Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
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28001 Madrid
© 2014 Sharon Kendrick
© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
O amor não é para mim, n.º 1658 - Janeiro 2016
Título original: The Housekeeper’s Awakening
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-7709-2
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Epílogo
Se gostou deste livro…
Os dedos de Carly pararam quando a voz zangada ecoou pela casa como um trovão.
– Carly!
Olhou para o amido de milho, que tinha por baixo das unhas.
E agora?
Ela supôs que poderia tentar ignorá-lo, mas de que adiantaria? Quando o seu patrão mal-humorado e brilhante queria alguma coisa, queria-a o mais depressa possível. Ele era motivado, atento e determinado… Ainda que operasse a cinquenta por cento da sua capacidade usual. Cinquenta por cento da capacidade de Luis Martinez equivalia a cem por cento da capacidade da maioria dos homens.
Ela fez uma careta. Não perturbara já a sua paz o suficiente durante as últimas semanas, com as suas ordens incessantes e o seu mau feitio? Carly supunha que tinha uma boa razão para ser mais exigente do que o normal, mas mesmo assim… Perdera a conta do número de vezes em que fora forçada a morder a língua diante das ordens arrogantes do patrão. Talvez, se fingisse que não o ouvira, aquela mente aguçada de Luis se focasse em alguma outra coisa. Talvez, se ela desejasse com força suficiente, ele se fosse embora e a deixasse em paz.
De preferência, para sempre.
– Carly!
Talvez não. O grito era mais impaciente agora. Tirou o avental e soltou o rabo-de-cavalo. Carly lavou as mãos rapidamente e dirigiu-se para a academia de ginástica no fundo da casa, onde Luis Enrique Gabriel Martinez estava a fazer outra sessão de reabilitação com a fisioterapeuta.
Ou melhor, deveria estar a fazer reabilitação, devido ao acidente de viação, ao qual, segundo todos diziam, tivera a sorte de sobreviver. Ultimamente, Carly imaginava se as sessões diárias tinham atravessado a fronteira do profissional para o pessoal. O que talvez explicasse porque a fisioterapeuta começara subitamente a adicionar uma quantidade considerável de maquilhagem e de perfume, antes das suas visitas. Mas isso era compreensível, não era? Luis tinha alguma coisa especial no que dizia respeito às mulheres. Algo a ver com aparência sensual dos sul-americanos e um apetite insaciável pela vida, que convidava frequentemente ao perigo.
Luis chegava, via e conquistava… embora não necessariamente por essa ordem. Ele tinha uma habilidade incrível de encantar as mulheres e fazer com que elas se apaixonassem, mesmo que estivesse deitado numa cama de hospital, na ocasião. Não era verdade que metade das enfermeiras que tratara dele aparecera lá, depois de ele receber alta? Tinham chegado com sorrisos nervosos… Juntamente com alguma desculpa esfarrapada do motivo pelo qual estavam a visitá-lo. Contudo, Carly soubera exatamente o motivo daquelas visitas. Um bilionário muito sensual era um alvo irresistível, embora, para sua surpresa, Luis não lhes tivesse dado muita atenção… Nem mesmo à loira platinada com pernas absurdamente compridas.
Carly estava grata por ser uma das poucas mulheres imunes ao charme do argentino, mesmo que a verdade disso fosse que ele nunca tentara usar o seu charme com ela. Talvez essa fosse uma das vantagens de ser conhecida como uma «rapariga comum» e dedicada… que o deus do sexo que era o seu patrão a observasse como se fizesse parte do papel de parede. O que deixava Carly livre para fazer o seu trabalho e lutar por um futuro melhor. E para se recordar das muitas qualidades negativas de Luis: egoísmo, impaciência e desrespeito pela sua própria segurança… assim como o seu hábito irritante de deixar pequenas chávenas de café expresso pela casa inteira, que ela encontrava sempre nos lugares mais inesperados.
Carly chegou ao ginásio e hesitou por um instante, pensando se não seria melhor esperar até ele acabar a massagem.
– Carly!
Ouvira-a a aproximar-se, mesmo que, com aqueles ténis velhos, os seus passos fossem praticamente silenciosos? Diziam que os sentidos de Luis Martinez eram tão poderosos como os seus carros e um dos motivos por que dominara o mundo das corridas de carros por tanto tempo.
Ela ainda hesitou.
– Carly, para de fazer tempo do lado de fora da porta e entra!
O tom de voz do patrão era arrogante e autoritário e ela supunha que algumas pessoas se sentiriam ofendidas se alguém lhes falasse daquela forma, mas Carly já estava habituada a Luis Martinez. Sabia que cão que ladra, não morde. A última namorada de Luis parecera gostar da personalidade dele. Por que outra razão continuaria a aparecer para o pequeno-almoço, exibindo marcas no pescoço, com um tipo de orgulho alegre, como se tivesse passado a noite com algum vampiro gentil?
Sabendo que não podia adiá-lo, Carly abriu a porta e entrou no ginásio, onde o seu empregador famoso estava deitado numa mesa estreita de massagem. A cabeça escura descansava sobre as mãos unidas e o corpo cor de oliva estava delineado contra o lençol branco. Observou-a e os olhos pretos semicerraram-se com algo que parecia alívio.
O que era estranho. Carly pensava que se toleravam bem, mas não existia uma verdadeira afeição entre os dois.
Ou talvez aquilo não fosse assim tão estranho, afinal de contas. Depressa se apercebeu da tensão na sala e de duas coisas que não poderiam passar despercebidas. Mary Houghton, a fisioterapeuta, estava parada do outro lado da sala, a respirar com dificuldade, enquanto olhava fixamente para os seus próprios sapatos. E Luis estava completamente nu, à exceção das três pequenas toalhas brancas, que estavam estrategicamente posicionadas sobre o seu membro.
Uma onda de calor subiu ao rosto de Carly e, subitamente, sentiu-se zangada. Não teria sido educado da parte de Luis cobrir-se antes de ela chegar? Certamente, sabia que não devia receber um empregado naquele estado. Que talvez ela achasse… embaraçoso ver aqueles ombros largos e peito sólido à mostra. Ou que era arrogante exibir aquelas pernas compridas e musculadas.
Carly mantinha-se longe dos homens e de todas as suas complicações… e com bom motivo. Uma experiência deixara-a cautelosa, todavia, por uma vez, todos os seus medos latentes em relação ao sexo oposto ficaram suspensos, enquanto olhava para o patrão com um fascínio relutante.
Olhando para ele naquele momento, era fácil ver porque as mulheres o adoravam, porque os jornais o tinham apelidado de «Máquina do Amor», quando estivera no auge dos seus poderes e fora campeão mundial de corridas de carros. Antes do seu tempo, é claro, mas Carly já ouvira falar de Luis Martinez, mesmo então. Todos tinham ouvido falar disso.
O rosto dele estava em todo o lado… nas boas ou más condutas. Quando ele não estava em pódios, com coroas de louro e a atirar champanhe para as multidões que o adoravam, fora o sonho das agências de publicidade. Imagens magníficas de Luis Martinez a usar relógios caros, com aquele sorriso famoso e tranquilo no rosto, estavam regularmente em cartazes gigantes. Fora de serviço, causava o mesmo tipo de fascínio. Bilionários sul-americanos bonitos ofereciam sempre boa matéria… Especialmente porque raramente era visto sem a loira indispensável, agarrada ao seu braço, de maneira possessiva. E se alguma jornalista percetiva alguma vez observara que os olhos escuros de Luis pareciam quase vazios… Talvez, isso apenas aumentasse os atributos dele.
Porque Luis Martinez não era apenas bonito, até Carly reconhecia isso. Havia alguma coisa selvagem nele. Alguma coisa indomada. Ele era o troféu, o que estava sempre fora de alcance. O objeto desejado que mulher alguma conseguia manter por muito tempo. Aquele cabelo preto, mais comprido do que o normal para os homens, dava-lhe uma aparência corajosa, e aqueles olhos pretos estudavam-na de uma forma que estava a deixar Carly muito desconfortável.
Afastando-se do escrutínio dele, olhou para Mary Houghton, que vinha à mansão inglesa de Luis todas as semanas. Com o seu corpo bem formado e o cabelo brilhante, a fisioterapeuta estava tão bonita como sempre, no seu uniforme branco impecável, mas Carly pensou que conseguia ver uma sombra de dor nas feições da outra mulher.
– Então, aí estás, Carly – afirmou Luis, num tom repleto de sarcasmo. – Finalmente. Viajaste do outro lado do mundo para chegar aqui? Sabes que não gosto que me deixem à espera.
– Estava ocupada, a fazer bolos – replicou Carly. – Para comer com o café, mais tarde.
– Ah, sim… – assentiu ele, com relutância. – Podes demorar muito a aparecer, quando és chamada, mas ninguém pode negar que és uma cozinheira excelente. E os bolos são tão bons como aqueles que costumava comer enquanto crescia.
– Queria alguma coisa em especial? – perguntou Carly. – Porque a confeção desse tipo específico de doce não permite longas interrupções.
– Como a pior controladora de horários, não acho que estejas em posição de me dar um sermão sobre gestão de tempo – replicou ele, virando a cabeça, a fim de olhar para Mary Houghton que, por alguma razão, ficara muito vermelha. – Às vezes, acho que Carly esquece que uma certa quantidade de submissão é uma qualidade desejável numa governanta. Mas ela é, sem dúvida, capaz, portanto, estou disposto a tolerar a sua insubordinação ocasional. Achas que consegue fazer isso, Mary… Pode alguém como ela, ajudar-me a recuperar as minhas forças combativas, agora que vais deixar-me?
Por essa altura, Carly já parara de pensar nos bolos argentinos favoritos de Luis ou na arrogância dele. Estava muito interessada na atmosfera carregada, até mesmo para protestar o facto de estarem a falar a seu respeito como se fosse um objeto inanimado. Carly queria saber porque é que a fisioterapeuta, anteriormente fria, estava a morder o lábio, como se alguma coisa terrível tivesse acontecido.
– Há alguma coisa errada? – indagou ela.
Mary Houghton esboçou um sorriso indiferente para Carly.
– Não exatamente… errada. Mas a minha associação profissional com o senhor Martinez… Chegou ao fim. Ele não requer mais os serviços de uma fisioterapeuta – alegou ela e, por um instante, a voz foi quase trémula. – Porém, irá continuar a precisar de massagens e de exercícios durante as próximas semanas, com bases regulares, para garantir uma recuperação completa, e alguém precisa de tomar conta disso.
– Certo – murmurou Carly, confusa, porque não conseguia perceber onde queria chegar com aquilo.
Luis observou-a com intensidade, com os olhos pretos a fixar-se nela como lasers gémeos.
– Não terias problema em assumir a função de Mary por um tempo, pois não, Carly? És muito boa com as mãos, não és?
– Eu? – a palavra saiu como um grasnado de horror.
– Porque não?
Os olhos de Carly arregalaram-se, porque, subitamente, todos os seus medos eram menos latentes. O pensamento de se aproximar de um homem seminu estava a fazer a sua pele arrepiar-se, mesmo que fosse Luis Martinez. Engoliu em seco.
– Quero dizer… Quer que lhe faça massagens?
Agora, havia um brilho nos olhos dele e ela não sabia se era de desprazer ou de divertimento.
– Porquê? A ideia é assim tão abominável, Carly?
– Não, é claro que não – mas era. É claro que era. Não se riria se percebesse que ela sabia muito pouco sobre homens? Carly não seria a última pessoa que Luis escolheria para ser a sua massagista temporária, se soubesse como ela era inocente? Então, devia contar-lhe a verdade, se não toda, pelo menos, em parte?
É claro que devia contar-lhe!
Carly encolheu os ombros, consciente de que corava, enquanto murmurava as palavras:
– É apenas porque… Bom, eu nunca fiz massagens antes.
– Ah, isso não será um problema – interrompeu Mary Houghton. – Eu posso mostrar-lhe a técnica básica… Não é difícil. Se for boa com as mãos, não terá problemas com isso. O mesmo serve para os exercícios. São fáceis de aprender e o senhor Martinez já sabe fazê-los. A coisa mais importante que deve fazer é certificar-se de que cumpre uma agenda regular de exercícios e massagens.
– Achas que consegues fazer isso, Carly?
O sotaque sul-americano sedoso infiltrou-se no ar e, quando Carly se virou, a intensidade do olhar dele deixou-a subitamente zonza e desconfortável. Era como se Luis nunca tivesse olhado para ela antes. Ou, pelo menos, não assim. Carly tinha a impressão de que sempre a vira mais como um objeto pertencente à casa, como um daqueles sofás de veludo em que ele, às vezes, se acomodava à noite, se trouxesse uma mulher para casa. Mas, agora, olhava para ela quase como se estivesse a avaliá-la e o nervosismo envolveu-a. Estaria a pensar o que incontáveis homens, sem dúvida, tinham pensado antes? Que era comum, desajeitada e não se esforçava para melhorar a sua aparência? Luis surpreender-se-ia se soubesse que era assim que gostava de ser? Que gostava de desaparecer no fundo de um cenário? Porque a vida era mais segura, dessa forma. Mais segura e mais previsível.
Afastando as memórias más com uma eficiência nascida de anos de prática, considerou a pergunta dele. É claro que poderia aprender a massajá-lo, porque, como Luis acabara de dizer, era boa com as mãos. Carly geria a casa inglesa dele como um relógio. Cozinhava, limpava e certificava-se de que os lençóis egípcios de algodão eram bem passados, sempre que ele estava na residência. Contratava serviços de cateringue, se Luis estivesse a dar uma festa, ou chefes londrinos famosos, se fosse para uma reunião mais íntima. Carly tinha floristas gravadas na memória do telefone, prontas para entregar flores a qualquer hora ou velas flutuantes e cobertas de lírios para a piscina, se o tempo estivesse suficientemente bom.
O que Carly desejava era ter coragem para dizer que não queria fazer aquilo. Que o pensamento de se aproximar do corpo dele estava a causar-lhe uma sensação peculiar. E, embora o seu sonho de ser médica a mantivesse naquele emprego subalterno, não queria que a sua primeira experiência em terapia fosse com um homem com a reputação de Luis Martinez.
Imaginou ter de tocar na pele dele, especialmente se estivesse coberto por pequenas toalhas, como naquele momento. Imaginou-se a ficar sozinha com ele na sala de massagem, dia após dias. Ter de aguentar o temperamento explosivo de patrão num cenário tão íntimo. Carly conseguia lidar com Luis Martinez, mas, de preferência, com o máximo de distância possível entre eles.
– Certamente, deve haver outra pessoa que possa fazer isso? – inquiriu ela.
– Mas não quero outra pessoa… Quero que sejas tu – declarou ele. – Ou há outras coisas a ocupar-te, Carly? Coisas que estão a exigir demasiado do teu tempo e que te impedirão de passar tempo a fazer o que te peço? Há alguma coisa que deva saber? Afinal de contas, sou eu que pago o teu salário, não sou?
Ela cerrou os punhos porque estava encurralada e ambos sabiam disso. Luis pagava-lhe um salário extremamente generoso, a maior parte do qual ela juntava, a fim de alcançar o seu objetivo de se inscrever na faculdade de medicina.
Carly tinha uma posição confortável lá, pois tinha sempre muito tempo para estudar. E adorava trabalhar ali. Adorava ainda mais quando Luis estava fora do país, o que era a maior parte do tempo. Possuía casas magníficas em diversas partes do mundo, onde tinha interesses profissionais, e a residência inglesa era geralmente a última da sua lista de visitas. Carly não sabia porque ele se incomodava em manter aquela casa de campo enorme, até, um dia, ter perguntado ao assistente musculado dele, Diego.
– Impostos – fora a resposta do ex-pugilista.
O papel de Carly era manter a casa num estado constante de prontidão, no caso de Luis decidir aparecer sem avisar. Na verdade, ele não estaria ali naquele momento se não fosse pela corrida de beneficência em que, na sua opinião, fora uma loucura participar e que terminara com ele a partir a pélvis e a passar semanas no hospital.
Olhou para ele e pensou na arrogância do homem e se seria capaz de a tolerar numa atmosfera muito mais íntima. Como poderia massajá-lo sem ceder à tentação de enterrar as unhas naquela pele cor de oliva e fazê-lo contorcer-se? Como seria capaz de tocar no notório deus do sexo sem fazer papel de tola?
– Só pensei que talvez fosse melhor contratar outra profissional – insistiu ela, teimosamente.
Olhou para Mary Houghton e fez uma careta com uma expressão de desgosto.
– Podes dar-nos um instante, por favor, Mary?
– É claro. Eu… espero lá fora, Carly – houve uma pausa, antes de Mary estender a mão. – Adeus, Luis. Foi… um prazer.
Ele assentiu, mas Carly apercebeu-se de como a expressão dele era fria, enquanto se erguia sobre um cotovelo, antes de apertar a mão da fisioterapeuta.
– Adeus, Mary!
O silêncio seguiu-se, quando Mary saiu da sala e Luis se sentou, gesticulando impacientemente para que Carly lhe desse o roupão, pendurado num gancho atrás da porta do fundo.
Ela fez o que ele queria, desviando rapidamente o olhar até ele vestir o roupão atoalhado e preto, mas, quando Luis falou, ainda parecia irritado:
– Porque estás tão relutante em fazer o que peço? – quis saber ele. – Porque estás a ser tão teimosa?
Por um instante, Carly não respondeu. Ridicularizá-la-ia se soubesse que aquela proposta íntima a assustava? Ou ficaria apenas chocado ao descobrir que permitira que uma experiência horrível colorisse o seu julgamento e que passara a vida a fugir de qualquer tipo de contacto pessoal, que era perfeitamente natural para a maioria das mulheres da sua idade? Alguém como Luis provavelmente diria para «seguir em frente», como se aquilo fosse fácil.
E era mais do que acontecera com ela, não era? Carly não conseguia ver nada para além de problemas, se concordasse, pois homens ricos e poderosos como Luis eram problemas. Não fora a sua própria irmã que perseguira aquele tipo de homem desde o florescimento dos seus seios e não continuava a voltar à procura de mais, apesar de ser rejeitada, uma vez atrás da outra?
Pensamentos das escapadelas vergonhosas de Bella passaram pela sua mente, enquanto ela encontrava os olhos luminosos de Luis.
– Eu não quero negligenciar os meus deveres de governanta – argumentou ela.
– Então, arranja outra pessoa para cozinhar e limpar. Pode ser assim tão difícil?
Carly irritou-se. Sabia que ser governanta ou empregada era muito diferente de ser advogada ou médica, mas ainda achava humilhante ouvir Luis a desrespeitar o seu emprego de forma tão irreverente.
– Que tal arranjar uma massagista profissional, que poderia fazer isto melhor do que eu? – sugeriu ela, novamente.
– Não – negou, num tom quase cruel. – Eu estou cansado de estranhos. Cansado de pessoas com diferentes compromissos que vêm à minha casa dizer-me o que posso ou não fazer – Luis cerrou os dentes. – Qual é o problema, Carly? Estás a protestar porque oferecer massagens para a recuperação do teu patrão não está escrito no teu contrato?
– Eu não tenho um contrato.
– Não tens?
– Não. Informou-me, quando me entrevistou para o emprego, que se não confiasse na sua palavra, então, não era o tipo de pessoa para trabalhar consigo.
Um sorriso arrogante curvou os lábios dele.
– Disse mesmo isso?