Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2013 Annie West
© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.
Uma dívida tentadora, n.º 1609 - Maio 2015
Título original: An Enticing Debt to Pay
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-6895-3
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
– Receio que, na última auditoria, tenha sido detetada uma... Irregularidade.
Jonas olhou através da superfície lustrosa da secretária e franziu o sobrolho, ao ver o diretor financeiro a remexer-se na cadeira, incomodado.
Que tipo de irregularidade podia deixar Charles Barker tão palpavelmente nervoso? Ele era o melhor. Jonas contratava sempre os melhores. Não tinha paciência para pessoas medíocres.
– Uma irregularidade importante?
– Em termos financeiros, não.
Jonas supôs que devia sentir-se aliviado mas, ao ver que Barker afrouxava o nó da gravata, teve um mau pressentimento.
– Conta-me, Charles.
Charles sorriu, mas o seu sorriso transformou-se numa careta, enquanto lhe passava o computador por cima da secretária.
– Olha. Lê a segunda linha.
Jonas leu a primeira entrada, uma transferência de vários milhares de libras. Por baixo, figurava uma entrada muito mais avultada. Mas nenhuma delas tinha mais informação.
– O que estou a ver?
– Levantamentos, em dinheiro, da tua conta de investimentos.
Jonas franziu o sobrolho.
– Alguém teve acesso à minha conta?
A resposta era óbvia. Mas ele não levantara aquele dinheiro. Os gastos do dia a dia eram tirados de outra conta e não eram tão significativos, nada que pudesse igualar os seus investimentos habituais.
– Seguimos o rasto – obviamente, Barker encontrara a resposta, antes de expor o problema.
– E? – perguntou Jonas, com crescente curiosidade.
– Suponho que te lembras de que, originalmente, essa conta foi aberta como sendo parte de uma empresa familiar.
Como poderia esquecê-lo? O pai explicara como se geria um negócio, fingindo que ele, como chefe de família, era o sócio mais experiente. Contudo, ambos sabiam que fora o talento de Jonas, para os investimentos, que conseguira dar sucesso à empresa. Piers limitara-se a estar ao seu lado durante o processo, deleitando-se com a novidade, com o êxito. Até pai e filho se separarem.
– Sim, claro que me lembro – de facto, era uma lembrança que lhe deixava um sabor amargo na boca.
– O dinheiro foi levantando com um livro de cheques antigo que, supostamente, tinha sido destruído. Os extratos mostram que os levantamentos foram feitos em nome do teu pai e...
– Sim, já tenho uma ideia – Jonas deixou que o olhar vagueasse por aquela paisagem inigualável de Londres.
O pai. Não voltara a ligar-lhe, desde que descobrira que tipo de homem era Piers Deveson. Apesar dos seus discursos sobre a honra e a família, Piers não era um modelo de virtudes. Jonas não se teria surpreendido, se descobrisse que encontrara uma maneira de aceder às suas contas, de maneira ilegal. Era estranho que não o tivesse feito antes.
– Então, Piers...
– Não! – Barker ergueu-se da cadeira, quando Jonas se virou para ele. – Lamento, mas tenho motivos para pensar que não foi o teu pai. Toma – e deu-lhe uma folha fotocopiada.
Estudou-a com atenção. Eram dois cheques, com a assinatura do pai. Mas, na verdade, não era a verdadeira assinatura do pai. Era suficientemente parecida para confundir uma pessoa que não a conhecesse, mas Jonas estava bastante familiarizado com ela para distinguir as diferenças.
– Repara nas datas.
Jonas obedeceu. E sentiu-se como se acabassem de lhe dar um murro nas entranhas. Já teria sido suficientemente mau se o pai o tivesse roubado, mas aquilo era... Abanou a cabeça, sentindo-se embargado por uma emoção inesperada.
– O segundo cheque foi assinado um dia depois da morte do teu pai.
Jonas assentiu, em silêncio. Conhecia a data e não só porque era recente. Durante quatro anos, o pai fora uma fonte contínua de problemas, uma vergonha para a família, vivendo envolvido num luxo grosseiro, com a amante. Quando morrera, não sentira nada, nem sequer arrependimento, nem o alívio da tensão que se apoderara dele desde a deslealdade de Piers. Durante semanas, não fora capaz de sentir nada, a não ser um vazio emocional.
– Então, não foi o meu pai.
– Não. Mas seguimos o rasto da pessoa que o fez. E não pode dizer-se que tenha sido muito inteligente, tendo em conta a evidência da data. Foi a senhora Ruggiero, a partir da sua morada, em Paris.
Barker deu-lhe outra folha, onde figurava a morada do apartamento exclusivo que Piers Deveson partilhara durante os seus últimos anos de vida com a amante, Silvia Ruggiero.
Jonas hesitou um instante, antes de a agarrar. Os dedos tremeram, como se a folha queimasse.
– Portanto, a amante do meu pai pensa que pode continuar a enganar a família, mesmo depois de o meu pai ter morrido.
Como é que aquela mulher ousava pensar que podia sair impune, depois de tudo o que fizera aos Deveson? O coração acelerou, ao pensar na mulher que tanto o magoara. Recordava-se tão claramente dela, como se a tivesse visto no dia anterior. Recordava a sua figura voluptuosa, os olhos resplandecentes e o cabelo escuro. «É a encarnação do sexo», dissera um dos seus amigos, a primeira vez que vira Silvia que, naquela época, era a governanta dos Deveson. E tinha razão. Nem sequer o uniforme conseguia sufocar a sensualidade vibrante que emanava daquela mulher.
Isso fora umas semanas antes de o pai abandonar a família para fugir com a governanta, para o apartamento luxuoso que possuía em Paris.
Quatro meses depois, a mãe aparecera morta. «Morte por overdose acidental», dissera o médico forense. Porém, Jonas sabia a verdade. Desdenhada durante anos pelo homem por quem estava apaixonada, fora incapaz de suportar a humilhação e suicidara-se.
Respirou fundo. A mulher responsável pela morte da mãe voltava a magoar a família. Tivera a coragem de pensar que podia continuar a roubá-los!
O papel que tinha na mão rangeu, quando cerrou o punho. Surgiu a fúria, deixando-o tenso. Doía-lhe o queixo, devido à força com que cerrava os dentes, tentando conter uma agressividade que sabia que era inútil.
Durante seis anos, desprezara a ideia de vingança. Conseguira vencer a tentação, perdendo-se no trabalho, recusando-se a manter o contacto com Piers e com a amante.
No entanto, aquela fora a gota de água. Sentia o sangue a correr nas veias e, pela primeira vez, permitiu-se pensar no prazer da vingança.
– Deixa-me ser eu a tratar disto, Charles – e sorriu. – Não é preciso denunciar o roubo. Eu vou tratar disto, pessoalmente.
Ravenna reviu o apartamento, desesperada. Grande parte dos móveis eram falsos, desde as cadeiras Luís XV às porcelanas, que deveriam ser Limoges e Sèvres.
A mãe sempre soubera poupar, sobretudo, nos momentos mais difíceis.
Ravenna esboçou um sorriso triste. Viver num apartamento em Place des Vosges, um dos lugares mais exclusivos de Paris, não podia considerar-se uma situação difícil. E, menos ainda, quando comparada com a época em que era pequena, quando escasseava a comida e mal tinham roupa suficiente para se proteger do frio, no inverno. Mas, aquelas experiências tinham sido muito úteis para a mãe. Quando o dinheiro começara a escassear, dedicara-se a substituir, metodicamente, todas aquelas antiguidades valiosas por cópias.
Silvia Ruggiero sempre soubera sobreviver, ainda que, ultimamente, o fizesse para viver rodeada de um luxo que parecia ser ridículo. Mas era o que Piers queria e, para Silvia, mais nada importava.
Ravenna suspirou. A mãe estava muito melhor em Itália, acompanhada de uma amiga, do que ali, a enfrentar as sequelas da morte de Piers. Se lhe tivesse contado que Piers sofrera um enfarte, poderia ter ido vê-la nesse mesmo dia. Até mesmo nesse momento, era difícil compreender que a mãe tivesse preferido ficar sozinha, a incomodá-la com outro dos seus problemas.
Mães! Não percebiam que os filhos cresciam?
Quando Ravenna aterrara em Paris, depois da sua estadia na Suíça, mal reconhecera Silvia. Pela primeira vez, na sua vida, a mãe aparentava mais anos do que os que tinha e fora devorada pela tristeza. Estava preocupada com ela. Piers podia não ter sido o seu homem favorito, mas Silvia amara-o profundamente.
Sim, era preferível que a mãe estivesse longe. Fechar aquela casa era o mínimo que podia fazer, sobretudo, porque Piers fora generoso, quando precisara dele. Assim, que importância podia ter o facto de se ver obrigada a lidar com os credores e a vender o pouco que a mãe deixara?
Olhou para o inventário, alegrando-se por a mãe o ter pedido a um perito, que separara os objetos de valor dos falsos. Aos olhos de Ravenna, tudo parecia ser obscenamente caro e ostentoso. Contudo, tendo em conta que vivia num apartamento de um só quarto, num bairro anódino, nos subúrbios de Londres, não era a pessoa certa para avaliar.
Jonas tocou à campainha, pela segunda vez, questionando-se se Silvia se teria ido embora e se aquela viagem repentina a Paris não iria acabar por ser uma perda de tempo.
Nunca agia por impulso. Era uma pessoa metódica e racional. Mas, também tinha um instinto apurado para detetar a fraqueza, para encontrar o momento perfeito para atacar. E, certamente, naquele momento, quando tinham passado algumas semanas depois da morte de Piers, a amante do pai devia estar a começar a sentir a pressão dos credores.
Uma voz feminina atendeu, finalmente.
– Quem é?
Sim! O instinto não falhara.
– Vim ver a senhora Ruggiero.
– Monsieur Giscard? Estava à sua espera. Suba, por favor.
Jonas abriu a porta e entrou no vestíbulo de mármore. Ignorou o elevador e subiu até ao segundo andar, onde se encontrava aquele que fora o ninho de amor do pai. Reprimindo um calafrio de repugnância, bateu à porta com os nódulos dos dedos.
A porta abriu-se imediatamente e Jonas acedeu ao vestíbulo luxuoso, passando à frente de uma jovem.
– O senhor não é monsieur Giscard – aquela acusação assustou-o.
Virou-se e descobriu uns olhos cor de mel, fixos nele.
– Não, não sou monsieur Giscard.
Deteve-se pela primeira vez, para olhar para aquela mulher, e a surpresa embargou-o.
Magra, ao extremo de parecer frágil, contava com as curvas adequadas, embora as escondesse parcialmente com uma roupa escura, um pouco larga. Contudo, foi o rosto que lhe chamou a atenção. Uma boca carnuda e sensual, nariz reto, maçãs do rosto bem marcadas, que lhe davam um ar de duende, pestanas escuras e espessas, e sobrancelhas finas, que emolduravam uns olhos tão luminosos que pareciam ter luz própria. Cada uma das feições daquele rosto, em forma de coração, eram tão definidas que o conjunto poderia ter sido excessivo. No entanto, fundiam-se de uma forma perfeita.
Era uma mulher muito atraente. Não era uma beleza clássica, era bonita de uma forma muito mais peculiar. Jonas sentiu que o coração acelerava e ficou rígido. Quando fora a última vez que se sentira afetado pela visão de uma mulher?
– E, o senhor é? – inclinou a cabeça, fazendo com que o olhar de Jonas passasse da boca para o cabelo, que usava muito curto.
Jonas franziu o sobrolho. Porque estava a fixar-se numa coisa assim, quando tinha questões muito mais importantes em mente?
– Estou à procura da senhora Silvia Ruggiero.
– Mas, não o esperávamos.
Havia algo novo na sua voz. Algo duro, assertivo.
– Não – curvou os lábios, num sorriso de antecipação sombria. – Mas sei que quererá ver-me.
A jovem colocou-se na sua linha de visão, bloqueando-lhe o acesso à sala. Jonas reparou na elegância dos seus movimentos, embora pensasse que não tinha tempo para distrações.
– És a última pessoa que Silvia quereria ver – declarou, tratando-o por tu, de repente.
– Sabes quem eu sou? – e endureceu o olhar, perante a sua atitude desafiante.
– Demorei um pouco a perceber mas... Claro que sei.
Algo mudou na expressão dela. Foi algo tão repentino, que Jonas mal pôde interpretá-lo. Mas percebeu que não estava tão segura e confiante, como aparentava.
– E tu? Quem és?
Estava habituado a ser reconhecido, por causa das reportagens que apareciam na imprensa, mas o instinto dizia-lhe que não era a primeira vez que se encontrava com aquela mulher.
– Evidentemente, alguém muito fácil de esquecer.
Curvou os lábios num sorriso que, por muito ridículo que pudesse parecer, causou uma nova onda de calor na barriga de Jonas.
Pestanejou, zangado com a sua reação.
– Silvia não está, portanto, não podes vê-la – pronunciou aquelas palavras com um sussurro precipitado, que desmentia a sua posição defensiva.
– Nesse caso, esperarei.
Jonas deu um passo em frente, mas a única coisa que conseguiu foi chocar contra aquela figura delicada, vibrante, naquele momento, por causa da tensão. Esperava que ela se afastasse, mas surpreendeu-o, ao manter-se no seu lugar. Contudo, Jonas recusou-se a recuar, sem se importar com o efeito que a proximidade do seu corpo lhe proporcionava.
Baixou o olhar para aqueles olhos dourados, que o observavam, esbugalhados, com uma expressão de surpresa.
– Não tenciono ir-me embora – murmurou, reprimindo um desejo inexplicável de levantar a mão, para verificar se aquela cútis era tão suave como parecia. – Este assunto não pode esperar.
A jovem voltou a engolir em seco. Jonas seguiu o movimento da sua garganta delicada, com um fascínio que o surpreendeu. Sentia a fragrância calidamente feminina, com o toque inconfundível da canela. A jovem recuou bruscamente, fazendo-o olhar para ela nos olhos.
– Nesse caso, terás de falar comigo – virou-se e conduziu-o para a sala.
Jonas fixou o olhar no balançar das ancas, zangado consigo próprio por estar a desviar a atenção do assunto que o levara ali.
A sua anfitriã sentou-se numa poltrona, situada junto de uma janela, emoldurada por cortinas douradas.
– Porque haveria de querer falar com uma desconhecida? – replicou Jonas, desviando o olhar para um relógio de bronze, com adornos exagerados.
No entanto, haveria algo naquela sala que não fosse excessivo? Tudo denunciava a fixação dos novos-ricos pela quantidade, em detrimento da qualidade. Não tardara a perceber que muitos dos objetos eram falsos. Mas o pai era assim, só a aparência importava.
– Não sou uma desconhecida. Se parasses de fazer o inventário, talvez percebesses.
Para surpresa de Jonas, sentiu um calor intenso. Era verdade, a sua conduta era grosseiramente calculista, mas não precisava de cair nas boas graças da amante do pai, nem da amiga dela.
– Nesse caso, talvez possas fazer o favor de responder a uma pergunta. Quem és?
– Pensei que era evidente. Sou Ravenna, filha de Silvia.
Ravenna viu a surpresa desenhada nas feições de Jonas. Qualquer um diria que, depois de tantos anos, devia estar habituada. Mas, a verdade era que continuava a afetá-la.
Ravenna fora uma menina desajeitada, com pernas e braços compridos, pés grandes e um nariz que demorara anos a crescer. Com cabelo escuro, aspeto italiano, o seu nome exótico e a sua voz ligeiramente rouca, sempre fora uma estranha nas escolas inglesas que frequentara. Quando as pessoas a viam com a mãe, uma mulher pequena, impressionantemente bonita, o comentário mais amável que surgia dos seus lábios era referir como eram diferentes. Os menos amáveis, no colégio interno, eram... Enfim, há anos que preferira esquecê-lo.
Contudo, pensava que Jonas se lembraria dela, ainda que, na última vez que a vira, usasse tranças e aparelho nos dentes.
Era verdade que também lhe custara reconhecê-lo. Não fora fácil conciliar a imagem daquele intruso sombrio, com a do jovem que fora tão considerado com ela, no dia em que a encontrara aninhada e triste, no estábulo. Na altura, fora mais amável com ela, muito mais atento. Diante dos seus olhos adolescentes, brilhara como um deus poderoso, inalcançável, sensual como as estrelas de cinema. Quem teria imaginado que alguém com tanto encanto poderia transformar-se num homem tão malvado? Mas, não perdera a beleza.
Ravenna voltou a fixar o olhar naqueles olhos cinzentos, que a examinavam com tanta atenção.
Não, isso também mudara. A suavidade da juventude abandonara as feições de Jonas, deixando-as austeramente esculpidas, nuas, mostrando o resultado de gerações e gerações de berço aristocrático.
Desde o nariz arrogante ao queixo forte, desde o cabelo denso e escuro, aos ombros largos e peito musculado, Jonas era o típico homem por quem as mulheres perdiam a cabeça.
No entanto, por muito atraente que fosse, por muito habituado que estivesse a dar ordens, não iria render-se à sua autoridade.
– Que problema tens com a minha mãe? – quis saber, cruzando as pernas e pousando os braços na poltrona, como se estivesse completamente relaxada.
– Quando é que a tua mãe volta?
A fúria nos olhos dele era inconfundível. Apesar da calma aparente, estava a começar a perder a paciência.
– Se não és capaz de responder educadamente, podes ir embora.
Ravenna levantou-se, farta de suportar o filho privilegiado de Piers. E estava a caminho da porta, quando as palavras de Jonas a fizeram parar.
– É um assunto privado, entre mim e a tua mãe.
Virou-se lentamente, consciente de que isso só podia significar que a mãe tinha problemas.
– A minha mãe não está em Paris, podes tratar desse assunto comigo.
– Onde está? Quero saber, imediatamente.
Ravenna cerrou os punhos. Aquela atitude arrogante enfurecia-a.
– Não sou a tua empregada – declarou, mantendo a voz milagrosamente serena. – É possível que a minha mãe tenha trabalhado para a tua família, noutra época, mas isso não te dá nenhum poder sobre mim.
– No entanto, tenho poder sobre a tua mãe – indicou Jonas, com uma suavidade perigosa.
– O que queres dizer? – o medo fê-la elevar ligeiramente o tom de voz.
– Quero dizer que a tua mãe tem um problema sério.
– E não estás aqui para a ajudar, pois não?
A gargalhada desumana de Jonas confirmou o pressentimento de Ravenna.
– Claro que não! Vim aqui, porque quero ver como a prendem pelos seus crimes.