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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2015 Annie West

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Descoberta no Harém, n.º 1755 - julho 2018

Título original: The Sultan’s Harem Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-802-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

– Desiste, Jack. É uma busca inútil. – A voz de Imran surgiu por entre o barulho dos carros e da multidão que seguia no desfile daquela campanha eleitoral.

– Não! – Jacqui abanou a cabeça. – Verás que valerá à pena. – Tinha que valer. Eles tinham a oportunidade de entrevistar um dos líderes de oposição mais difíceis de encontrar em todo o mundo, um reformista inspirador que as autoridades fariam de tudo para silenciar. Uma oportunidade que não poderia ser perdida.

Mas havia um desconforto. A rua congestionada era estranhamente familiar, como se ela já tivesse estado ali antes. Os aromas de terra, suor, especiarias e esterco incomodavam-lhe as narinas. Uma sensação perturbadora de déjà vu fê-la parar.

Jacqui virou-se, procurando o rosto familiar de Imran. Ela sentia-se ansiosa.

– Imran?

– Aqui, Jack. – E lá estava ele, enorme, com a câmara ao ombro, os olhos sorridentes semicerrados por causa do sol.

Jacqui sentiu-se aliviada. Por um momento, teve medo. Mas de quê? Perdeu a linha de pensamento.

– É um tiro no escuro, apesar da pista – disse ela. – Se preferires ir para o hotel, tentarei localizá-lo e depois ligo-te.

A expressão de Imran não se alterou.

Ela teria falado em voz alta ou apenas pensado? Confusa, levou a mão à testa quente. Tudo parecia irreal, estranhamente distante. Até os rostos das pessoas pareciam distorcidos.

Jacqui tentou concentrar-se. O trabalho. A pista. Esta iria ser a melhor reportagem das carreiras de ambos. O editor deles nem acreditaria quando aparecessem com o exclusivo.

Era a oportunidade de revelar a verdade sobre aquele regime opressivo. Depois, os poderes do mundo não poderiam continuar a alegar ignorância, nem a virarem as costas à violência.

– Vamos, Jack. Não percas tempo. – Imran foi à frente, abrindo caminho pela multidão.

Jacqui tentou acompanhá-lo, mas os seus pés pareciam colados ao chão. Com um esforço supremo, esforçou-se por caminhar por entre a multidão, que parecia também vagarosa.

Apenas Imran andava vigorosamente no meio das pessoas que mal se moviam. Cada passo levava-o para mais longe.

Jacqui tentou chamá-lo. O déjà vu voltou com mais força. A sua pele arrepiou-se com uma premonição assustadora. A sua garganta fechou-se.

Impotente, ela viu-o a desaparecer na multidão.

E, então, aconteceu. O que ela estava a aguardar, sem sabê-lo. Uma forte vibração no ar. Um tremor que fez o chão levantar-se.

Depois, o som cataclísmico. Ensurdecedor. Tão alto que os seus ouvidos zuniram.

Assim que saiu do seu torpor, ela correu com os pulmões a latejarem, a respiração a rasgar-lhe a garganta. Ainda não conseguia gritar.

Parou repentinamente. A câmara de Imran estava no chão, com as lentes estilhaçadas.

Jacqui ajoelhou-se enquanto tentava apreender a imagem à sua frente. A desordem dos membros, as formas impossíveis de compreender. Uma mistura de poeira e líquido vermelho espalhada à sua volta, encharcando o solo, invadindo-lhe as narinas.

Ela estendeu a mão para tocar o que tinha sido o homem que ela conhecia melhor que qualquer um. Um homem em forma, completo…

Por fim, ela encontrou a sua voz. Esta surgiu, enchendo os ares, num grito angustiado.

 

 

Asim saiu para o pátio iluminado pelo luar. A irritação fazia o sangue ferver-lhe nas veias.

O que teria passado pela cabeça do seu embaixador para levá-lo a sugerir aquela mulher como uma possível esposa? Ou sugerir ao velho emir que trouxesse a sua sobrinha? Esta deveria ser uma simples visita para finalizar o acordo energético entre os dois países. Em vez disso, a visita do emir a Jazeer poderia tornar-se um desastre diplomático.

Asim atravessou o jardim perfumado. Havia bastante espaço no velho palácio e poderia ficar sozinho com a sua impaciência.

Não era tão bom quanto a liberdade de um veículo quatro por quatro nas dunas do deserto, mas tal luxo era-lhe negado. Ele tinha de permanecer ali para acompanhar o emir e a sua indesejada sobrinha durante a manhã. Teria de confortar o orgulho do nobre, mas deixar claro que a sua noiva estava noutro lugar.

Ele sorriu. Se a beleza fosse o único requisito, ela poderia ser uma candidata. Era uma das mais belas mulheres que já tinha visto.

Na sua juventude, Asim conquistara uma merecida reputação de mulherengo. Louras, morenas, ruivas, magras, curvilíneas, altas ou baixas. Ele gostava de todas.

Teriam eles pensado que ele ficaria tão seduzido pelo charme da rapariga que ignoraria o seu caráter? Ela tinha-se mostrado tímida naquela noite. Mas Asim sabia que, nos esconderijos exclusivos dos multimilionários, ela possuía uma reputação de gostar de prazer, de múltiplos amantes e de estimulantes químicos.

Só um tolo poderia pensar que ele fecharia os olhos a isso!

A mulher com quem Asim casasse seria a esposa do sultão de Jazeer. Ela teria de ser inteligente, bonita e capaz: uma mãe devotada. Uma mulher digna e controlada, de padrões impecáveis. Não a protagonista de mexericos indecentes.

A sua esposa seria tudo o que a sua mãe não tinha sido.

Oh, ela era fora bela. E amável, à sua maneira.

Um calafrio percorreu as costas de Asim.

O destino protegia-o do amor!

Essa maldição destruíra os seus pais. E agora a sua irmã. Ele não tinha intenção alguma de sofrer o mesmo destino.

Respirou fundo. Esperava manter a sua decisão de encontrar discretamente uma esposa. Agora, a especulação seria frequente e ele seria bombardeado com candidatas esperançosas.

Um grito agudo assustou Asim. Ele levantou a cabeça, procurando a sua origem.

O grito repetiu-se, cortando o ar noturno, eriçando-lhe os pelos da nuca.

Asim dirigiu-se para um prédio antigo, abandonado há muitos anos. Ouviu-se novamente o grito, enquanto ele se aproximava de um espaço menos formal do que os outros jardins.

Conhecia o local. Quando era pequeno, ouvira velhas histórias trágicas sobre ele, sempre desejoso de encontrar provas de que o jardim fosse mesmo assombrado.

Agora, aos 35 anos, Asim não considerava a possibilidade de encontrar um fantasma. Estava mais preocupado com o autor de carne e osso daquele grito.

O grito repetiu-se. Alto, angustiado, sem palavras. O tom de aflição impeliu-o. Cruzou uma larga entrada e várias salas escuras e vazias até chegar a uma porta de onde vinha luz.

Deteve-se, sentindo o coração acelerado. A cena à sua frente perturbou-o.

Um velho candeeiro iluminava o espaço, que tinha apenas uma mesinha, um baú e uma cama.

Foi a cama que lhe chamou a atenção. Nesta, viu, incrédulo, uma mulher nua deitada.

Asim arfou, abismado.

O candeeiro pintava a pele nua em delicadas nuances do arco-íris. Dourado nas pernas longas e delgadas. Rosa nos quadris, na barriga lisa e pálida, e no V coberto de pelos castanho-avermelhados. Lavanda na curvatura perfeita dos seios firmes, que tremiam por causa da respiração agitada. Azul-celeste no pescoço e na boca contorcida.

Ele foi tomado por surpresa, curiosidade e uma onda de puro apetite masculino perante aquela figura tentadora.

Com os braços erguidos por cima da cabeça numa almofada de cetim, ela parecia um delicioso banquete servido para sua diversão… um convite para tocar e experimentar.

Estava excitadíssimo.

Observou os seios deliciosos e as coxas. Respirando descompassadamente, ele recuperou o juízo e aproximou-se.

As madeixas de cabelo húmido espalharam-se pela almofada quando ela virou a cabeça e soltou um fraco gemido. Deveria ser um som de angústia, mas, mesmo assim, uma parte primitiva de Asim imaginou se ela emitiria o mesmo som no calor da paixão.

Asim sentiu o calor que emanava dela ao aproximar-se. Colocou as mãos para trás para conter o instinto de tocar-lhe.

Deveria confortá-la. Mas sentia vontade de saber se a sua pele era tão macia quanto parecia.

Esfregou o rosto, reprimindo impulsos que só podiam ser desonrosos.

Quem era aquela mulher e o que fazia ela, sozinha e nua, na parte mais antiga do seu palácio?

Apesar da sua posição real, algumas mulheres ofereciam-se a ele de formas absurdas.

Seria ela uma dessas?

As reações do corpo de Asim mostravam que ela conseguira chamar-lhe a atenção.

Na sua juventude mais selvagem, ele poderia ter ficado mais tentado. Mas, agora, procurava uma esposa, não um caso de uma noite.

Inevitavelmente, o seu olhar voltou para o corpo da mulher. Era esguia quase ao ponto da magreza. Modelo? Era bastante alta. Mas estava sem nenhum adorno.

Ele não conhecia mulheres que não usassem bijuteria, nem que fossem uns simples brincos.

Ela estava tão… nua.

Contudo, não havia como negar a poderosa onda de desejo que o invadia. O peso no seu baixo-ventre. Os batimentos do seu coração. A respiração acelerada.

Asim estendeu o braço. Abriu a mão um metro acima do corpo dela e imaginou sentir um mamilo. Uma descarga elétrica percorreu-lhe os dedos em direção à virilha. Fechou a mão contra a vontade de acariciá-la ali.

Ela moveu-se abruptamente. Girou a cabeça. Respirou profundamente e deixou escapar um soluço abafado.

Asim afastou-se, descrente e envergonhado. Estava a agir como um voyeur!

– É hora de acordar – disse ele, assumindo um familiar tom de comando.

Se ao menos tivesse o mesmo comando sobre os seus impulsos.

Abriu a boca para repetir a ordem e, nesse momento, ela ofegou e gritou a plenos pulmões.

 

 

– É hora de acordar… hora de acordar. – As palavras circulavam pelo cérebro de Jacqui como um mantra. O chão tremeu novamente. Ela não correu. Como poderia fugir? Ela tinha levado Imran para o perigo e agora ele estava morto. Como poderia pensar em sobreviver?

Foi envolvida por um calor, mas os seus ossos sentiam frio. Agarrou a mão de Imran, desejando que pudesse voltar atrás no tempo. Mas sabia que nada poderia trazê-lo de volta.

E aquela voz insistente continuava a ordenar-lhe que acordasse.

O som ensurdecedor parou abruptamente. Jacqui levou algum tempo até perceber que era o som dos seus gritos. Sentiu medo, embora o pânico começasse a diminuir.

Já tinha feito aquilo antes. Sabia o que significava. Teve um dos seus sonhos. Mesmo dizendo a si mesma que aquele lugar silencioso era a realidade, o seu cérebro zumbia ansiosamente.

– Assim é melhor. – Era a voz novamente. Calma. Tão profunda que atingia-lhe a alma. – Está acordada agora?

Por um momento, ela poderia jurar que segurava a mão ainda quente de Imran. Mas a sensação desapareceu.

Ele desaparecera. O pesar cavou um buraco no seu estômago.

As lágrimas caíram-lhe. Inúteis. Ela esfregou o rosto, sentindo um nó de emoção na garganta.

Algo mudou. O calor nos seus ombros diminuiu. Ela percebeu que era por causa do toque de umas mãos firmes.

Os resquícios do pesadelo desapareceram. Jacqui abriu os olhos em choque.

Não estava sozinha.

Uns olhos cor de ébano encontraram os seus. Eram tão penetrantes e intensos que ela ofegou.

Ele franziu a testa, mostrando linhas finas nos cantos dos olhos, que lhe conferiam a aparência de um homem que passava bastante tempo ao sol.

Jacqui pestanejou, tentando digerir o facto de estar a acordar com um completo estranho.

Um estranho que a encarava com o seu olhar brilhante.

No entanto, uma lembrança surgiu, um reconhecimento. Ele parecia… familiar.

– Sente-se bem? – A preocupação na voz do homem pareceu genuína.

Mesmo desorientada pelo pesadelo, ela não se sentiu com medo nem ameaçada. Certamente, fora a voz calorosa dele que a tirara do horror, trazendo-a de volta à realidade. Ficou aliviada por não estar sozinha na escuridão.

Jacqui lutou para levar ar aos pulmões, para afastar o cheiro ácido do sangue de Imran.

O homem estava tão perto que ela podia sentir o aroma da sua pele. Notas profundas de um perfume caro, que lhe lembrava o odor de especiarias e a brisa quente do deserto.

A respiração dele aquecia-lhe a testa. Umas longas pestanas velavam o olhar que desceu para a boca de Jacqui. Um calor instantâneo atingiu-lhe a pele. Ela corou e os seus seios enrijeceram.

A sua reação foi tão repentina e tão estranha que ela limitou-se a encará-lo, tentando perceber o que se passava.

– Sim, obrigada. Eu estou… – Ficou alarmada ao perceber como estava. – Nua! – Ela abraçou os joelhos rapidamente.

Ficou agradecida por ele afastar-se, mas concentrou-se em encontrar a manta que esperava ter sido ela mesma a fazer cair.

Jacqui sentiu-se horrorizada quando agarrou a manta que tinha escorregado da cama. Não tinha a sensação de ter sido apalpada. Não conseguia lembrar-se de nada, além do calor das mãos nos seus ombros. Mas, como poderia ter a certeza?

Segundos depois, enrolada na manta, virou-se para ele.

Nunca vires as costas ao perigo.

O estranho era muito alto, o que era significativo, tendo em conta a sua própria altura. Poucos homens a faziam sentir-se pequena. O efeito daquela altura poderosa era enfatizado pela largura dos ombros que preenchiam o espaço da porta. A primeira impressão de Jacqui foi de pura masculinidade. A segunda, que ele escondia algo.

A sua expressão era fechada, quase severa, mas o olhar desmentia a atitude sóbria. Aqueles olhos permaneceram fixos no rosto dela.

Jacqui nunca tinha experimentado uma reação física tão instantânea a um homem. O que a perturbou profundamente.

Puxou mais a manta, tentando controlar a sua apreensão. Até o inocente roçar do tecido na sua pele pareceu evocativo, lembrando-a da sua nudez.

Em todos os seus anos de viagem, ela aprendera, com mestria, a arte de fazer a mala. Era indicativo da sua distração que, pela primeira vez, se tivesse esquecido de trazer a sua camisa de dormir. Isso não importara duas horas atrás, mas, então, ela não esperava acordar e descobrir o herói de um conto das Arábias a agigantar-se sobre ela. Ou seria um vilão?

– Quem é você? – A sua voz emergiu rouca e fraca; ela pigarreou. – O que está aqui a fazer?

Ele não se moveu, mas pareceu ficar ainda mais imponente.

– Eu é que deveria fazer essa pergunta. – Ele pausou, como se esperasse a resposta.

Mas Jacqui aprendera a nunca demonstrar fraqueza ou dúvida. Tinha o direito de estar ali e recusava-se a acobardar-se, como se tivesse feito algo errado. Ele é que tinha invadido a sua privacidade!

Antes que ela dissesse qualquer coisa, ele falou:

– Quem é você e o porque está aqui no meu harém?