
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2000 Belinda Bass
© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Uma entrega especial, n.º 556 - agosto 2019
Título original: His Special Delivery
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1328-287-9
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Créditos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Epílogo
Se gostou deste livro…
Cal Tucker já estava no altar, mas havia um pequeno problema. Nem sinal da noiva.
Retirou o botão de rosa da lapela do casaco e esmagou-o entre os dedos, lançando um olhar para os bancos da capela, agora vazios.
– Acho que ela não me ama – murmurou, com um tom de sarcasmo.
James Scott, o sócio de Cal, esperava-o ao lado da porta da frente.
– Não precisavas de ter ficado para enfrentar aquela gente toda. Eu podia tê-los mandado para casa no teu lugar.
Embora não tivesse vontade de suportar os olhares condescendentes dos amigos e conhecidos, ele nunca confiaria essa missão a outra pessoa.
– Era o meu casamento, a minha responsabilidade.
O amigo desencostou-se do batente da porta.
– Sabes por que é que Tiffany não apareceu?
Cal passou o dedo indicador pelo colarinho, que na última meia hora mais parecera uma forca.
– Bem… eu finalmente tomei coragem e disse-lhe que não ia aceitar a oferta do meu pai para gerir o novo mega empreendimento da família.
Um assobio escapou dos lábios de James.
– Agora entendo. Tiffany deve ter ficado furiosa por perder a oportunidade de ser a esposa de um grande empresário.
Cal franziu as sobrancelhas e perguntou-se quando é que James se tinha tornado tão perspicaz.
– Sim, mas eu não costumo ser palhaço de ninguém. Quando lhe disse isso, ontem à noite, ela fez-me um ultimato.
– Então sabias que ela não ia aparecer?
– Claro que não! Conheces Tiffany. Às vezes, parece um vulcão e no instante seguinte parece um frigorífico – Cal massajou os músculos tensos do próprio pescoço. – Achas que eu estaria aqui a fazer figura de parvo se soubesse que ela não viria?
– E o que é que pensas fazer agora?
– Fazer? – ele encolheu os ombros. – Nada. Tiffany fez a sua escolha.
Cal não entendia como é que não tinha percebido antes o quanto ele e a noiva eram diferentes. Nunca queriam as mesmas coisas. Só que isso nunca fora um empecilho. Até àquele momento, pelo menos.
– Acabou – concluiu.
– Tens a certeza? – perguntou James.
A sensação de perda que Cal esperava não aconteceu, mas o seu orgulho tinha ficado bastante ferido.
– Sim, tenho a certeza – naquele momento concluiu que nunca a amara. E ela também não.
James fez um gesto indicando a frente da igreja.
– Os repórteres encurralaram os teus pais à saída.
Tendo um pai que era um dos maiores empresários de Dallas e uma mãe que se destacava na sociedade local, Cal não estava surpreso.
– Eles sabem lidar com a imprensa.
– Vai para a saída dos fundos. Estamos apenas a alguns quarteirões do Bull Pen – instruiu James. – Vou buscar a minha carrinha e encontramo-nos ali mais tarde – acrescentou, sorrindo. – Pago-te uma cerveja. Talvez tenhamos sorte e encontremos umas raparigas para passar a noite.
Cal abanou a cabeça com firmeza.
– Céus, não! Não quero ver outra mulher tão depressa.
– Sim… Bem, vamos ver como é que reages, quando uma daquelas gracinhas te tirar do sério.
– Estou a dizer-te que isso não me interessa. Todas as mulheres são um problema, as pequenas, as altas, loiras ou morenas – afirmou Cal. – Elas só trazem más notícias.
James lançou um olhar simpático ao amigo.
– Vais ficar bem quando superares o choque.
– Estou bem. Não preciso de uma mulher – desejoso de sair daquele lugar, Cal foi até à sala da sacristia e parou um instante antes de cruzar a porta que levava para a saída dos fundos.
– Vou dizer aos teus pais que já te foste embora, depois encontro-te no Bull Pen – disse James, ao sair.
Minutos depois, Cal andava calmamente, equilibrando-se na beira da calçada. Nuvens cinzentas cobriam o céu de Dallas e o cheiro da neve recém-caída sentia-se no ar.
Ele enfiou as mãos nos bolsos e parou mais uma vez na esquina para olhar para trás, em direcção à fachada de granito branco da igreja.
Porém, determinado a ignorar o vento frio daquele fim de tarde de Fevereiro, voltou a caminhar com passos rápidos.
Não se tinha afastado mais do que dois quarteirões quando o ruído de travões e o guincho agudo de pneus chamaram a sua atenção. Um pequeno carro castanho com os faróis partidos fez a curva em alta velocidade, indo na sua direcção. Cal atirou-se para o asfalto e rolou para o lado, enquanto o automóvel deslizava, perigosamente, antes de parar.
Cal deixou escapar um palavrão, levantou-se devagar e, assim que viu o motorista, teve de se conter para não voltar a praguejar… era uma mulher.
Quando a dor diminuiu, Sara Jamison olhou pelo pára-brisa para o homem que se levantava do chão. Ele parecia furioso, disposto a muito mais do que uma discussão amigável com a motorista que acabara de o atropelar. Já que Sara era a motorista em questão, rezou para que o estranho tivesse piedade de uma mulher grávida em trabalho de parto.
O elegante homem de smoking contornou a frente do carro e aproximou-se da janela aberta. Os seus olhos cinzentos faiscavam de fúria.
– Mas que diabos…
Sara interrompeu-o.
– Eu realmente lamento…
– Sabe que quase me matou?
– Escute, eu já disse que… – outra contracção fez Sara engolir em seco.
Cal percebeu, imediatamente, o que se passava, inclinando-se para ver melhor a barriga dilatada da motorista.
– Está em trabalho de parto?
Ela concordou. E notou a mudança na expressão do homem, como se a sua condição lhe desagradasse. Era óbvio que ele não esperava um inconveniente daquele tipo. Não que ela precisasse de ajuda…
Ele passou os longos dedos por entre os cabelos negros e deixou escapar um suspiro de pura frustração.
– Espere aqui. Vou procurar um telefone e chamar uma ambulância.
Sara estendeu o braço e segurou-o pela mão.
– Não. Não tenho dinheiro para pagar uma ambulância. Muito obrigada, mas vou ficar bem.
As sobrancelhas do homem arquearam-se.
– Quase me atropelou.
Ela ergueu um pouco o queixo.
– Toda a gente sabe que a palavra quase não quer dizer nada.
Sem perceber, o homem deixou escapar um sorriso, uma coisa que ela nunca imaginaria.
– Se observarmos bem a situação, concluímos que se continuar a conduzir poderá causar algum acidente.
– Se a minha avó podia ir para casa ter os seus bebés depois de ter trabalhado o dia todo nos campos e ainda cozinhar o jantar, também posso conduzir sozinha até ao hospital. Obrigada pela preocupação, mas está na minha hora.
Sara tentou fechar o vidro da janela, esquecendo-se de que ele estava partido. Uma outra pontada de dor fê-la respirar profundamente e levar as mãos à barriga.
O estranho baixou-se ao lado da porta e segurou-a pela mão. Ele não dizia nada, mas a sua expressão era compreensiva.
– Não vai conduzir para lugar algum.
– Vou ficar bem – murmurou, incapaz de conter o tremor do próprio corpo. – Só preciso de um minuto.
Cal soltou a mão delicada e encarou-a com seriedade.
– Senhora, eu tive um dia muito mau. Não estou com disposição para discutir.
Sara não queria agir como aquelas mulheres que ficam histéricas durante o trabalho de parto. Apesar disso, sentiu um impulso incontrolável de gritar com aquele estranho que parecia culpá-la pelo seu mau dia.
– Pode ir. Não preciso da sua ajuda.
Ele ficou calado, mas os músculos da sua mandíbula ficaram tesos.
– Escute, essa criança está para nascer. Não vai conduzir.
A expressão de Sara era apreensiva.
– Mas eu preciso chegar ao hospital…
– Está bem – disse ele, evidentemente irritado. – Acho que vou ter de a levar – dizendo isso, abriu a porta e tirou-a do carro, erguendo-a nos braços como se ela não pesasse mais do que uma pluma.
Ela passou os braços à volta do pescoço do estranho e reparou numa cicatriz naquele rosto de expressão teimosa. Apesar da rudeza do seu comportamento, a sua preocupação parecia genuína.
Os músculos dos seus braços mantinham-na presa junto ao peito másculo, o que a fazia sentir-se segura. Sentiu um impulso de inclinar a cabeça e de a apoiar naqueles ombros largos e permitir que ele tratasse dela. Mas nunca mais confiaria noutro homem. Tinha bons motivos para isso.
– Toda a gente sabe que o primeiro filho demora mais tempo para nascer. Tenho a certeza de que vou ficar bem. Por isso, se me colocar no chão, vou seguir o meu caminho.
– Disse-lhe que a levaria ao hospital. E é o que vou fazer.
Sara abanou a cabeça. Não queria a sua ajuda, mas outra contracção silenciou o seu protesto. Com os dentes apertados, teve de se limitar a suportar a dor.
O homem contornou o carro, instalando-a no banco do passageiro. A sua expressão era serena, apesar de séria.
– Relaxe. Escute a minha voz. Isso vai ajudá-la, confie em mim.
Mas ela não podia confiar nele. O último homem em quem tinha acreditado deixara-a, humilhada, magoada e sozinha com um bebé para criar.
Entretanto, o estranho não lhe deu tempo para reagir.
– Oiça-me, tente ficar calma. A mãe natureza não precisa de ajuda na maioria das vezes… vai dar tudo certo.
Depois de algum tempo em silêncio, ele perguntou:
– Há muito tempo que as contracções começaram?
– Acho que isso não tem… – Sara fechou os olhos e respirou profundamente ao sentir uma pontada violenta de dor. – Eu… eu acho que está na hora.
– Então, vamos para o hospital.
De repente, um pânico inesperado acometeu-a.
– Espere! – disparou. – Eu não o conheço. Não o posso deixar entrar no meu carro.
– Não sou um criminoso – garantiu Cal, incapaz de esconder a impaciência. – Sou o doutor Cal Tucker. Quer ver o meu bilhete de identidade?
Sara engoliu em seco, incapaz de falar, quando sentiu a contracção seguinte. Cal olhou-a de relance, girou a chave na ignição e pisou no acelerador.
– Que hospital?
Durante um minuto ela não conseguiu falar, mas, finalmente, murmurou:
– Hospital Mercy.
– Aguente.
Ele conduzia em silêncio, os seus movimentos eram calmos e precisos, o que a deixava ainda mais irritada.
Frustrada com o desenrolar dos acontecimentos, disse a si mesma que não podia culpar Cal Tucker pela sua gravidez ou pelo facto do seu ex-noivo, Gary, a ter aconselhado a fazer um aborto e, em seguida, desaparecido. Bastava lembrar-se daquela discussão para sentir calafrios…
– Está com frio? – sem esperar pela resposta, Cal ligou o aquecedor do carro para tornar o ambiente mais confortável.
Sara afastou da mente as recordações amargas e pela primeira vez prestou atenção ao homem que a acudira.
– Onde é que esteve, vestido assim com tanta elegância?
Um músculo contraiu-se, alterando as feições másculas de Cal.
– Num casamento.
– Ah é, qual? – Sara gemeu baixinho, ao sentir outra contracção.
Cal livrou-se da gravata, enfiou-a no casaco e abriu o primeiro botão da camisa.
– No meu – revelou com a voz abafada.
Naquele momento, Sara teve de se esforçar para se manter concentrada na conversa.
– Odeio ter de lhe dizer isto doutor Tucker, mas parece que perdeu a sua noiva.
O olhar que ele lhe lançou parecia o iceberg que afundou o Titanic.
– Como é que se sente?
– Óptima – murmurou, rangendo os dentes quando a dor voltou a piorar. – O que é que aconteceu?
– Uma mudança de planos no último minuto.
A contracção passou e Sara pôde relaxar. Durante um instante chegou a pensar que o doutor Tucker era diferente, mas, aparentemente, os homens eram todos iguais.
– Ideia sua?
O carro aproximou-se de um semáforo. Cal parou na esquina durante alguns segundos, olhou para ambos os lados antes de prosseguir. Ele estava irritado.
– Não, não foi ideia minha.
Mais uma vez a dor piorou, agora acompanhada de uma forte náusea. Sara olhou para o relógio. O espaço entre as contracções diminuía cada vez mais.
– Oh, não… Mais depressa.
– Aguente mais um pouco.
Atordoada, Sara conteve um suspiro. Ele parecia saber o que estava a fazer. Ela esperava que fosse verdade. A ideia de confiar num homem qualquer amedrontava-a, mas no momento não tinha outra alternativa. Para além disso, ele era médico, o que não deixava de ser reconfortante.
– Aguente, estamos quase a chegar – Cal não se queria envolver em mais problemas, mas não tivera outra alternativa. Não podia deixar aquela mulher sozinha.
Quando ele acelerou, o motor do carro engasgou--se, obrigando-o a colocar a segunda mudança outra vez.
Sara engolia em seco.
– Vá depressa. Não aguento muito mais tempo.
– Como é que se chama?
– Sara Jamison – as palavras foram pronunciadas num fio de voz.
– Relaxe. Estamos perto – Cal revirou os olhos quando a cancela ferroviária baixou. De qualquer forma, não havia sinal de comboio à vista. Talvez demorasse um pouco…
Frustrado, Cal apertava o volante com força.
– Que chatice, este não é um lugar adequado para um parto – ele sentia-se quase tão exasperado como Sara. – Escute, Sara, eu sei que é difícil, mas tente controlar a respiração. Não empurre quando sentir as contracções e…
– Não me diga o que fazer – ela mal conseguia pronunciar as palavras, tanta era a dor.
Contendo um suspiro, Cal desligou o motor do carro. Tinha planeado levar Sara até ao hospital e depois encontrar-se com James para beber uma cerveja.
Mas aparentemente teria de fazer um parto antes disso.
Ele saiu, contornou o carro e abriu a porta do lado do passageiro.
– Vou colocá-la no banco de trás.
Sara não tinha forças para protestar. Cal, por sua vez, ao tomá-la nos braços, ficou espantado ao sentir o aroma que se desprendia dela. Como é que uma mulher podia cheirar tão bem numa situação como aquela?
– Está melhor? – perguntou, assim que a acomodou.
Os olhos de Sara estavam arregalados.
– Acho que já está acontecer – depois de respirar profundamente, olhou para ele. – Estou feliz por estar aqui e por ser médico. Mas, honestamente, não me importaria se fosse um canalizador.
Um sorriso largo surgiu nos lábios másculos, enquanto ele tirava o casaco do smoking.
– Isso é bom, Sara, porque sou outro tipo de doutor…
– O quê?
– Sou veterinário.
Sara segurou a mão dele com força.
– Isto não é hora de fazer piadas.
– Não é uma piada.
– Oh, que óptimo! Sabe o que fazer?
– Claro. Vai ser mais fácil do que imagina… – Cal inclinou-se sobre ela e ajeitou-lhe delicadamente os cabelos.
«Eu não devia estar aqui. Numa estrada deserta, com uma mulher prestes a ter um filho».
– Quer dizer que já fez isto antes? – perguntou ela.
– Não, mas não se preocupe. Confie em mim, está bem?
A demonstração de confiança de Cal contagiou-a e provocou-lhe um sorriso desajeitado.
– Tenho outra escolha?
Ele abanou a cabeça.
– Sara, preciso de verificar a posição do bebé – murmurou num tom sério.
Apesar de sentir o rosto corar, ela assentiu.
Com movimentos rápidos e precisos, absolutamente impessoais, Cal ajudou-a a despir-se e examinou-a.
– O que é que viu? – perguntou ela.
– Humm… A cabeça dele.
– Dela.
Esquecendo-se da situação difícil, ele sorriu perante o tom determinado da voz de Sara.
– Acho que temos de esperar até ver mos o outro lado para esclarecernos essa dúvida.
– Não vai ter de esperar muito – respirou profundamente e empurrou, libertando a cabeça do bebé.
– Vamos – disse Cal, dirigindo-se agora à criança. – Já está quase aqui!
Sara gritou. Os ombros pequenos passaram pela abertura e a criança repousou nas mãos dele. Cal apressou-se em verificar a boca e o nariz do bebé para ver se as passagens de ar não estavam obstruídas.
Pouco depois as lágrimas da criança amedrontada juntaram-se às da mãe, que eram de felicidade.
Cal olhou para o pequeno milagre que tinha nas mãos. A suave música da vida sempre o comovera. Ele já vira muitos animais nascer, mas nada se comparava a segurar um pequeno ser humano nas mãos. Algo tão frágil e…
– O que foi, Cal? – mesmo sem ver o rosto de Sara, ele podia sentir o medo na sua voz.
Respirou profundamente, estendeu o braço para pegar no casaco para agasalhar a criança e sorriu.
– Nada. É uma menina.
– Ela está bem?
– Ela é perfeita – disse quase num sussurro.
Depois de entregar a menina à mãe, retirou a gravata de seda do bolso e rasgou uma tira, amarrando com força o cordão umbilical. Quando chegassem ao hospital, os médicos encarregar-se-iam de cortar o último elo que as unia.
Cal olhou para Sara, que segurava a filha orgulhosa. Soube no mesmo instante que nunca esqueceria aquela imagem. Talvez o amor ainda existisse, pelo menos entre mãe e filha.
Aquela mãe e aquela filha.
Um sorriso curvou os lábios de Sara.
– Cal, qual é o seu nome completo?
– Calvin Lee Tucker – respondeu, curioso com a pergunta.
– Então vou chamá-la Jessica Lee.
– Não tem de fazer isso – respondeu ele, sentindo um estranho aperto no coração.
– Eu sei, mas é o que eu quero – Sara voltou a olhar para a criança.
– É um nome muito grande para uma coisinha tão pequena – murmurou Cal, engolindo em seco. – Na minha opinião, ela não se parece com uma Jessica.
Sara olhou para a menina e depois para ele.
– Precisa de óculos. O nome é perfeito.
Ele encolheu os ombros. O bebé estava bem. Sara estava bem. Era o que importava.
– Acho melhor levá-las para o hospital.
Os seus olhares encontraram-se. O sorriso nos lábios dela ampliou-se.
– Obrigada, Cal… por tudo.
Cal retribuiu ao sorriso e saiu do carro com alguma dificuldade. O seu trabalho só estaria terminado quando Sara Jamison e a filha estivessem em segurança no hospital.
Então ele poderia voltar para casa. Sozinho.