. – Vá lá, diz-nos o que te atormenta.
– Bom – começou Robin. Olhou para Armes, receoso, mas ela assentiu, finalmente, com rigidez, o que ele interpretou como um gesto para continuar.
– Diz, querido – replicou Cafell.
– Bom, estava a pensar em todos estes casamentos – disse Robin. – Parece-me estranho que aconteçam tão seguidos uns aos outros, quando, há poucos anos, todos os de Burgh eram solteiros.
– E o que tem de estranho? – perguntou Armes. – Sete jovens saudáveis em idade de se casar estão destinados a procurar esposas, sobretudo lordes de uma família tão importante.
– Para continuar a dinastia! – exclamou Cafell.
– Possivelmente – admitiu Robin, embora secretamente não aceitasse a explicação. Os seus irmãos nunca tinham pensado em reproduzir-se até depois de estarem casados. E porquê todos de uma vez? Dunstan casara-se tarde, mas os outros faziam-no cada vez mais jovens. – Seria possível que alguém tenha lançado algum tipo de… feitiço?
– Provavelmente, o seu próprio pai – murmurou Armes e Robin pestanejou, perguntando-se se ouvira bem.
– Oh, estás a brincar, não é, Robin? – perguntou Cafell. – O teu irmão já nos tinha dito que eras um brincalhão.
– Eu penso que fala a sério – disse Armes e ambas ficaram a olhar para ele com um interesse renovado.
– Ena, mana, penso que tens razão. Mas porque quereria…
– Está preocupado com ele próprio – disse Armes, num tom enojado que fez com que Robin se endireitasse, embora dificilmente pudesse ofender-se face a algo que era verdade.
– Oh, pobre rapaz! – exclamou Cafell. – Oxalá pudéssemos ver o teu futuro, para te tranquilizar, mas Brighid não gosta dessas coisas. Embora admita que ultimamente se mostra mais aberta – Cafell olhou para a sua irmã, que abanou firmemente a cabeça.
– Não penso que ela apreciasse esse tipo de interferência com a sua nova família – disse Armes.
– Talvez conheçam alguém que possa solucionar o problema – sugeriu Robin.
– Não é como se pertencêssemos a um grémio, jovenzinho – respondeu Armes.
– Realmente não conhecemos mais ninguém com semelhante talento, para além da nossa família – explicou Cafell, amavelmente. – Mas não desesperes. Pensaremos em alguma coisa.
Ambas as mulheres trocaram olhares, depois, Cafell franziu o sobrolho, pensativa.
– Bom, há o primo Anfri – disse, finalmente.
– Um completo charlatão! – exclamou Armes.
– E Mali?
– Morto. Os l’Estrange não têm muitos anos de vida.
Robin perguntou-se se a união com Stephen mudaria isso, mas Cafell deu um grito e assustou-o.
– E Vala? – perguntou.
– Oh, pobre Vala. Era uma beleza e com muitos talentos – respondeu Armes.
– Não se casou com um dos príncipes galeses? – perguntou Cafell.
– Sim. Como se chamava?
– Owain ap Ednyfed?
– Penso que sim – concordou Armes. – Mas pensei que tinha morrido pouco depois disso.
– A sério? Eu pensei que não era verdade, mas é possível – disse Cafell. – Houve muitas batalhas por lá durante os últimos anos. Um príncipe contra o outro ou o próprio Llewelyn e, é óbvio, contra o rei. Tivemos a sorte de nos afastar de tudo isso – fez uma pausa. – Mas penso que havia uma filha.
– Não me recordo – disse Armes. – Foi há muito tempo e eram só rumores…
– Talvez lorde Robin possa ir ver – sugeriu Cafell. – Vala tinha muitos talentos.
– E onde poderíamos encontrá-la? – perguntou Robin.
– Em Gales, é óbvio. É lá que residem quase todos os l’Estrange, exceto nós, claro.
Robin ficou a olhar para ambas as mulheres, que sorriam benignamente, e conteve um gemido. Stephen e a sua esposa tinham regressado de Gales com rumores de guerra. Os príncipes galeses estavam a arrebatar terrenos e a enfrentar as pessoas de Eduardo. Aquelas duas mulheres quereriam vê-lo morto?
As l’Estrange pareciam alheias ao perigo e esperavam a sua resposta, ansiosas, de modo que lhes agradeceu educadamente e se desculpou. Enquanto se afastava, Robin apercebeu-se de que tinha chegado a um ponto morto nos seus esforços para quebrar a maldição.
Mas a sua falta de êxito era difícil de aceitar, pois, se não fizesse nada, acabaria casado. E depressa.
Robin observou o seu anfitrião a levantar um copo para brindar pelos de Burgh e perguntou-se o que fazia na fronteira com Gales quando havia rumores de uma revolução. Quer fosse impulsionado pela sua preocupação, ébrio pelo vinho, ou ansioso por escapar da gente de Campion, abandonara a sua casa familiar à procura da misteriosa Vala, contra o seu bom julgamento.
Mesmo tendo chegado sem avisar, o senhor e a senhora tinham-lhe dado as boas-vindas e tinham organizado um banquete em sua honra, celebração com que Robin se sentia ligeiramente incomodado. A julgar pelas insinuações veladas, deduziu que pensavam que a sua visita inesperada, quase seguida pela de Stephen, significava que os seus irmãos e ele estavam envolvidos numa missão secreta para a coroa. Robin ter-se-ia rido se não fosse pela atmosfera tensa que reinava no castelo.
Mais tarde, depois de ser entretido com anedotas sobre as transgressões de Llewelyn e do seu irmão David, Robin abordou finalmente o assunto que o levara à fronteira de Inglaterra com Gales.
– Digam-me, sabem alguma coisa sobre um príncipe chamado Owain ap Ednyfed ou sobre a sua esposa, Vala? – perguntou.
Os senhores do castelo entreolharam-se.
– O que se passa com eles?
– Uns parentes em Inglaterra perguntaram por ela – respondeu Robin.
– Morreu há muito – respondeu o senhor, com o sobrolho franzido.
Algo na sua resposta deixou-o alerta e abanou a cabeça quando um empregado lhe ofereceu mais vinho, pois precisava de estar sóbrio.
– Tiveram descendência? – perguntou.
Uma vez mais, trocaram olhares e pôde sentir os olhos do senhor a atravessá-lo, procurando segredos. Sem dúvida, pensavam que conhecia alguma revolução ou o destino das suas posses. Pouco sabiam que o seu interrogatório tinha mais a ver com algumas supostas adivinhas do que com a independência de Gales.
Por alguma razão, Robin pensava que a sua missão não lhes pareceria divertida, de modo que se retirou cedo. Não era nenhum provocador, como o seu irmão Simon, e aquela visita fizera-o regressar a terra segura o mais depressa possível.
Infelizmente para os de Burgh solteiros, parecia não só que chegara a um ponto morto, como também ao fim do caminho. Perguntou-se o que pensaria o senhor do castelo se lhe perguntasse pela direção de uma feiticeira local, talvez alguma praticante celta, e soprou para si. A ideia de encontrar alguém que quebrasse uma maldição parecia absurda agora que se afastara de Campion e das l’Estrange.
Sempre fora facilmente influenciável. Desesperado para evitar o mesmo destino que os seus irmãos, agarrara-se ao primeiro plano em que pensara, sem importar que fosse desatinado, quando o melhor seria seguir caminhos mais tradicionais.
Talvez devesse entrar em contacto com algum monge ou até peregrinar para algum lugar sagrado, embora não soubesse para qual. Santa Agnes era a padroeira da pureza, mas, dado que não era pureza que procurava, Robin desprezou essa ideia com um gemido.
Um som, seguido rapidamente de outro, ecoou pelos muros do castelo e Robin diminuiu a velocidade dos seus passos. Embora tivesse bebido e comido muito, os seus sentidos continuavam alerta e, ao chegar ao corredor escuro situado à frente do seu quarto, sentiu a presença de outra pessoa.
Dado que a situação local era de instabilidade, Robin agarrou na adaga que guardava no cinto. Virou-se ligeiramente, no caso de uma arma o aguardar por trás, uma possibilidade nada desdenhável, considerando que todos ali o tinham por espião.
Mas, quando se virou para olhar, Robin não viu nenhum assassino, só o homem que o servira na mesa. Mesmo assim, o homem tinha um certo ar furtivo que manteve Robin alerta.
– Milorde… – sussurrou o empregado.
– Sim? – perguntou Robin.
– Ela não morreu, fugiu.
– Quem? Vala?
O homem assentiu.
– E havia uma filha, embora todos o neguem agora. Eu vi-a.
Intrigado, Robin deu um passo para ele.
– Onde estão agora?
Mas, naquele momento, ouviram-se passos e o homem fugiu.
– Espera! – exclamou Robin.
– Procure num refúgio para mulheres no seu país, milorde. Um daqueles cheios de dor – disse o empregado, antes de desaparecer na escuridão e deixar Robin a observar o episódio curioso. Quando pensava que o caminho acabara, abria-se em todas direções.
Mas queria mesmo segui-lo?
Robin agitou-se inquieto sobre o seu cavalo e perguntou-se o que fazia à frente de um convento. E não qualquer convento, mas o de Nossa Senhora das Dores.
Fora uma viagem comprida e estranha. Embora não tivesse voltado a ver o empregado, Robin despedira-se do seu anfitrião decidido a esquecer-se da mulher que se casara com um príncipe galês. Mas, por alguma razão, depois de abandonar a fronteira, acabara numa abadia próxima, o único lugar que considerava refúgio para mulheres. Uma vez lá, perguntara por mais lares desse tipo e, ao ouvir o nome de Nossa Senhora das Dores, sentira a necessidade de viajar até lá.
Robin dizia-se que só estava ali por curiosidade, pois as histórias do destino de Valha interessariam a qualquer um. E sempre gostara de um bom mistério. Além disso, podia ser de ajuda à família da esposa de Stephen que, sem dúvida, se alegraria por saber que a sua parente estava viva. Talvez até pudessem organizar um reencontro.
Mesmo assim, apesar daquelas promessas, Robin sentia uma compulsão mais profunda que o obrigava a seguir em frente. Não sabia se era a preocupação pelo seu próprio futuro ou o simples desejo de resolver o assunto. Mas, quando descobriu que o convento não era longe de Baddersly, regressou à propriedade do seu irmão. Lá, deixou para trás os seus escudeiros para poder continuar sozinho durante o último percurso de uma viagem que até ele começava a estranhar.
E assim, deu por si sozinho naquele dia primaveril ensolarado, à frente da porta de uma pequena abadia rodeada de olmos. Enfrentando finalmente o seu destino, Robin sentiu certa vergonha face ao que o levara ali. O seu desejo egoísta de evitar o casamento, que a igreja tanto encorajava, parecia-lhe uma blasfémia à frente daquele lugar sagrado.
Nossa Senhora das Dores era obviamente um lugar de paz, de mulheres tranquilas, puras de alma e corpo, que entregavam a sua vida ao culto. E durante vários minutos Robin ficou onde estava, sem saber se devia entrar no santuário e alterar a paz, estragada apenas pelo canto dos pássaros nos ramos das árvores.
Enquanto considerava o que fazer, um grito surgiu do interior do convento e chegou aos seus ouvidos. Ao princípio, Robin pensou ter ouvido mal, mas depressa as palavras chegaram com claridade. Embora nunca tivesse imaginado semelhantes palavras a sair de um lar sagrado, não podia continuar a ignorar aquela prece.
Robin atravessou as portas enquanto os gritos de «Ajuda!» e «Assassinato!» ecoavam nos seus ouvidos.
Robin só parou para atar o seu cavalo antes de correr para as portas da abadia. Lá dentro, encontrou um caos absoluto em que as freiras e as empregadas corriam aos gritos ou fugiam deles. Abriu caminho entre elas com a mão até chegar a uma espécie de jardim interior.
Observou a zona rapidamente e viu um grupo de mulheres que formava um círculo. De um lado havia uma freira sentada sobre um banco de pedra, ofegando enquanto outras duas tentavam tranquilizá- la. O único homem, provavelmente um empregado, parecia tão horrorizado como as mulheres e, ao não detetar nenhuma ameaça por sua parte, Robin relaxou.
Mesmo assim, manteve a sua arma preparada enquanto se aproximava do grupo. Várias das freiras afastaram-se ao vê-lo aproximar-se, até finalmente conseguir ver o que causara o escândalo. No centro do círculo jazia uma jovem na relva, obviamente morta.
Enquanto observava a cena, as freiras pareceram aperceber-se da sua presença, pois as mais próximas dele deram um grito e agruparam-se de lado. Outras duas ficaram à parte, aparentemente inalteradas. Robin reparou na mais próxima das duas, uma mulher imponente cujos olhos brilhavam com inteligência e preocupação. Assumiu que seria a abadessa e abriu a boca para se apresentar, mas uma voz parou-o.
– Veio para acabar com as outras, não foi?
Robin assustou-se, surpreendido por alguém poder acusá-lo, um de Burgh, de cometer assassinato, e olhou para onde a segunda mulher se encontrava, junto da vítima. Novamente, tentou falar, mas, ao vê-la bem, a sua boca parou de funcionar. De facto, durante vários segundos, todo o seu corpo pareceu parar e a única coisa que pôde fazer foi olhar para ela.
Tal como as outras, tinha um véu de freira que deixava ver muito pouco do seu rosto, mas o pouco que se via era peculiar. Bonito, na verdade. A sua testa era suave e pálida, as suas sobrancelhas eram delicadas, acabadas em bico e de uma cor avermelhada intrigante. Elevavam-se sobre uns olhos azuis fascinantes. Embora não pudesse ver-lhe o cabelo, a sua cara era ovalada e terminava num queixo pequeno e decidido adornado com lábios teimosos. Mas que lábios! Ligeiramente curvados, possuíam uma certa cor que o fazia pensar nos bagos exóticos ou na fruta amadurecida.
E, de repente, sentiu fome. Foi como se sentisse o mundo a girar sob os seus pés, impulsionando-o para um futuro para o qual não estava preparado. Mas no último momento engoliu em seco, cerrou os punhos e agarrou-se à vida que conhecia. E nesse instante reconheceu-a.
Ela era a escolhida, a mulher que destruiria a sua existência tal como a conhecia, a que escravizaria a sua mente, arrebataria o seu corpo e lhe tiraria a diversão. Muito bem, isso não ia acontecer. Robin sentiu que a sua boca funcionava novamente. Com maldição ou sem ela, não ia casar-se com aquela mulher. Nunca. Além disso, era impossível. Era uma freira!
– Se o sangue o enjoa, será melhor sentar-se – Robin ouviu aquela voz carregada de desdém e apercebeu-se de que a mulher estava a falar. Obviamente, já não o considerava o assassino, mas achava-o capaz de desmaiar face à visão da morte. Robin não sabia que presunção era mais insultante.
– Não sou um assassino, mas também não desmaiarei por causa de um pouco de sangue – respondeu. Depois, com um ar de desdém, virou-se para a abadessa. – Sou Robin de Burgh de Baddersly, onde me encontro em nome do meu irmão, barão de Wessex. Estava lá fora e ouvi os gritos de ajuda.
– Milorde – disse a abadessa, – eu sou a abadessa. É uma honra contar com a sua presença, embora estejamos num apuro, pois parece que uma das nossas irmãs sofreu um acidente ou algo pior.
– Não foi um acidente – disse a outra. – Foi um assassinato.
– Ah… De modo que foi a si que ouvi gritar – disse Robin. Embora suspeitasse que fora a outra freira, que continuava a choramingar no banco, não conseguiu evitar gozar com a outra em resposta aos seus comentários.
– Não fui eu! – exclamou ela, com fogo no olhar.
– Deve ter ouvido Catherine e estamos agradecidas por dar o alarme – explicou a abadessa. – De facto, parece que os seus gritos nos ajudaram, pois também o alertaram, milorde. É uma coincidência que estivesse aqui nesse preciso instante – Robin não tentou contradizê-la. Depois do que se passara na fronteira, pensava que era mais conveniente ser discreto no referente ao seu interesse por Vala l’Estrange. E aquele assunto desafortunado podia ser a oportunidade ideal para fazer averiguações sem revelar o seu verdadeiro propósito.
– Avisaram as autoridades? – perguntou ele.
– Penso que acabaram de chegar – respondeu a abadessa. Quando Robin olhou à sua volta, a mulher sorriu. – Penso que é a autoridade, milorde. O homem que gere Baddersly sempre desempenhou esse ofício, embora não tenha sido necessário nos últimos anos, graças a Deus.
– Mas talvez o seu aparecimento súbito não seja um acaso – disse a outra, enquanto se levantava, e a indignação de Robin ficou diminuída pela sua curiosidade ao vê-la. Era mais alta do que imaginara, mas, mesmo assim, mal lhe chegava ao queixo. Parecia magra, mas com curvas, e conseguiu fazer com que a sua imaginação deambulasse livre até pensar que não era apropriado especular sobre o aspeto que uma freira teria nua.
– Sybil! – repreendeu-a a abadessa. – Não tens razão para falar assim com lorde de Burgh, cuja ajuda será bem recebida.
De modo que se chamava Sybil. Robin sentiu a cabeça às voltas e, novamente, teve aquela sensação de a conhecer. Sybil. O seu nome fazia-o pensar em mistérios antigos e em oráculos. Robin franziu o sobrolho. Desconfiara dela desde o princípio.
– Como castigo para as tuas palavras, trabalharás com lorde de Burgh na sua investigação sobre a morte trágica de Elisa e dar-lhe-ás toda a ajuda que possa precisar – disse a abadessa.
Horrorizado com as suas palavras, Robin abriu a boca para protestar, mas Sybil foi mais rápida.
– Mas ele pode ser o assassino! – exclamou.
– E também podia ser ela! – exclamou Robin. Se Sybil era a escolhida, porque tinha vontade de a estrangular? Certamente, os seus irmãos não tinham sofrido aquela reação com as suas esposas.
– Não penso que vocês sejam responsáveis, mas poderão vigiar-se um ao outro, se estão tão inquietos – disse a abadessa. – Isso se não se importar de nos ajudar, milorde. Podia enviar uma mensagem ao bispo, claro, mas já que está aqui…
Robin voltou a olhar para a abadessa, sabendo que a mulher o manipulara inteligentemente. Mas pouco importava naquele caso, pois ele tinha as suas próprias razões para aceder.
– Certamente. Será um prazer ajudar – disse. – Quem a encontrou? – perguntou, enquanto se ajoelhava à frente do cadáver.
– Catherine e eu – respondeu Sybil, num tom beligerante, e Robin perguntou-se o que poderia ter contra ele. Talvez fosse uma daquelas freiras que odiavam os homens. Ou talvez simplesmente lamentasse a sua intrusão na sua existência ordenada. Mesmo assim parecia muito descarada para uma freira. E muito bonita.
Robin observou o corpo da falecida.
– Tocaram-lhe?
– É óbvio. Tínhamos de ver se estava viva! – exclamou Sybil e sua resposta fez com que Catherine começasse a chorar novamente. Robin olhou para Sybil com severidade e a sua expressão rebelde fê-lo perguntar-se se toda aquela valentia esconderia os seus próprios medos. Ou a sua própria culpa.
Maravilhoso. Não só estava destinado a casar-se com uma freira, mas também com uma freira assassina. Isso fazia-a ser pior do que a esposa do seu irmão Geoffrey, que matara o seu primeiro marido em defesa própria, mas pelo menos não pertencia a nenhuma ordem religiosa. Não, aquela mulher não fora feita para ele, embora parecesse ser a escolhida. Era uma mulher de Deus e faria bem em recordá-lo.
Robin abanou a cabeça e tentou concentrar-se no assunto que tinha entre mãos.
– Mexeram-na ou estava exatamente assim quando a encontraram? – perguntou. O corpo da falecida estava retorcido. A parte superior jazia de barriga para cima, enquanto a inferior repousava de lado. O sangue emanara de uma ferida para a parte traseira da cabeça, mas já não estava fresco. O seu aspeto seco e escuro indicava que, provavelmente, morrera durante a noite, certamente, não na última hora.
– Eu só a virei ligeiramente – respondeu Sybil.
Robin continuou a estudar o cadáver. Perto do corpo havia uma pedra contundente com sangue na superfície que parecia corresponder à lesão da mulher. De facto, a situação do corpo fazia parecer que caíra e batera com a cabeça, embora fosse preciso um tropeção muito poderoso para provocar tal dano. Robin olhou à sua volta e reparou no muro de pedra próximo. Mentalmente, calculou a distância desde o topo até ao chão. Se Elisa tivesse tentado escalá-lo durante a noite e escorregasse, podia ter morrido assim.
– Talvez não tenha sido um assassinato – disse Robin. – Mas um acidente desafortunado.
Embora não quisesse especular sobre as razões da freira para tentar saltar a barreira de pedra, Robin sabia que não seria a primeira da sua condição a ter encontros clandestinos.
– Não. Elisa não esteve junto do muro – disse Sybil, como se tivesse lido os seus pensamentos. Robin levantou o olhar e viu-a de braços cruzados numa posição tão beligerante que não soube se devia rir-se ou gritar, exasperado. – Talvez o assassino o tenha planeado num esforço para acalmar os crédulos.
Robin continuou a estudar o cadáver. Perto do corpo havia uma pedra contundente com sangue na superfície que parecia corresponder à lesão da mulher. De facto, a situação do corpo fazia parecer que caíra e batera com a cabeça, embora fosse preciso um tropeção muito poderoso para provocar tal dano. Robin olhou à sua volta e reparou no muro de pedra próximo. Mentalmente, calculou a distância desde o topo até ao chão. Se Elisa tivesse tentado escalá-lo durante a noite e escorregasse, podia ter morrido assim.
– Talvez não tenha sido um assassinato – disse Robin. – Mas um acidente desafortunado.
Embora não quisesse especular sobre as razões da freira para tentar saltar a barreira de pedra, Robin sabia que não seria a primeira da sua condição a ter encontros clandestinos.