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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2016 Sharon Kendrick

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Dia e noite à sua disposição, n.º 1735 - dezembro 2017

Título original: The Billionaire’s Defiant Acquisition

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-669-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Em pessoa, parecia bastante mais perigosa do que bela. Conall endureceu a expressão. Era bonita, sim, mas também parecia um pouco murcha. Como uma rosa que fora usada para enfeitar uma lapela antes de uma festa e, depois, ficara descartada numa mesa.

Estava deitada num sofá de couro branco, a dormir profundamente. Vestia uma t-shirt larga que se curvava sobre os seus seios generosos e o seu traseiro curvilíneo e acabava a meio de umas pernas morenas e espantosamente compridas. Ao seu lado, havia uma taça de champanhe vazia. Pelas janelas abertas da varanda, entrava uma brisa leve que não bastava para dissipar a mistura de cheiro a incenso e tabaco que ainda flutuava no ambiente.

Conall fez um gesto quase impercetível de desagrado. Se Amber Carter fosse um homem, tê-la-ia sacudido sem se preocupar. Mas não era um homem, era uma mulher. Uma mulher caprichosa, mimada e demasiado bonita que se tornara da sua responsabilidade e, por algum motivo, não queria tocar nela. Não se atrevia.

«Maldito Ambrose Carter», pensou, com raiva, ao recordar as palavras dele.

– Tens de a salvar dela própria, Conall. Alguém tem de a fazer ver que não pode continuar assim.

Amaldiçoou a sua consciência estúpida, que o impulsionara a aceitar responsabilizar-se por aquela tarefa.

Abanando a cabeça, pensou em dar uma olhadela pelo apartamento para se certificar de que não havia ninguém a dormir em algum canto. Efetivamente, os quartos estavam vazios. Contudo, o último chamou a sua atenção e parou por um instante para o observar. Estava cheio de livros e roupa e havia uma bicicleta de exercício bastante poeirenta num canto. Escondidos por trás de um sofá de veludo, havia vários quadros. O instinto de colecionador de Conall fê-lo aproximar-se para dar uma olhadela. As telas mostravam umas pinturas ásperas, zangadas, com redemoinhos, manchas e salpicos de tinta, realçadas em alguns casos com um rebordo de tinta preta. Observou-as por um instante com interesse, até recordar porque estava ali.

Quando regressou à sala de estar, encontrou Amber Carter exatamente onde a deixara.

– Acorda – murmurou e, ao não conseguir resultados, acrescentou, num tom mais alto: – Disse para acordares.

Ela mexeu-se. Levantou um braço dourado pelo sol para afastar o cabelo preto de ébano que cobria grande parte do seu rosto. O gesto ofereceu a Conall uma visão repentina e diáfana do seu perfil. O seu nariz pequeno e bonito, a careta dos lábios rosados… Quando mexeu as pestanas pretas e grossas e virou a cabeça para olhar para ele, Conall deu por si a observar os olhos verdes mais surpreendentes que alguma vez vira. Aqueles olhos deixaram-no com falta de ar e fizeram-no esquecer o que estava a fazer ali.

– O que se passa? – perguntou ela, num tom rouco. – E quem és tu?

Amber ergueu-se no sofá e olhou à volta sem fazer o tipo de alvoroço que Conall teria esperado. Quase parecia habituada a ser acordada por homens desconhecidos que tinham entrado no seu apartamento sem terem sido convidados, pensou, com desagrado.

– Chamo-me Conall Devlin – apresentou-se, enquanto procurava algum sinal de reconhecimento no rosto de Amber.

Ela limitou-se a olhar para ele com uma expressão ligeiramente aborrecida.

– Ah, sim? – Aqueles olhos verdes incríveis pararam no rosto de Conall por um instante. Depois, Amber bocejou abertamente. – E como entraste, Conall Devlin?

Em muitos sentidos, Conall era um homem muito antiquado, algo de que numerosas mulheres dececionadas o tinham acusado no passado, e sentiu que aquela faceta da sua personalidade ressurgia ao verificar que tudo o que ouvira sobre Amber Carter era verdade. Que era negligente. Que não se importava com nada, exceto com ela própria. E o aborrecimento era mais seguro do que o desejo, do que permitir-se concentrar o olhar no balanço dos seios por baixo da t-shirt ou reconhecer a elegância dos seus movimentos quando se levantou, algo que, apesar de não querer, o excitou imediatamente.

– A porta estava aberta – declarou, sem se incomodar em esconder a recriminação do seu tom.

– Oh! Alguém deve tê-la deixado aberta ao sair. – Amber olhou para Conall e esboçou um sorriso com que, provavelmente, conseguia ter sempre os homens a comer da sua mão. – Ontem à noite, houve uma festa.

Conall não retribuiu o sorriso.

– Não te preocupa que alguém possa entrar para roubar ou para fazer algo pior?

– Na verdade, não – disse Amber, encolhendo os ombros. – A segurança do edifício é muito eficaz. Embora pareças tê-la superado sem dificuldade. Como conseguiste?

– Tenho uma chave – esclareceu Conall, ao mesmo tempo que a levantava entre o polegar e o indicador.

Amber franziu ligeiramente o sobrolho, antes de tirar um cigarro de um maço que havia na mesa.

– E como tens uma chave? – perguntou, enquanto pegava no isqueiro que havia junto do maço de tabaco.

– Preferia que não acendesses isso – pediu Conall.

Amber semicerrou os olhos.

– Falas a sério?

– Sim. Falo a sério – confirmou Conall. – À exceção dos perigos de ser um fumador passivo, odeio o cheiro a tabaco.

– Nesse caso, vai-te embora. Ninguém vai impedir-te – replicou Amber, antes de acender o isqueiro para o aproximar do cigarro.

Acabara de o levar à boca quando Conall se aproximou dela com dois passos e lhe tirou o cigarro da boca.

– O que achas que estás a fazer? – queixou-se Amber, indignada. – Não podes fazer isso!

– Ah, não? Olha para mim, querida! – Conall saiu para a varanda, apertou a brasa entre o polegar e o indicador e, depois, atirou a beata para uma taça de champanhe vazia que havia num vaso.

Quando regressou ao interior, viu que Amber estava a tirar outro cigarro do maço de tabaco.

– Tenho muitos mais – desafiou-o.

– Recomendo que não percas tempo, porque vou tirar-te cada cigarro até ficares sem nenhum.

– E se chamar a polícia e lhes pedir para te deterem por invasão de propriedade e assédio?

– Suspeito que só conseguirias fazer com que te acusassem de invasão de propriedade. Tenho a chave, lembras-te?

– Já te ouvi, mas mais vale explicares porquê – redarguiu Amber, num tom que ninguém se atrevia a usar com Conall há anos. – Quem és e porque estás a comportar-te como se estivesses a tentar ganhar o controlo?

– Posso responder a todas as tuas perguntas assim que te vestires.

– Porquê? – perguntou Amber, ao mesmo tempo que sorria, apoiava uma mão na anca e adotava uma pose de modelo. – O meu aspeto afeta-te assim tanto, Conall Devlin?

– A verdade é que não… Pelo menos, não da forma que estás a sugerir. Não me sinto excitado com as mulheres que fumam e se entregam a desconhecidos – replicou Conall, embora o seu corpo lhe dissesse o contrário. – E já que tenho outras coisas para fazer, porque não fazes o que te peço e falamos depois?

Por um instante, Amber quase foi até ao telefone para cumprir a ameaça, mas a verdade era que estava a desfrutar daquela situação inesperada. Sentir alguma coisa, mesmo que fosse apenas irritação, era um prazer depois de passar tanto tempo a sentir apenas uma espécie de intumescimento aterrador, como se não fosse feita de carne e osso, mas de gelatina.

Semicerrou os olhos enquanto tentava recordar a tarde anterior. Conall Devlin seria um dos que aparecera na festa que improvisara? Não. Definitivamente, não. Aquele era um tipo de homem que não esqueceria.

Os traços duros do seu rosto teriam sido perfeitos se não fosse pela prova de um nariz partido em algum momento do passado. O seu cabelo era escuro, embora não tanto como o dela, e os seus olhos eram da cor da meia-noite. O seu queixo forte estava sombreado por uma barba incipiente que, provavelmente, não se incomodara em barbear naquela manhã. E que corpo… Amber engoliu em seco. Dava a sensação de que seria capaz de cravar uma picareta num chão de cimento sem maior esforço… Embora o seu fato cinzento imaculado tivesse aspeto de ter custado uma fortuna.

De repente, apercebeu-se do mau aspeto que devia ter e levou uma mão ao rosto. Além disso, devia ter um hálito horrível depois de ter adormecido sem lavar os dentes… Não era assim que alguém queria sentir-se à frente de um homem tão espetacular como aquele.

– Muito bem – concedeu, no tom mais despreocupado que pôde. – Vou mudar de roupa.

Gostou de ver a expressão surpreendida de Conall enquanto se encaminhava para o seu quarto. Algumas mulheres teriam alucinado se fossem acordadas por um perfeito desconhecido, mas para Amber, aquilo era um começo de dia interessante depois de ter sentido que os seus dias decorriam numa espécie de bruma cinzenta sem sentido. Questionou-se se Conall Devlin estaria habituado a conseguir sempre o que queria. Provavelmente, sim, dada a sua arrogância. Mas se achava que ia intimidá-la com a sua atitude de macho mandão, estava muito enganado.

Ela não se sentia intimidada com nada nem ninguém.

Vinte minutos depois de ter tomado um duche reconfortante, saiu do quarto vestida com umas calças de ganga e uma t-shirt branca e justa. Encontrou Conall confortavelmente instalado numa poltrona, com um portátil aberto no colo.

Quando a viu, lançou-lhe um olhar que fez Amber sentir-se ligeiramente incomodada.

– Senta-te! – ordenou.

– Estás em minha casa, portanto, não comeces a dizer-me o que tenho de fazer. E não quero sentar-me.

– Penso que seria melhor se o fizesses.

– Não me preocupo com o que pensas.

Conall semicerrou os olhos.

– Não te preocupas com nada, pois não, Amber?

Amber percebeu um ligeiro sotaque irlandês no tom de Conall e, de repente, a sua curiosidade transformou-se em inquietação. Contudo, decidiu sentar-se no sofá à frente dele, porque, de pé, se sentia como uma adolescente que fora chamada ao escritório do reitor.

– E, agora, podes dizer-me quem és?

– Já te disse. Sou o Conall Devlin – declarou, com um sorriso. – Continua sem ser familiar?

Amber encolheu os ombros enquanto uma lembrança vaga ecoava na sua mente.

– Talvez.

– Conheço o teu irmão, o Rafe…

– Meio-irmão – corrigiu Amber, com ênfase. – Há anos que não vejo o Rafe. Vive na Austrália. – Sorriu sem humor. – Somos uma família muito fragmentada.

– Foi o que me disseram. Também trabalhei para o teu pai noutra época.

– O meu pai? – Amber franziu o sobrolho. – Ena, pobrezinho!

O olhar com que Conall recebeu aquele comentário revelou uma irritação evidente, algo que agradou a Amber.

– Em qualquer caso – acrescentou, ao mesmo tempo que dava uma olhadela totalmente desnecessária ao relógio de diamantes que brilhava no seu pulso –, não tenho tempo para isto. Admito que foi uma maneira original de acordar, mas começo a aborrecer-me e tenho um encontro para almoçar com uns amigos, portanto, deixa-te de rodeios e diz-me porque estás aqui, Conall. Talvez se deva a um dos ataques de consciência do meu pai a respeito dos filhos? Enviou-te para ver como estou? Se for assim, podes dizer-lhe que estou perfeitamente. – Amber levantou as sobrancelhas ao acrescentar: – Ou será que já se aborreceu da esposa número seis, se bem me lembro? É complicado manter-me ao corrente da sua vida amorosa ocupada.

Enquanto ouvia, Conall pensou que era lógico que alguém com o passado complicado de Amber tivesse dificuldades para encontrar um caminho convencional na vida. Pensou no que a sua própria mãe tivera de suportar, algo que, provavelmente, estava para além da compreensão de Amber Carter.

Porém, sabia que não lhe faria favores se lhe desse uma palmadinha nas costas. Na verdade, desejava deitá-la no colo para lhe dar umas boas palmadas no rabo. Ao sentir o desejo, decidiu que aquilo não seria boa ideia.

– Acabei de fechar um negócio com o teu pai.

– De certeza que não terá sido precisamente fácil – troçou Amber, num tom displicente.

– Efetivamente. – Conall assentiu, porque a verdade era que, se algum outro tivesse tentado impor as condições que Ambrose Carter impusera para seguir em frente com o negócio, não as teria aceitado. Mas a aquisição do edifício que comprara naquela parte de Londres não fora apenas um sonho tornado realidade.

A verdade era que estava em dívida com o velho Ambrose Carter, que fora amável e atencioso com ele quando a sua vida carecera por completo de amabilidade e consideração. Concedera-lhe o tempo de que precisara. Fora o único a acreditar nele.

– Deves-me uma, Conall – acrescentara Ambrose, depois de lhe fazer o seu pedido extravagante. – Faz-me este favor e ficaremos quites.

E Conall não pudera negar-se. Se não fosse por Ambrose, teria acabado na prisão. A sua vida teria sido muito diferente.

Observou os olhos cor de esmeralda de Amber e tentou ignorar a curva sensual e tentadora dos seus lábios.

– O negócio que fiz com o teu pai foi comprar este edifício – informou, sem preâmbulos.

Aquilo chamou a atenção de Amber que, de repente, parecia um gato a quem tinham acabado de atirar um balde de água. Contudo, só precisou de alguns segundos para recuperar a sua arrogância natural e lançar um olhar altivo a Conall.

– Há anos que o meu pai é dono deste edifício. Foi um dos seus investimentos chave. Porque haveria de to vender sem me dizer? E logo a ti…

Conall deu uma gargalhada carente de humor. Questionou-se se Amber teria considerado a notícia menos surpreendente se o comprador fosse algum aristocrata rico.

– É possível que goste de fazer negócios comigo. E, provavelmente, quer algum dinheiro para desfrutar da reforma.

Amber franziu o sobrolho.

– Não sabia que estava a pensar em reformar-se.

– Está a pensar nisso e significa que vai haver uma série de mudanças. O principal é que não vais poder continuar a viver aqui de graça como até agora.

– Desculpa?

– Estás a ocupar um apartamento de luxo numa zona exclusiva, um apartamento que poderia dar-me muito dinheiro. Por enquanto, não estás a pagar nada e receio que esse acordo tenha chegado ao seu fim.

A expressão de Amber tornou-se ainda mais displicente e altiva, como se a simples menção do dinheiro fosse demasiado vulgar para ela.

– Não te preocupes com isso, Conall Devlin. Terás o teu dinheiro. Só preciso de falar com o meu banco.

Conall sorriu ao ouvir aquilo.

– Boa sorte com isso…

O brilho do olhar de Amber revelou que estava a começar a zangar-se a sério.

– Talvez conheças o meu pai e o meu irmão, mas isso não te dá a autoridade necessária para decidir coisas que não te dizem respeito. Coisas sobre as quais não sabes nada, como as minhas finanças.

– Sei mais do que pensas. Mais do que, provavelmente, gostarias.

– Não acredito!