
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2017 Kim Lawrence
© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Um anel para uma princesa, n.º 1822 - maio 2020
Título original: A Ring to Secure His Crown
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1348-280-4
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Créditos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Epílogo
Se gostou deste livro…
Sabrina fechou a porta do seu quarto com cuidado porque sabia que as suas duas companheiras de apartamento tinham tido turno da noite nas urgências. Estava na porta principal, com um pedaço de torrada numa mão e a mala na outra, quando o telemóvel tocou.
Blasfemou em voz baixa e, ao tentar atender, deixou cair a torrada com o lado da manteiga no tapete. Porque caía sempre dessa forma?
Sabrina pousou a mala, agarrou na torrada com uma careta e olhou para o ecrã para ver quem ligava, antes de levar o telemóvel à orelha. Era o auxiliar de laboratório para lhe dar os resultados que a equipa de investigação esperava.
Com um sorriso amplo, e depois de atirar a torrada para o lixo, Sabrina abriu a porta da casa. Os resultados eram melhores do que esperavam. Pôs a mala ao ombro, agarrou numa maçã e libertou as madeixas de cabelo que tinham ficado presas na gola do casaco, antes de sair.
Uma vez lá fora, o barulho chamou a sua atenção. Diferentes vozes pronunciavam o seu nome, todas ao mesmo tempo.
Virou-se e as luzes dos flashes cegaram-na imediatamente. Cobriu os olhos com a mão e virou a cabeça para evitar os microfones que se aproximavam do rosto.
Com o coração acelerado, tentou virar-se, mas era demasiado tarde. Imediatamente, o peso dos corpos que a empurravam deslocaram-na uns passos.
– Lady Sabrina… Lady Sabrina… Quando é o casamento?
– Vai celebrar-se antes de a ilha se reunificar?
– Quando é que o príncipe Luis a pediu em casamento?
– Que tipo de mensagem envia às mulheres jovens, doutora Summerville?
O som do seu nome e o monte de perguntas lançadas de todas as direções eram como uma agressão física. A ideia de acabar de entrar num pesadelo e a sensação de claustrofobia fizeram com que Sabrina ficasse paralisada. Não conseguia respirar, nem sequer conseguia pensar. Fechou os olhos, baixou a cabeça e esperou que o chão se abrisse por baixo dos seus pés.
Não aconteceu.
De repente, no meio da confusão, sentiu que alguém a agarrava pelo pulso e a rodeava pela cintura. Já não estava a ser arrastada pelo grupo de jornalistas, mas alguém a puxava na outra direção.
Aconteceu tudo muito depressa. Em apenas um instante, passara de lutar pela sua liberdade na rua a ser posta no banco traseiro de um carro como se fosse um saco de batatas.
«Ninguém rapta uma pessoa à frente das câmaras dos jornalistas», pensou ela, enquanto tentava endireitar-se. Quando conseguiu, viu que um operador de câmara focava o homem que acabara de entrar no carro para se sentar ao seu lado.
– Arranca, Charlie! – exclamou o homem.
O condutor pôs o veículo a trabalhar, fazendo com que os travões chiassem e assustando os que tentavam bloquear o seu caminho.
Sabrina olhou para os olhos daquele homem através do retrovisor e, depois, desviou o olhar. O seu olhar era inquietante, assim como o dragão que tatuara na nuca.
Embora conhecesse bem os processos químicos e fisiológicos que faziam com que o corpo produzisse um excesso de adrenalina, nunca experimentara o reflexo de luta ou fuga.
Enquanto o instinto de sobrevivência se apoderava dela, Sabrina lançou-se para a porta e pressionou todos os botões, tentando abri-la e chorando de frustração ao ver que não conseguia. Começou a bater no vidro, mais por desespero do que com a esperança de chamar a atenção de alguém. Iam a toda a velocidade e as janelas eram fumadas.
– Se tencionas parti-lo, posso dizer-te que é a prova de bala, mesmo que tenhas muita força, cara. E alegro-me por não teres calçado saltos.
Ela deslizou os punhos pelo vidro e apoiou a testa na janela. Respirou fundo e virou-se para o seu captor. Talvez tivesse perdido a batalha de abrir a porta, mas ganharia a de esconder o seu receio por trás de uma máscara de desdém frio… Bom, todo o desdém que conseguisse mostrar com o rosto humedecido pelas lágrimas e a maquilhagem borrada.
– Não me chames «cara», não sou tua, mas se não me deixares sair, vou transformar-me no teu pior pesadelo – prometeu. – Para o carro e deixa-me sair agora mesmo ou… – Calou-se ao identificar o homem que estava sentado no canto, com um braço apoiado nas costas e com um telemóvel na outra mão.
Ele sorriu e ela compreendeu porque o diabo devia ser atraente para conseguir fazer com que caísse na tentação.
E não era que ela se sentisse tentada!
Os seus olhos azuis brilhavam de diversão. O príncipe Sebastian Zorzi inclinou a cabeça e acariciou-lhe o queixo com um dedo.
Sabrina tremeu e olhou para outro lado, respirando de forma acelerada. O alívio que sentira ao perceber que não a raptavam, mas salvavam, apagou-se de repente devido à antipatia que sentia ao ver que o seu futuro cunhado olhava para ela com um olhar de gozo. Usava um fato preto e o casaco realçava os seus ombros musculados. Por baixo, uma t-shirt branca em vez de camisa e gravata. A t-shirt era suficientemente justa como para que se notasse o seu peito musculado. No entanto, não era a roupa que fazia com que sentisse um arrepio na nuca… Por baixo da superfície, havia algo explosivo.
É claro, ela tinha consciência de que os irmãos não se pareciam fisicamente. Não havia nada de surpreendente nisso, muitas vezes era assim. Chloe e ela não se pareciam nada.
No entanto, os príncipes da família Zorzi não só eram diferentes, mas também completamente opostos. Não só no seu aspeto ou na cor do seu cabelo, como também na sua forma de sorrir. O sorriso de um deles fazia com que ela se sentisse segura e o do outro? Ela tremeu. De certeza que não era uma palavra que as pessoas usariam ao falar de Sebastian Zorzi!
– Eu, lady Sabrina, sou a equipa de resgate. – Levantou a mão e falou ao telemóvel.
Sabrina reparou que tinha os dedos muito compridos. E as mãos muito fortes.
– Tenho-a, sim. Ela está… – Olhou para ela por uns instantes com os seus olhos azuis e Sabrina mexeu-se no assento antes de ele responder à pergunta que ela não pôde ouvir. – Mais ou menos inteira. Parece que a arrastaram pelo chão, mas ainda é capaz de baixar o olhar, portanto, sim, está bem… Se é disso que gostas.
O seu tom sugeria que não era disso que gostava, mas, depois de ter visto o tipo de mulher de que Sebastian gostava, Sabrina alegrava-se.
Gostava de um tipo de mulher.
E não tinha nada a ver com o quociente intelectual.
Era difícil imaginar que todas as mulheres loiras que estavam associadas ao seu nome fossem tolas, mas Sabrina sempre pensara que tentavam parecê-lo. Havia um tipo de homem que não suportava as mulheres que podiam desafiá-los intelectualmente e, na sua opinião, a ovelha negra da família Zorzi reunia todas as qualidades para isso.
Era o tipo de príncipe que conseguia fazer com que o inaceitável parecesse agradável e, independentemente do que fizesse, todos pareciam perdoá-lo. Não só isso, como gostavam dele, apesar de ter passado toda a vida a desafiar a autoridade.
Sempre perturbara Sabrina. No entanto, sentada ao seu lado num espaço tão pequeno, começou a compreendê-lo melhor. Não era necessário dizer algo ofensivo, bastava respirar!
Para acreditar que a sua presença causava um choque sensual, era preciso experimentá-lo! Sabrina já não pensava que as histórias que se contavam a respeito dele eram exageradas.
Não era estranho que não se tivessem conhecido no passado. Durante muitos anos, a relação entre as duas famílias da realeza de Velatia fora muito fria.
No entanto, os tempos tinham mudado. Já não eram inimigas, as duas famílias da realeza tinham-se tornado amigas e cúmplices, unidas por uma causa comum.
No entanto, em todos os eventos sociais em que as duas famílias se juntaram, Sebastian sempre estivera ausente. De facto, Sabrina não se surpreenderia se o tivessem proibido de aparecer. Da única vez que Sabrina estivera na mesma divisão que Sebastian Zorzi, ele fora-se embora ao anoitecer por uma porta traseira, com a jovem esposa de um diplomata mais velho, e nem sequer tivera tempo de ser apresentado.
Recordava que, nessa mesma noite, o rei Ricard fora procurar o filho mais novo e que Luis desculpara o seu irmão. Era um costume na relação entre irmãos, o irmão infringia as regras e Luis protegia-o.
Se se tivessem conhecido daquela vez, ela teria estado preparada para a masculinidade em estado puro que emanava de Sebastian. Era sensualidade na sua forma mais primitiva e concentrada.
Sabrina sentiu que a pele se arrepiava, o coração acelerava e as pernas tremiam. Não gostava, mas sabia que a maior parte das mulheres gostaria daquela boca sensual e das feições marcadas do seu rosto e tinha consciência de que, no seu caso, era produto do choque.
– Se alguém nos viu sair? – Ele repetiu a pergunta do seu interlocutor. – Eu diria que alguns. – Olhou para ela e sorriu, divertido, antes de continuar. – Não os contei, mas não, ela não lhes disse nada, para além de palavrões. Aprendi alguns! – Fez uma careta e afastou o telemóvel da orelha enquanto sorria. – É claro que não falo a sério. Comportou-se como uma verdadeira princesa que foi produto da endogamia – declarou, antes de guardar o telemóvel no bolso do seu casaco.
Sabrina não sabia o que se passa.
– Da próxima vez que acusares alguém de ser produto da endogamia, acho que devias consultar a tua própria árvore genealógica.
Ele riu-se, fazendo com que ela sentisse pele de galinha.
– Tê-lo-ei em conta, embora, como bem sabes, durante algum tempo, houve uma pergunta sobre a minha descendência.
Sabrina baixou o olhar, apesar de ser evidente que ele não se sentia incomodado com o assunto. Claro que sabia. A notícia de que a rainha tivera uma aventura chegara à primeira página dos jornais. Depois de o homem em questão ter falecido, tinham encontrado as cartas de amor que lhe escrevera.
Pouco tempo depois, a ex-esposa do homem e a ama escreveram um livro sobre o assunto. A ama fora a primeira a relacionar a data do nascimento do segundo filho da rainha com as suas suspeitas e partilhara a informação com os jornalistas.
Depois, a família Zorzi fizera uma demonstração de solidariedade e a rainha aparecera, muito bonita e com aspeto delicado, junto do marido e dos dois príncipes.
– Ninguém acredita nisso hoje em dia – declarou Sabrina.
– Muitas pessoas acreditam, cara, e mais, desejariam que fosse verdade… – Arqueou uma sobrancelha. – Incluindo eu.
– Desejas ser filho bastardo? Lamento muito, eu… – Calou-se e corou.
No entanto, Sebastian Zorzi não parecia nada incomodado com o comentário.
– Digamos que não me sinto sortudo com o facto de o sangue dos Zorzi correr pelas minhas veias.
– Bom, o Luis sente-se orgulhoso – indicou ela.
– O meu irmão é mais indulgente do que eu.
– Indulgente para quem?
Sebastian olhou para ela nos olhos por um instante. A sua expressão era difícil de interpretar.
– Embora esteja a desfrutar desta conversa, não devias fazer-me outras perguntas neste momento?
Observou-o, confusa.
– Por exemplo, o que se passou?
Sabrina sentiu-se estúpida.
– E o que se passou?
Ele deixou escapar um risinho e respondeu:
– Bem-vinda ao resto da tua vida, cara.
– Não vou passar o resto da minha vida contigo. – E, se fosse possível, nem mais um segundo.
– Uma pena para mim – troçou, com sarcasmo.
Ela cerrou os dentes.
– E as câmaras? Os jornalistas? Não entendo nada.
– A sério? Tinha ouvido dizer que eras inteligente. Bom, isso não significa que tenhas de ser rápida, suponho – troçou ele, enquanto ela corava. – Alguém falou demasiado.
Sabrina não sabia a que se referia. Ele suspirou e ela rebentou.
– Olha, tenho a certeza de que as câmaras e os microfones fazem parte da tua vida diária, mas não da minha, portanto, poderias agir como se tivesses um pouco de sensatez por um instante? Estou traumatizada e, como bem disseste, não sou muito rápida!
Fez-se um silêncio. Ela nunca gritava!
– Alguma vez ouviste falar do controlo do volume de voz?
Ela não disse nada. Receava que, se abrisse a boca novamente, começasse a chorar.
Olhou para ela, muito sério.
– Alguém do círculo próximo vendeu a história: Casamento, reunificação, um plano.
Ela abanou a cabeça e engoliu em seco para desfazer o nó que sentia.
– E porque é que alguém haveria de fazer tal coisa?
– Não sei. Talvez por dinheiro?
Sabrina mordeu o lábio inferior, preocupada com a facilidade com que ele a fazia sentir-se trôpega e ingénua.
– Não te preocupes, sabemos que não foste tu.
– O quê? – Olhou para ele com os olhos esbugalhados.
– Bom, primeiro, pensámos que te tinhas cansado de que o Luis esperasse tanto para te fazer a pergunta e que tinhas decidido precipitar as coisas.
– E porque raios haveria de querer fazer isso? Quero dizer…
– Toquei numa fibra sensível… Interessante.
– Não sou uma experiência científica!
Ele mostrou um sorriso.
– Tenho a sensação de que é um mau momento?
– Não sei do que estás a falar.
– Não tens de ser modesta. Tenho a sensação de que há um namorado pelo meio a quem queres dar a notícia. Sabe que há anos que foste como o sacrifício para a grande causa da reunificação?
– Não sou um sacrifício!
– Lamento muito. Então, uma vítima disposta. Quantos barris de petróleo achas que vale casar-se com o meu irmão? Assim, numa estimativa…
Ela cerrou os dentes.
– Não sou uma vítima…
– E os depósitos de petróleo do teu pequeno reino rochoso não têm nada a ver com o repentino entusiasmo de reunificar a nossa querida ilha? Lamento muito, não tão repentino. Quantos anos tinhas quando te contaram o plano? Que um casamento entre a realeza sossegaria os conservadores de ambos os lados da fronteira que se agarram aos tempos em que nos odiávamos. – Recostou-se e deitou a cabeça para trás. – Deves sentir-te muito especial sabendo que tens um capítulo inteiro dedicado num documento legal e que os dois países que redigiram dito documento demoraram dez anos a chegar a um acordo.
– Esqueces um detalhe importante… Na minha família, já não há herdeiros masculinos e não sei se sabes que há pessoas mais fáceis de odiar do que outras.
Ele sorriu e deu-lhe o telemóvel.
– Vá lá. Fingirei ser surdo.
Sabrina agarrou no telemóvel de forma instintiva. Ao ouvir o seu comentário, devolveu-lho.
– Obrigada, mas tenho o meu próprio telemóvel e não tenho namorado. – Na universidade, tivera alguns encontros, mas nada sério. A melhor amiga conhecera um rapaz e ficara noiva dele em menos de um mês. Embora Sabrina não imaginasse que conseguisse apaixonar-se dessa forma, questionara-se e se…?
Queria realmente encontrar o seu companheiro ideal para depois se ver obrigada a afastar-se dele? De repente, a raiva que ela nem sequer sabia que continha, ganhou voz…
– Eu não saio com rapazes. Se saísse, perguntar-me-ia se esse rapaz é o homem da minha vida, não é? E que sentido teria? – Baixou o olhar por um instante. – Além disso, estive muito ocupada com o trabalho.
– E, agora, também vais abandoná-lo, como uma boa rapariga disposta a agradar. Agora, percebo porque ninguém pensou que podias ter sido tu a contar a informação. Todos concordavam que nunca tinhas quebrado uma regra na tua vida.
– Falas como se fosse um vício.
– Em vez do quê…? De uma virtude? Descobriram o culpado e é um dos nossos… Enquanto falamos, estamos a ocupar-nos dele.
– Ocupar-vos dele?
– Não te preocupes, apesar da má fama que temos, não executamos ninguém há um século ou algo parecido e como os instrumentos de tortura não são muito efetivos, só o despedimos.
– Perdeu o trabalho?
– Estás preocupada com o destino do homem que foi o responsável por te lançar aos lobos? Puf! Vais ter de endurecer se vais fazer parte da nossa família, querida. Se te faz sentir melhor, o homem não vai ficar na ruína. A história que tem vai garantir-lhe um best seller, depois do que contou aos jornais de domingo.
Sabrina empalideceu.
– Isso é terrível!
cara
– Cresci, não como os outros. E não me considero uma mártir – declarou, trémula.
Era verdade que, na sua vida, tinha pouco controlo sobre muitas coisas, mas não tinha de suportar aquilo.
– Podes gozar com o conceito de dever, mas eu prefiro ser uma menina boa a uma egoísta. Houve algum momento na tua vida em que não te tenhas dado prioridade acima das outras coisas?
– Provavelmente, não – admitiu ele.
– Bom, ser um safado egoísta é um luxo que nem todos podemos ter.
– Desfruta do teu lugar no terreno da alta moralidade e, dentro de uns anos, quando tiveres a coroa, espero que continues a pensar que tudo o que abandonaste valeu a pena.
– Não abandonei nada.
– E o teu trabalho? Porque investiste dinheiro, esforço e tempo para te doutorar quando não tinhas intenção de o usar?
– A investigação é importante.
– Sem dúvida, mas terá de sobreviver sem ti, porque tenho instruções para te deixar na embaixada. Na nossa.
– Não sou um pacote! Sou uma pessoa!
– Com sentimentos, claro… O que se passa com as minhas maneiras? O ombro sobre o qual chorar… – Inclinou-se para a frente e ela sentiu o seu cheiro masculino. – Estás à vontade.
– Não preciso de um ombro para chorar e, se o fizesse…
– Sou apenas o substituto – interrompeu ele, suspirando de forma exagerada. – Eu sei. Estás a reservar-te para o homem com a coroa.
Sabrina cerrou os punhos e olhou para ele.
– És um homem terrível, sabes?
– E tu és uma mulher muito bela. – Olhou para ela com incredulidade. – Espera, estás…? – Segurou-a pelo queixo para que virasse a cabeça para ele. – Coraste!
– Não corei. – De repente, pensou numa explicação para o comportamento estranho que ele mostrava. – Bebeste?
– Não durante as duas últimas horas. – Levantou o tom de voz para se dirigir ao condutor. – Charlie, a que horas saímos?
– Acho que eram quatro da madrugada, senhor.
– A sério? Ah, bom. Estou totalmente sóbrio… Bom, não totalmente – admitiu. – Ah, já chegámos. – O carro parou à frente da embaixada. – Na verdade, quase me esquecia, o Luis manda-te um beijo.
Inclinou-se e beijou-a nos lábios antes de começar a explorar a sua boca. Sabrina não sabia como rodeou o pescoço de Sebastian com os braços, mas, de repente, estava a beijá-lo como se estivesse sedenta e ele fosse água. Nunca sentira um desejo tão intenso.
Um desejo que se intensificou ainda mais quando sentiu que ele tremia. Ela gemeu contra os seus lábios e aproximou o corpo do dele, enquanto Sebastian lhe acariciava o cabelo com os dedos. Estava a arder de desejo. De desejo de quê…?
Por sorte, antes de encontrar a resposta, ele parou de a beijar.
Ela ficou ali sentada, tremendo e respirando de forma agitada, enquanto ele olhava fixamente para ela com os seus olhos azuis.
– Como te atreves? – O som da palma da sua mão contra a face de Sebastian foi assustador.
Ele cobriu a face com a mão e disse:
– Não batas ao mensageiro, cara.
– És um canalha! – exclamou ela, prestes a cair do carro quando alguém com uniforme militar abriu a porta.
Sabrina ouviu a gargalhada de Sebastian enquanto começava a subir os degraus da entrada da embaixada.