
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
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28001 Madrid
© 2002 Barbara Daly
© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Demasiado ardente, n.º 499 - janeiro 2019
Título original: Too Hot to Handle
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1307-601-0
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Créditos
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Se gostou deste livro…
– Precisas de férias…
Irritada, Sarah Nevins ergueu os olhos para Macon Trent. Se ele não fosse o funcionário mais importante da Great Graphics, despedi-lo-ia naquele exacto instante!
– Poderias ao menos tentar ser mais delicado, Macon.
– Assim como tu foste delicada com o Ray agora há pouco?
Sarah arregalou os olhos.
– O que é que eu lhe disse?
– Não te lembras? – Macon imitou-a, num tom frio e prepotente: – Uma criança de cinco anos faria melhor do que tu! Francamente, Sarah, esse não é o teu estilo.
– Ah, meu Deus! – Tapando o rosto com as mãos, ela suspirou profundamente. – Onde é que ele está? Tenho de lhe pedir desculpas.
– Deve ter ido chorar para a sala de reuniões.
– Está bem, prometo que vou falar com ele. Oh, Macon, não sei o que é que se passa comigo!
– Tu não és a mesma Sarah para nós, com quem sempre trabalhámos com prazer, mesmo com os nossos salários miseráveis. Há quanto tempo não tens um namorado?
Ela contou até dez, mordendo a língua para não lhe dar uma resposta à altura. Além de ser o seu melhor funcionário, Macon era também um grande amigo.
– Sabias que esse tipo de pergunta é ainda pior do que perguntar a idade a uma mulher?
– Uau, obrigado pela dica! – Ele fez uma pausa reflexiva antes de prosseguir: – Pelo que me lembro, o teu último encontro foi há mais de um ano, com aquele representante de vendas que falava pelos cotovelos.
Sarah cerrou os dentes. Macon precisava de lentes de contacto, de um bom cabeleireiro e, acima de tudo, de um curso intensivo de boas maneiras.
– Como tu bem observaste, ele falava pelos cotovelos. Um encontro foi o suficiente para perceber que o meu limiar de tolerância era muito baixo para levar o relacionamento adiante. E, além disso, não estou disponível para um relacionamento sério e duradouro. – Relutante em admitir a realidade, olhou para ele com ternura. – Mas talvez tenhas razão. Há muito tempo que não tenho um namorado.
Não estava interessada em ter um relacionamento sério, mas sabia que precisava de alguém para preencher a sua carência afectiva.
– Não faças nenhuma tolice.
– O que é que queres dizer? Já alguma vez me viste fazer alguma tolice?
– Não no trabalho.
– Nem em lugar nenhum! – Ela olhou para ele com um ar de censura. – Achas que devo sair por aí e atirar-me para os braços do primeiro homem que encontrar?
Sarah não estava à procura de alguém com quem dividir os seus sonhos, discutir a relação ou dar-lhe um lar e filhos. Há muitos anos atrás, quando era jovem e cheia de esperança, desejara tudo aquilo com Alex…
Alexander Asquith-Emerson. Lembrava-se do nome completo do único homem que amara… E ainda sentia que mais ninguém poderia preencher o imenso vazio que ele lhe tinha deixado.
– Sarah, tu és a minha melhor amiga, entendemo-nos como ninguém, e sinto por ti o mais profundo respeito. Sabes que podes contar comigo. – Macon esboçou um sorriso malicioso e piscou um olho por trás das grossas lentes dos óculos. – Inclusive para preencher as tuas noites de solidão…
– Estou profundamente lisonjeada pela oferta e estou muito tentada a aceitá-la. – Riu com vontade da brincadeira bem-humorada. – Tu não tens ideia de como és atraente, Macon!
E realmente poderia ser, se não fossem os óculos, o péssimo gosto para se vestir e os cabelos tão mal penteados que pareciam ter sido cortados por ele próprio, com uma tesoura sem gume. Adorava o amigo, mas a paixão por ele restringia-se à genialidade do seu trabalho.
– Admito que deveria ouvir os conselhos da minha tia – Macon passou a mão pelos cabelos em desalinho. – Ela insiste em dizer que preciso de comprar roupas novas e ir ao barbeiro.
– É um bom conselho. Acho que te sentirias mais autoconfiante se fizesses uma mudança no visual. Pessoalmente, sou tua fã exactamente como és.
– Obrigado, Sarah. É uma pena que o restante universo feminino não pense assim.
– Não te aflijas. Tenho a certeza de que despertarás o interesse de alguém… E espero que o mesmo aconteça comigo! Às vezes, tenho a impressão de que sou invisível!
Sarah levantou-se e caminhou até à janela, observando a rua movimentada lá em baixo e aproximando-se da cadeira em que Macon se sentara.
– Tudo o que quero é que encontres alguém que te ame como homem, da mesma forma que eu te amo como amigo e colega, e que valorize as tuas qualidades a ponto de querer partilhar a vida contigo.
– Bolas, depois dessas palavras, chego a acreditar que pode ser possível… – Sarah olhou para ele com desconfiança, mas ele estava a ser sincero. – E tu, não queres alguém assim?
– Como diz o velho ditado, faz o que eu te digo, não faças o que eu faço.
Macon riu com vontade, e erguendo-se dirigiu-se para a porta.
– Está bem, mas tem cuidado.
– Podes ficar descansado.
Ela sorriu secretamente. Não estava preocupada com a sua integridade física. Tudo o que precisava era de proteger o coração.
A manhã seguinte não foi diferente de todas as outras que vivera nos últimos meses. Sarah acordou exausta, depois de lutar com os seus sonhos, que a levavam a uma onda de desejo cada vez maior. Desenvencilhou-se do emaranhado de lençóis da noite mal dormida e caminhou para a casa de banho.
Entrou para a banheira e deixou que o forte jacto de água fria lhe massajasse o corpo. Passados dez minutos, sentia-se revigorada, mas a sensação pesada e desconfortável persistia.
Um bom café era tudo o que precisava para se sentir melhor, disse a si mesma enquanto se enrolava na toalha.
Desolada, percebeu que não funcionara. Depois da segunda chávena, foi para o quarto e vasculhou o guarda-roupa, indecisa sobre o que vestir. Escolheu umas calças pretas de seda e uma blusa de cor creme.
Observou o seu reflexo ao espelho e, insatisfeita com o resultado, aplicou uma ligeira maquilhagem. Precisava de um pouco de cor. Trocou as calças escuras por outras idênticas, verde-claras, e voltou a analisar a sua imagem.
Desesperada, concluiu que estava a ser ridícula. Independentemente do que vestisse, o problema era o que sentia no seu íntimo. Despiu-se e tirou do cabide o habitual conjunto de saia e blusa, discreto e formal. Depois de colocar os brincos de argolas, pôs a colecção de pulseiras de ouro no braço direito e pegou na carteira.
Durante o trajecto de doze quarteirões pela Sexta Avenida até ao seu escritório em Chelsea, pensava nos seus problemas. As noites de sonhos perturbadores não eram fruto de fantasias selvagens e loucas. Sabia, no seu íntimo, que nada mais eram do que memórias que nem a eternidade seria capaz de apagar. Memórias de Alex, de todos os momentos maravilhosos que tinham compartilhado, das noites de prazer, dos sonhos que construíram a cada dia…
Macon tinha razão. Estava na altura de encontrar alguém que apagasse tais memórias.
Alex Emerson respirou fundo depois de saborear a deliciosa refeição num dos seus restaurantes favoritos. Seguiu a pé em direcção ao Soho, encorajado pelo calor do sol de Junho. Atravessou o Central Park, observando a disposição de um grupo de adolescentes que faziam acrobacias com patins, e censurou secretamente os donos dos cães, que ignoravam as placas que proibiam a sua presença. No centro do parque, perto da fonte, os vendedores de sandes trabalhavam animados. Os cachorros-quentes exalavam um aroma delicioso, e Alex prometeu a si mesmo que não deixaria de prová-los na próxima vez que voltasse a Nova Iorque.
Satisfeito com o resultado do almoço, olhou para o relógio de pulso e concluiu que ainda tinha algumas horas até ao encontro de negócios à noite, no bar do hotel Plaza’s Oak. Esperava obter a conta da tradicional rede de supermercados Big Market, que cobiçava desde que fundara a pequena agência de investimentos financeiros em São Francisco.
Uma viagem de negócios era um óptimo meio de passar um sábado de Verão em Nova Iorque. O trabalho era a única área na qual se sentia confortável. Durante as pequenas pausas durante o trabalho, ficava mais consciente das necessidades do seu corpo e da permanente sensação de perda no seu coração.
Evitava os momentos de ociosidade e, de súbito, sentiu-se oprimido pelo tempo livre. Entediado, seguiu para a Sexta Avenida. Andou alguns quarteirões para Norte e, ao avistar uma livraria, deteve-se, esperando que o sinal abrisse.
Daquele ponto, podia observar os clientes da Balducci, uma mercearia especializada em produtos finos que agradavam ao mais requintado paladar. Alex adorava os produtos ali vendidos, em especial o salmão fumado, o creme de leite fresco, o molho tártaro e os biscoitos de chocolate parecidos com os que costumava comer quando era criança.
Animado com a ideia de fazer uma surpresa aos seus funcionários, decidiu comprar uma caixa de biscoitos e seguiu em direcção à loja.
Ao aproximar-se, observou uma mulher que levava dois sacos nas mãos. Com dificuldade para equilibrar as compras, ela deteve-se por um momento para ajeitar a alça da carteira no ombro. Usava um tailleur de linho acinzentado e sandálias de salto alto que aumentavam ainda mais a sua estatura.
Era uma mulher que chamava a atenção, sem dúvida, mas alguma coisa inexplicável lhe atraiu o olhar, como se estivesse hipnotizado. Foi invadido por uma estranha e inesperada sensação, como se uma nuvem perfumada de flores frescas o envolvesse por completo. A sensação familiar e confortável estimulou-lhe a imaginação, e um desejo ardente fez-lhe ferver o sangue.
Ela voltou-se por um instante, e Alex admirou a suavidade da pele alva, o brilho dos cabelos loiros, que flutuavam como uma aura dourada em redor do rosto delicado, e a boca generosa, sensual, um convite inocente para um beijo apaixonado…
Arregalou os olhos e os seus lábios entreabriram-se para murmurar uma simples palavra:
– Sarah…
Ignorando a sua presença, ela seguia apressada, tentando equilibrar os sacos. Alex recusava-se a deixá-la desaparecer. Não seria adequado gritar o seu nome em público, e tranquilizou-se ao perceber que, mesmo que quisesse, as suas cordas vocais não responderiam. Ordenou às pernas que se movessem, para sair do estado de paralisia em que se encontrava, e pôs-se a correr pela rua.
Caminhando com pressa para casa, Sarah pensava nas promessas do fim-de-semana.
Na tarde anterior, fora a um bar em Chelsea com Rachel e Annie, e um atraente e simpático rapaz oferecera-lhe uma bebida. Depois de alguns minutos de conversa, descobrira que ele era advogado de um importante escritório. Trocaram os números de telefone e despediram-se com a promessa de um novo encontro.
Ansiosa por chegar a casa, tentava não alimentar esperanças de encontrar uma mensagem dele no atendedor de chamadas. Por precaução, tinha passado na sua mercearia favorita para comprar alguns itens suficientes para preparar o jantar, caso ele aparecesse naquela noite. Pretendia preparar uma salada de vegetais frescos e salmão fumado, e uma sobremesa… Indecisa entre a torta de nozes ou a mousse de chocolate, comprou ingredientes para ambas.
Estava tão distraída com os seus devaneios que não reparou no rapaz que a seguia de perto, e virou na esquina em direcção à sua casa.
Assim que chegasse, guardaria as compras e iria ouvir os recados no atendedor de chamadas. Se tivesse sorte, haveria uma mensagem promissora à sua espera. O seu sexto sentido dizia-lhe que estava prestes a encontrar o homem da sua vida.
Procurava as chaves na carteira, quando ouviu o seu nome. A voz familiar fez o sangue gelar nas suas veias. Incapaz de se mover, julgou que a sua imaginação lhe estava a pregar uma partida. Ouviu passos a aproximarem-se e o som ofegante da respiração pesada. Virou-se lentamente para se deparar com ninguém menos que… Alexander Asquith-Emerson!
– Sarah… – conseguiu ele balbuciar, quase sem fôlego. – Eu vi-te a sair da loja, e resolvi seguir-te. Que coincidência incrível!
A torrente de palavras vinda da boca que lhe era tão familiar deixou-a sem acção.
Tremia com tanta violência que receou que os sacos caíssem. Olhou para ele como se estivesse a mergulhar num sonho. Os cabelos eram fartos e negros como sempre tinham sido, e os ombros estavam mais largos do que quando tinha dezoito anos. Os olhos de fascinantes íris negras iluminaram-se, enviando misteriosas mensagens.
Indecisa entre esbofeteá-lo ou atirar-se para os braços fortes, fez um esforço sobre-humano para que o seu cérebro reagisse. Uma dor profunda tomou conta do seu corpo, como se carregasse o peso de séculos. Reunindo todo o seu autocontrolo, sufocou o passado uma vez mais e tentou sorrir.
– Alexander Asquith-Emerson! Quem diria, depois destes anos todos!
– Sarah, quando te vi, nem acreditei! Tive que te seguir para ter a certeza de que eras mesmo tu! – Os lábios cheios curvaram-se num largo sorriso. – Fiz questão de te alcançar para ter a certeza.
O rosto viril sustentava uma expressão de expectativa que a assustou.
– Não precisavas de ter tanto trabalho.
– Não tive trabalho nenhum.
Ela esperou, incapaz de se mover. A sensação de dor que lhe percorria o corpo chegou à garganta, deixando-a impossibilitada de responder.
– Há muitos anos que tenho tentado encontrar-te, Sarah. E, de repente, aqui estás tu!
Ele preservara o traço aristocrático do sotaque britânico, e o timbre perfeito de voz tinha-se intensificado com o tempo. Alex sempre tivera o poder de a envolver com uma simples palavra, pronunciando simplesmente o seu nome… Mas já não era uma adolescente encantada com a primeira paixão! Era uma mulher adulta e independente, imune à manipulação de qualquer homem do planeta Terra.
– Estive em Nova Iorque nos últimos cinco anos. – Mal acreditou quando ouviu a sua própria voz, calma e serena. – Montei uma agência de web design e tenho uma equipa maravilhosa. – Queria que ele soubesse que tinha controlo absoluto da sua própria vida, e nada melhor do que falar sobre trabalho.
– Acabaste a faculdade? – Alex agradeceu intimamente por ter voz para responder.
– Sim, concluí o curso de Administração e especializei-me em informática aplicada à empresa. A Great Graphics elabora páginas para a Internet, divulgando o material publicitário e oferecendo os serviços dos nossos clientes. – Sarah fez uma pausa, sentindo-se ridícula! Afinal, não estava numa entrevista com um potencial cliente. Embaraçada, decidiu passar a palavra a Alex. – E tu, o que é que tens feito?
– Bem, depois de me formar em Economia, abri um escritório de investimentos em São Francisco, e trabalho com aplicações no mercado financeiro. Não é uma área tão criativa quanto a tua, mas também não me posso queixar. – Um silêncio embaraçoso pesou entre eles, e Alex sentiu-se impelido a falar. – Costumo vir a Nova Iorque com frequência, e jamais imaginei que te pudesse encontrar aqui! Bem, agora que te encontrei, poderemos ver-nos com mais frequência. Infelizmente, tenho de voltar para casa ainda hoje, depois de um jantar de negócios.
– Claro, Alex. Negócios.
O tom ferino atingiu-o como uma punhalada.
– Mas volto no próximo fim-de-semana. Que tal se fôssemos jantar na sexta-feira?
Sarah forçou um sorriso, obrigando os seus lábios a moverem-se.
– Sinto muito, vou estar ocupada.
– E no sábado?
– Também vou estar ocupada. E nunca saio aos domingos. De qualquer forma, foi bom rever-te.
Sarah esperava que ele sentisse a mesma dor da rejeição que a torturava há doze anos. Virou-lhe as costas, ansiosa por encontrar a segurança e o conforto da sua casa, ou de qualquer lugar onde Alex não estivesse.
– Sarah…
O tom grave e profundo paralisou-lhe os passos.
– Aqui está o meu cartão. Liga-me se mudares de ideias.
Ela pegou no cartão, tentando focalizar as letras que se embaralhavam diante dos seus olhos, e viu o endereço de São Francisco.
– Voltaste para a Califórnia.
– Sim.
– Como está a tua mãe? – perguntou no tom mais neutro que pôde.
O sorriso espontâneo acrescentou um toque de realidade ao sonho.
– Em Inglaterra, de excelente saúde, tão impossível como sempre e a matar lentamente o quinto marido. E a tua tia Becky?
– Morreu há oito anos, quando eu estava na faculdade.
– Oh, Sarah, sinto muito…
Mesmo com a tristeza a crescer dentro dela ao lembrar-se da sua amada tia, esboçou um sorriso impessoal enquanto pegava nos sacos e seguia para casa. Não sabia o que ia fazer se Alex se oferecesse para ajudar, ou se pedisse para entrar…
Mas ele permaneceu parado como uma estátua, a observá-la a ir-se embora.
– Bem-vindo a Nova Iorque – murmurou por cima do ombro.
Subiu os degraus e abriu a porta de ferro, surpreendida por as suas mãos obedecerem. Correu para o elevador no final do corredor, para o seu apartamento no quinto andar e, por fim, para a solidão. E só então deu vazão ao pranto que lhe oprimia o peito.
Parado em frente ao prédio, Alex teve dificuldade em manter as pernas firmes. Enquanto observava Sarah a desaparecer, sentiu que as suas memórias o estavam a queimar vivo. Memórias do calor, do toque suave da pele acetinada, dos cabelos perfumados, dos lábios doces como mel…
Com muito esforço deu meia volta e seguiu em frente.
Logo que se tornara adulto e alcançara a independência financeira, começara a procurar Sarah, usando todos os meios possíveis. Mas ninguém, nem mesmo os colegas da faculdade e vizinhos, sabiam do seu paradeiro. Ela simplesmente desaparecera. E, naquele dia, ela aparecera como que por magia.
Chegou à Sexta Avenida e estendeu o braço para chamar um táxi. Esperava que o encontro tivesse sido melhor, mais fácil, mais confortável, que lhe desse alguma esperança de perdão… Mas, no fundo, ficara aliviado com a hostilidade de Sarah. Significava que ainda se importava com ele.
– Ei, você quer o táxi ou não?
Alex olhou para o motorista através do vidro e entrou no veículo, tentando desesperadamente recuperar o seu interesse pelo encontro de negócios que lhe parecia tão importante há uma hora atrás.
Porém, enquanto o carro seguia com lentidão pelo tráfego intenso, ele soube que nada era mais importante do que a mulher que era a única dona do seu coração.