Primera edición: abril, 2015
© de la selección, traducción y nota introductoria:
Luis Aguilar, 2015
© de los poemas: sus autores
© Vaso Roto Ediciones, 2015
ESPAÑA
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MÉXICO
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Impreso en España
Imprenta: Kadmos
ISBN: 978-84-16193-15-8
eISBN 978-84-12329-36-0
Depósito Legal: M-21158-2014
BIC: DCQ
Edición bilingüe
Selección y traducción de Luis Aguilar
Nota introdutória
Nota introductoria
ANA ELISA RIBEIRO
Antiguidade d’onde viemos
Antigüedad de procedencia
Salvando o relacionamento
Salvando la relación
Renascença
Renacimiento
Cantiga do amor fodido
Canción del amor jodido
Penélope nervosa
Penélope nerviosa
ANA RÜSCHE
A canção do limpa-vidros
La canción del limpiapeceras
O grande plugue
El gran enchufe
A ceramista
La ceramista
As conhecidas
Las conocidas
Dias com luz. pouca
Días con luz. poca
ANDREA CATRÓPA
III. No fundo do corredor negro, habilidosa ela exibe suas adagas
III. Al fondo del corredor negro, habilidosa, ella exhibe sus dagas
Frida
Frida
Inca
Inca
Outra morada
Otra morada
Musa
Musa
ANITA COSTA MALUFE
Poemas
Poemas
(2)
(2)
Fundos para dias de chuva
Fondos para días de lluvia
Fragmento
Fragmento
(…)
(…)
BRUNA BEBER
verbo irregular
verbo irregular
(trident) melancia
(trident) sandía
saison en enfer
saison en enfer
barragem
presa
Rio de Janeth
Rio de Janeth
DIRCEU VILA
Dinheiro para a poesia, boas dicas
Dinero para la poesía: buenos consejos
Coisas que se quebram
Cosas que se quiebran
façam suas apostas
hagan sus apuestas
Anestesia
Anestesia
Responda rápido
Piensa rápido
ELISA ANDRADE BUZZO
Ônibus entalado
Ómnibus atascado
Se lá no sol
Si allá en el sol
Mulatinho classe A
Mulatito clase A
América
América
a umidade da noite
la humedad de la noche
EDUARDO STERZI
A barca
La barca
Prosa de um domingo
Prosa de domingo
Língua de anjos
Lengua de ángeles
Alto-relevo
Altorrelieve
Letes
Río del olvido
FABIANO CALIXTO
Da cidade
De la ciudad
Uma paisagem de São Paulo
Postal de Sao Paulo
Ruído úmido
Ruido húmedo
E-mail para Paul McCartney
E-mail para Paul McCartney
FÁBIO ARISTIMUNHO VARGAS
Poema extraído de uma resenha no jornal
Poema extraído de una reseña del periódico
21.11.2042
21.11.2042
02.05.2027
02.05.2027
Os andaimes
Los andamios
Pequenas inconfidências
Pequeñas indiscreciones
FABRICIO CARPINEJAR
[Eu fui uma mulher marítima]
[Yo fui una mujer marítima]
Décima elegia
Décima elegía
[Não te compreender]
[No comprenderte]
[Metade do que sou inventei na infância]
[La mitad de lo que soy lo imaginé en la infancia]
[Meu medo se interessa por qualquer ruído]
[Mi miedo se interesa por cualquier ruido]
FABRICIO CORSALETTI
Poesia e realidade
Poesía y realidad
Lígia e os idiotas
Ligia y los idiotas
O que eu quero de você
Lo que quiero de ti
História das demolições
Historia de las demoliciones
ap.
ap.
LEONARDO GANDOLFI
– Quem são estes?
¿Quiénes son estos?
Pedro e o logro
Pedro y la trampa
Todas as minhas coisas são tuas
Todas mis cosas son tuyas
Canção
Canción
Atrasados
Atrasados
MARCELLO SORRENTINO
Shih
Shih
Uma raiz se enlaça a meu dedo
Una raíz se enlaza a mi dedo
Disco discontent
Disco descontento
Vento: modo de usar (ou 6 coisas sobre o vento)
Viento: modo de usar (ó 6 cosas sobre el viento)
Impromptu canábico
Impromptu canábico
MÁRCIO-ANDRÉ
[o desfibrilador é antes uma relíquia verbal]
[el desfibrilador es más una reliquia verbal]
Joia
Joya
[de todo o jardimescolho]
[de todo el jardínescojo]
[lua-lâmina-omoplata]
[luna-lámina-omóplata]
[é preciso ser confidente do ar]
[es necesario ser confidente del aire]
MARIANA IANELLI
Flor de ofício
Flor de oficio
Treva alvorada
Oscura alborada
Visita
Visita
Leitura das cartas
Lectura de cartas
Fazer silêncio
Hacer silencio
MARÍLIA GARCIA
Svetlana
Svetlana
O que fazem A e B quando chegam a cidades destruídas
Lo que hacen A y B cuando llegan a ciudades destruidas
Um sinal
Una señal
Uma mulher que se afoga
Una mujer que se ahoga
Plano b
Plan b
MATIAS MARIANI
Você lê
Tú lees
[A palavra impossível é uma possibilidade]
[La palabra imposible es una posibilidad]
Zoo
Zoo
[abaixo]
[por debajo]
No supermercado
En el supermercado
PÁDUA FERNANDES
As mandíbulas
Las mandíbulas
Coda para cicatriz e dentes
Coda para cicatriz y dientes
Ventre seco dos calendarios
Vientre seco de los calendarios
Duplo mineral
Duplo mineral
Eloquência da decapitação
Elocuencia de la decapitación
PAULO FERRAZ
Dois momentos com café
Dos momentos con café
A poética vista num armário
Poética vista en un armario
Natureza morta com flores
Naturaleza muerta con flores
Díptico para Mario Rui Feliciani
Díptico para Mario Rui Feliciani
Alba
Alba
PRISCA AGUSTONI
[Não foi involuntária]
[No fue involuntaria]
Traição
Traición
Dorme
Duerme
[há na tua presencia]
[hay en tu presencia]
[felizes, nos desnudaremos]
[felices, nos desnudaremos]
RENAN NUERNBERGER
Sem título
Sin título
Contemplação do Nome
Contemplación del nombre
Canção do exílio
Canción del exilio
Gullariana
Gullariana
E-mail p/ Fabiano Calixto
E-mail p/ Fabiano Calixto
RICARDO RIZZO
Onde a dor não tem razão
Donde el dolor no tiene razón
Clair de Lune
Claro de luna
Vila Suicídio
Villa Suicidio
Conversando com artistas de rua
Conversando con artistas de la calle
Alpinismo
Alpinismo
SERGIO COHN
Mnemo
Mnemo
aproximações, encantamentos: a noite
aproximaciones, encantamientos: la noche
Passeio
Paseo
Nomadismo habitar
Nomadismo habitar
A voz violenta
La voz violenta
TARSO DE MELO
Objetos (2)
Objetos (2)
Ossos de Borboleta
Huesos de mariposa
Visita
Visita
Nenhum canto 1
Ningún canto 1
Ready-made
Ready-made
THIAGO PONCE DE MORAES
Caligrafia
Caligrafía
1,618,033,9
1,618,033,9
Arco-íris
Arcoíris
Ígneo
Ígneo
Amarelo (claro)
Amarillo (claro)
Autores
¿QUÉ SERÁ DE TI?
A presente antologia da poesia jovem do Brasil recolhe textos representativos de 26 poetas e procura apresentar ao leitor um reflexo do concerto polifônico que, ao seu modo, é a poesia do gigante sul-americano.
Selecionar poetas para uma antologia é sempre um problema e, ainda mais, se o olhar investigador pretende tomar distância do cânone. Pensar na tradição poética de Brasil parece simples quando se leva em conta as obras de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles ou, mais recentemente, dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos; de Ferreira Gullar, Adélia Prado ou Lêdo Ivo.
Mas pensar uma antologia fora do cânone, na qual a aposta não é a estabilidade, mas sim o risco; não o passado, mas sim o futuro, resulta duplamente complicado; sobretudo porque com frequência não se assentam com clareza as condicionantes que determinam as inclusões.
No caso particular de Como vai você? — e para que o leitor se assegure dessa transparência — é necessário ressaltar que a seleção dos autores partiu de três eixos principais: a idade, considerando jovens até o momento do início do projeto a todos os poetas com menos de 40 anos; ter recebido ao menos um reconhecimento público; e ter em seu curriculum, pelo menos, dois livros publicados com ISBN e, por razão óbvia, que não se tratasse de edições de autor. Nesse contexto, o universo se reduziu, mas mesmo assim não o suficiente; pois à geografia enorme do Brasil se soma sua geografia literária, tão vasta quanto extensa.
É bom ressaltar, também, que por ponderações do organizador desta mostra não foram incluídas algumas vozes da poesia brasileira mesmo que bastante conhecidas, por nos parecer que estão mais vinculadas ao teatro — a poesia performática —, que à literatura em si, essa que conjuga beleza e idéia, alheia a referências da encenação ou do ato performático, da música e do canto, em forma de protesto ou espetáculo.
O resultado da pesquisa é esta mostra; uma mostra que, diferentemente das antologias tradicionais, optou por incluir cinco poemas de cada autor, com o fim específico de que o leitor não parta de um único texto — ou dois, no melhor dos casos — para se inteirar acerca de um poeta.
Como em todos os processos de seleção — por sua natureza —, no produto final não estão todos os que são, mas sim são todos os que estão, pois, para além dessa obviedade, é impossível que qualquer crítico sério possa negar que as 26 vozes aqui reunidas marcarão o porvir imediato da poesia brasileira.
Donos de uma voz própria, clara e potente, cada um dos poetas de Como vai você? ocupa neste livro o lugar na história literária do Brasil que lhes cabe.
Por seu próprio merecimento, estes poetas se incrustam no universo literário que Vaso Roto Ediciones põe agora nas mãos do mundo de fala hispânica e portuguesa para demonstrar que, para além de um concretismo esgotado e de um modernismo preocupado com sua evolução, presenciamos a chegada de novas vozes e outros movimentos que, sem dúvida, desenvolverão e estabelecerão novos paradigmas no firmamento da poética brasileira.
LUIS AGUILAR
(Trad. PAULO FERRAZ)
La presente antología de la poesía joven de Brasil recoge piezas significativas de veintiséis poetas y busca presentar al lector un reflejo del concierto polifónico que, de suyo, es la poesía del gigante de Sudamérica.
Seleccionar a los poetas para una antología es siempre una complicación, y más aún si el ojo revisor pretende tomar distancia del canon. Pensar en la tradición poética de Brasil resulta sencillo a la hora de considerar a Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecilia Meireles o, más acá, a los hermanos Augusto y Haroldo de Campos; a Guimarães Rosa, Ferreira Gullar, Adélia Prado o Lêdo Ivo.
Pero pensar una antología fuera del canon, donde la apuesta no es la estabilidad sino el riesgo, no el pasado sino el futuro, resulta doblemente complicado; sobre todo porque con frecuencia no se asientan con claridad las condicionantes que determinan las inclusiones.
En el caso particular de ¿Qué será de ti? –y para que el lector acceda a esa transparencia–, es necesario acotar que la selección de los autores partió de tres ejes principales: la edad, considerando jóvenes hasta el momento del arranque del proyecto a todos los poetas menores de cuarenta años; el haber obtenido al menos un reconocimiento público; y tener en su haber, cuando menos, dos libros publicados con ISBN; y, por la razón obvia, que no se tratase de ediciones de autor. En ese contexto, el universo se re-dujo pero acaso no lo suficiente; pues a la geografía enorme del Brasil se suma su geografía literaria, vasta y extendida.
Es bueno asentar, también, que por consideraciones del curador de esta muestra no fueron incluidas algunas voces bastante públicas de la poesía del Brasil, por sentir que están más vinculadas al arte teatral –la poesía performática– que a la literatura esencial, esa que conjuga belleza e idea, alejada de las referencias de la actuación o el acto performático, la música y el canto, a manera de protesta o espectáculo.
El resultado de la pesquisa es esta muestra; una muestra que, a diferencia de las antologías tradicionales, optó por incluir cinco poemas de cada poeta, con el único fin de que el lector no parta de un solo texto –o dos, en el mejor de los casos– para referenciarse respecto de un autor.
Como en todos los procesos de selección –por su naturaleza–, en el producto final no están todos los que son ni son todos los que están, pero, más allá de esa obviedad, es imposible que cualquier crítico serio pueda negar que las veintiséis voces aquí reunidas marcarán el devenir inmediato de la poesía de Brasil.
Dueños de una voz propia, clara y potente, cada uno de los poetas de ¿Qué será de ti? toma en este libro la parte de la historia literaria del Brasil que le corresponde.
Por derecho propio, estos poetas se incrustan en el universo literario que Vaso Roto Ediciones coloca ahora en las manos del mundo de habla hispana y portuguesa para demostrar que, más allá de un concretismo agotado y un modernismo preocupado de su evolución, presenciamos la llegada de nuevas voces y otros movimientos que, sin duda, desarrollarán y establecerán nuevos paradigmas en el firmamento de la poética brasileña.
LUIS AGUILAR
Antiguidade d’onde viemos
Péricles disse
que a maior virtude
de uma mulher
era ficar calada.
Péricles se fodeu.
Péricles, hoje,
levaria uma surra
dada por mil mulheres
como eu.
Antigüedad de procedencia
Pericles dijo
que la mayor virtud
de una mujer
era quedarse callada.
Pericles se jodió.
Pericles, hoy,
se llevaría una paliza
dada por mil mujeres
como yo.
Salvando o relacionamento
eu sei, meu bem,
que seu sonho era comer
uma sueca alta loura boa
finge, meu amor,
fecha os olhos e finge
o meu cabelo
a gente tinge.
Salvando la relación
yo sé, mi bien,
que tu sueño era tirarte
una sueca alta, rubia y buena
finge, mi amor,
cierra los ojos y finge
que para eso mis cabellos
los teñí.
Renascença
A casa em que eu vou morar
com meus homens
quase todos
fica em um terreno
plano e raro
na região nordeste
da capital
na esquina exata entre
os meus sonhos
e as tarefas
de dona-de-casa.
É um terreno
quase quadrado
simétrico e alinhado
com as duas ruas
que o ladeiam.
Embaixo dele é aterro.
Sobre ele plantarei meu último suspiro.
A casa é antiga e feia.
depois que me tornei
dona dela,
chamei um engenheiro
que reformou o meu futuro.
Comprei janelas caras.
Refiz os batentes das portas.
Reorganizei o telhado,
mas ele continuou de vidro.
Renacimiento
La casa donde voy a vivir
con mis hombres
casi todos
queda en un terreno
plano y raro
en la región nordeste
de la capital
en la esquina exacta entre
mis sueños
y las tareas
de ama de casa.
Es un terreno
casi cuadrado
simétrico y alineado
con las dos calles
que lo delimitan.
Bajo él, el terraplén.
Sobre él, plantaré mi último suspiro.
La casa es antigua y fea.
Después de volverme
dueña suya,
llamé a un ingeniero
que reformó mi futuro.
Compré ventanas bonitas.
Reconstruí los batientes de las puertas.
Reorganicé el tejado
pero continuó siendo de vidrio.
Ainda não há armários
onde eu possa guardar
minhas roupas quase iguais.
Meus sonhos,
que eram imensos,
haverão de caber dentro
das caixas de sapatos.
Na mudança,
estarei muito preocupada
em trazer meus anéis
e minhas memórias,
mesmo as que estão
quase apagadas,
e os relógios,
por onde meço
meus desapegos.
Nesta casa,
viverei minha infância.
Minha velhice será lenda.
Gosto da nova casa,
onde nem tudo
será novidade,
mesmo quando constato, aliviada,
que lá de dentro
não vejo nada.
Não há vista,
nem há os lados.
Apenas os muros
altos e fechados
e o céu zenital
jamais alcançado.
Todavía no hay armarios
donde guardar
mi ropa casi igual.
Mis sueños,
que eran inmensos,
cabrán dentro
de las cajas de zapatos.
En la mudanza,
me aseguraré
de traer mis anillos
y memorias,
incluso las que están
casi olvidadas,
y los relojes
en que mido
mis desapegos.
En esta casa
viviré mi infancia.
Mi vejez será leyenda.
Me gusta la nueva casa,
donde nada
es novedad,
sobre todo cuando constato, aliviada,
que desde el interior
no veo nada.
No hay vista
ni hay lados.
Apenas los muros
cerrados y altos
y un cielo cenital
inalcanzable.
Cantiga do amor fodido
Não me demoro
deitada em peito algum
nem espalho
em qualquer corpo
minha anca de metro
Faço amor de fingimentos
mas vivo-o a espaços
saltitando entre desgastes
com ardor
de chama ao vento
Trago do seu corpo
a memória deste tato falho
orvalho salgado, rebarbas
O amor é fodido, meu amor,
não se demora na lembrança
e nem se cansa
de parecer esparso.
Como se fosse fácil
amar sem ser gasto
Canción del amor jodido
No me demoro
tendida en ningún pecho
ni entrego
a cualquier cuerpo
mis buenas caderas.
Hago amor de fingimientos
viviendo a espacios
retozando entre desgastes
con ardor
de llama al viento
Traigo de tu cuerpo
la memoria de este tacto fracasado gusto
a rebabas de rocío salado
El amor está jodido, mi amor,
no se entretiene en el recuerdo
y no se cansa
de ser vulgarizado.
Como si fuera fácil
amar sin desgastarse.
Penélope nervosa
entre esquecer e lembrar
tomei vários copos
de água como luz
e teci mais uma noite
de sereno
noites de espera
são lentas
de fio opaco e largo
noites de espera são
vários fios da manhã
mil dias de avó
e milhões de corações
de mãe preocupada
noites de espera
fazem cânceres
Penélope nerviosa
entre olvido y recuerdo
tomé varios vasos
de agua como luz
y tejí una noche más
pacientemente
las noches de espera
son lentas
de hilo opaco y extenso
las noches de espera son
varios hilos de la mañana
mil días de vejez
y millones de corazones
de madre preocupada
las noches de espera
fermentan cánceres
A canção do limpa-vidros
eu, um peixe de aquário, gordo,
consumindo o que surge dessas águas turvas.
os passantes lá embaixo como polvos de patins,
uma menina com um buraco-negro a tira-colo e chicletes.
ao lado dos jornais de internet,
meus cactos morrem em sua compulsão por água.
os ursos polares serão extintos pelas geladeiras
na Austrália, baleias se suicidam na areia.
continuo consumindo qualquer coisa que brilhe um pouco,
eu, um peixe a apodrecer gordo nessas águas sujas.
La canción del limpiapeceras
yo, un pez de acuario, gordo,
consumiendo lo que surge de estas aguas turbias.
los transeuntes allá abajo como pulpos en patines,
una niña con un hoyo negro al hombro y chicles.
al lado de los periódicos en línea,
mis cactus mueren en su compulsión sedienta.
los osos polares se extinguen por los refrigeradores
en Australia, ballenas se suicidan en la arena.
continúo consumiendo cualquier cosa que brille un poco,
yo, un pez gordo, pudriéndose en estas aguas sucias.
O grande plugue
À nossa geração nunca nos foi permitido ver o mar
pela primeira vez.
Ele sempre esteve adentro, reluzente, o grande
igual que nós mesmos
Rogamos tanto às noites que se faça novamente o
escuro
mas quando as preces são atendidas
é só uma ilusão dos trouxas, uma ardentia nos
olhos e
o mar esbraveja aqui dentro, monstro comedor
de rocha
Já nascemos umas baleias mórbidas
pobres diabas afogadas neste papel de luz
E é tão mesquinho de pequeno o desejo
A gente só queria ver o maldito mar
por favor,
pela primeira vez.
El gran enchufe
A nuestra generación nunca se nos permitió ver el mar
por primera vez.
Él siempre estuvo adentro, reluciente, tan grande
como nosotros mismos
Rogamos tanto a las noches que se hiciera nuevamente la
oscuridad
mas las plegarias atendidas
son ilusión de tontos, un ardor en los
ojos y